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Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto é adiada para 2021 devido ao novo Coronavírus

Ribeirão Preto/SP 1/7/2020 – A FIL é a segunda maior feira a céu aberto do país. Até agora, as 19 edições realizadas atingiram cerca de 5,9 milhões de pessoas e mais de 3 mil escritores.

A Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto oficializou em suas redes sociais e através de comunicados dirigidos a diversos segmentos da sociedade e aos setores da cultura e educação, que a 20ª edição da FIL (Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto) foi adiada neste ano de 2020, em função do avanço do novo Coronavírus (Covid-19) no interior de São Paulo e na cidade de Ribeirão Preto, bem como em outras regiões do país.  

Após ser adiada primeiramente em meados de março, a previsão era que a feira fosse realizada no período de 11 a 20 de setembro. A edição, que era para ser histórica, foi remarcada para 2021. A intenção inicial dos organizadores é manter o evento para final de maio do próximo ano, como sempre acontece anualmente, mas tudo dependerá dos desdobramentos da pandemia.

A FIL é a segunda maior feira a céu aberto do país e estava prestes a completar sua vigésima edição, reverberando o tema ’20 anos depois’, como chave para repensar seu formato, que já passou por algumas metamorfoses ao longo de sua história. “Essa evolução constante, buscando formar leitores cidadãos faz da nossa feira um evento exitoso. É uma tradição que se renova a cada ano e tem se ajustado às necessidades de cada edição e agora, ainda mais, diante deste momento histórico”, diz a curadora do evento, Adriana Silva.

Os organizadores lamentaram o adiamento da FIL em nota e entenderam que a decisão se faz necessária para preservar a saúde do público que frequenta o evento e garantir a segurança da população. “Tivemos que encarar o avanço da Covid-19 com a seriedade que a pandemia exige, afinal, significa entender que é preciso um esforço coletivo para que menos pessoas e famílias sejam atingidas”, destaca a superintendente da Fundação, Viviane Mendonça.   

Apesar de ser mais conhecida pela realização da FIL, a instituição possui uma série de programas e atividades que desenham um importante papel do seu trabalho, no fomento à leitura e na propagação das artes e cultura, em sintonia com os pilares da educação na formação do cidadão leitor.

Homenageados da 20ª FIL

Como em edições passadas, o homenageado principal da 20ª edição da FIL seria Mia Couto. O autor educação, Egdar Morin; o autor local, Carlos Roberto Ferriani; a professora homenageada (local), Elaine Assolini e o patrono Paulo Roberto Oliveira.

O grande desafio desta próxima edição, que agora fica para 2021, é ainda o fato do evento ter sido transformado em Feira Internacional do Livro e lança daqui para frente coligações com pelo menos um país por edição.  “A primeira coisa que fizemos quando tivemos a conclusão de que não tínhamos condição mesmo de realizar a Feira neste ano foi validar o convite aos nossos homenageados dessa edição para a de 2021. Seguiremos com “20 anos depois”, num outro formato de contexto que está sendo elaborado com nossa equipe, estruturada em home-office desde o início da pandemia e com muita produção”, destacou a entidade em comunicado.

Do interior para o mundo

Além de abrigar a Feira Internacional do Livro, Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, é conhecida como capital da cultura e famosa também por reunir eventos de grandes proporções como João Rock, diversas produções de cinema e de música de qualidade, além de muitos outros projetos que têm fortalecido a cena cultural. Essa identidade não se dissolve durante a pandemia, pois a cidade tem levado para internet diversas iniciativas culturais. A 40tena Cultural da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto, lançada durante o período de distanciamento e isolamento sociais, é exemplo desta performance.  

Este novo projeto traz uma intensa programação cultural da entidade circulando pelas redes sociais desde meados de março, organizada por meio de plataformas virtuais. Até aqui, a 40tena Cultural realizou mais de 35 atividades e impactou quase 13 mil pessoas, através das redes sociais da Fundação. Enquanto as atividades não podem acontecer, de forma presencial, o projeto tem levado arte, cultura, informação e entretenimento para o público da instituição.

A principal proposta da Fundação do Livro e Leitura com essa agenda cultural online é incentivar as pessoas a ficarem em casa em prol do combate ao Coronavírus (Covid-19), dando espaço e voz aos artistas e escritores de diversas localidades, através de ações de arte, cultura, educação, oferecendo reflexão e ampliando acesso e democratização do livro e da leitura.

