Por Luciana Gurgel | Editora, MediaTalks, Londres
A diversidade é um dos maiores desafios da mídia. O jornalismo requer conhecimento e treinamento. E na maioria dos países, as oportunidades de estudo são limitadas para pessoas menos favorecidas economicamente e para as que fazem parte de minorias étnicas e raciais. Em muitos casos, até o idioma é uma barreira.
Um retrato dessa situação foi exposto pelo Instituto Reuters para Estudos do Jornalismo na Universidade de Oxford. Um estudo divulgado no último domingo, Dia Mundial contra a Discriminação Racial, examinou a diversidade racial nas principais redações de cinco países.
O documento revelou que no Brasil, onde 57% da população declara-se não branca, todos os diretores de redação dos veículos de imprensa de maior audiência são brancos. Na mesma condição aparecem duas nações cujos habitantes são majoritariamente brancos, Alemanha e Reino Unido.
Nos Estados Unidos, há diretores de redação não brancos nos veículos de maior audiência. E o percentual aumentou desde 2020. A África do Sul é o país pesquisado onde há mais negros em posições de comando, mas a taxa caiu. Também caiu nos cinco países combinados, com ajuda do Brasil para derrubá-la.
Não se pode dizer que um diretor de redação branco seja racista ou tome decisões preconceituosas por causa de sua cor. O que se debate é a importância de um olhar editorial que leve em conta a visão de mundo daqueles que enfrentaram, em algum momento da vida, situações em que sua etnia ou raça foram levadas em conta.
E isso se faz presente, ainda que de forma subliminar, nas decisões tomadas.
Não é apenas no jornalismo mainstream que as minorias raciais encontram-se em desvantagem. Nos Estados Unidos, as fake news que circulam nas redes sociais são severas com as comunidades negras e latinas.
Um dos integrantes do comitê não poderia ser mais branco: o Príncipe Harry. Mas ao casar-se com uma filha de mãe negra, diz ter compreendido o preconceito que atingiu sua mulher, Meghan Markle, vítima de atrocidades como memes associando o filho do casal a imagens de macacos.
O comitê tem três líderes. Um deles é Rashad Robinson, ativista destacado na luta contra o racismo digital. Para ele, a desinformação é uma questão de justiça racial. Em seis meses, o grupo vai apresentar um plano de ação. E deve olhar com atenção para mecanismos que minimizem mais esse efeito daninho da discriminação.
Leia mais em MediaTalks by J&Cia sobre a pesquisa do Instituto Reuters mostrando a falta de diversidade no comando das redações e sobre o Comitê do Instituto Aspen que vai formular políticas para combater a desinformação.
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