O cardápio de eventos é bem diversificado e usa tecnologias diferentes, mas todas com acesso fácil – desde lives (vídeos ao vivo em plataformas streaming) com artistas e convidados até contações de histórias para crianças, shows, dicas e discussões de livros, além dos programas permanentes como o Núcleo de Contadores de Histórias e Clube do Livro, entre outras ações.

“Temos constatado um movimento do público muito positivo: mesmo com a ausência de atividades presenciais, estamos conseguindo levar nossa programação a pessoas de diversas localidades do país, o que avança a área de abrangência da Fundação do Livro e Leitura”, destaca a superintendente, Viviane Mendonça.

A 40tena Cultural possibilitou à toda equipe da Fundação continuar seu trabalho em home-office numa operação estruturada dentro dos protocolos da OMS (Organização Mundial de Saúde) e das autoridades brasileiras, em nível federal, estadual e municipal). Todos profissionais envolvidos seguiram seu trabalho e seu calendário, de forma integrada, sem parar nenhum dia neste período, por meio de reuniões por aplicativo Zoom e outras conexões diárias. 

Internet pode aumentar público da FIL

A conexão com o público por meio da internet pode atrair ainda mais pessoas para a FIL nos próximos anos. Até agora, em todas as 19 edições acumuladas, já foram 5,9 milhões de pessoas como público ativo e mais de 3 mil escritores envolvidos. Estima-se que, em média, 1000 empregos tenham sido gerados direta ou indiretamente em Ribeirão Preto, a cada edição, com uma média de mais de 35 estandes de livro e mais de 250 atividades gratuitas oferecidas a cada ano. “Toda agenda é voltada para a leitura, educação e cultura, e muitas vezes foi protagonizada  por grandes nomes da literatura nacional e internacional”, conclui a curadora do evento.

Ao todo, a Feira do Livro já chegou a movimentar 22 milhões, com um orçamento anual que gira em torno de R$1,7 milhões. A feira não movimenta apenas a cidade de Ribeirão Preto e sim todas as 34 cidades que compõem a sua região metropolitana, sendo que 13 delas participam ativamente da programação.

Produção compartilhada

Um evento deste porte, presente há tantos anos na vida dessas cidades, tem sido construído por muitas mãos. E depende, sempre, não só do interesse de cada pessoa que participa dele, mas do cenário sociocultural que se faz presente. A 20ª edição seria mantida em seu formato original com realização compartilhada com diversos parceiros. O SESC é a principal instituição parceira cultural. 

Segundo organizadores, a Feira do Livro vinha sendo montada seguindo um esquema ainda mais especial que pretendia manter a média de atividades gratuitas à população, com expectativa de atrair mais de 180 mil pessoas em dez dias.

Evento comemorativo

A diretoria da Fundação do Livro e Leitura e seu Núcleo de Programação já estão montando uma nova ação que acontecerá em setembro, em meio digital, estritamente para comemorar os 20 anos da Feira que, de qualquer forma, seriam celebrados na Feira Internacional do Livro presencial, mas antecipa que esta operação não será uma versão digital da FIL e sim uma ação paralela de cunho comemorativo.  

Para Adriana Silva, a FIL tal como está estruturada não cabe em projeto virtual, pois o sucesso do seu formato está no contato e na troca de experiências. “A FIL é abraço. É sorriso, é felicidade. A feira é o menino pegar o livro na mão, é o menino ver o teatro. A feira está no reencontro das pessoas ou de se conhecerem pela primeira vez. A feira é o leitor conversar, dialogar e trocar uma ideia com o autor. Ainda que isso tudo seja possível, o formato digital não oferece essa intensidade, não com essa profundidade”, expressa. Com essa análise e numa ação conjunta, os organizadores decidiram não realizar uma feira num novo modelo digital. O argumento definitivo para essa decisão é que em sua totalidade haveria uma perda muito grande pelo próprio processo de realização.

Ignácio de Loyola Brandão foi destaque na 40tena cultural

Na última sexta-feira (26), às 19h, o encontro marcado pelas redes sociais dentro da programação da 40tena cultural da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto foi com o escritor Ignácio de Loyola Brandão. Ele é sempre um dos nomes mais esperados da FIL (Feira Internacional do Livro) e falou sobre o tema “Leitura para além do enredo: literatura para decifrar o mundo”. 

Loyola já esteve oito vezes na Feira do Livro e é um dos escritores que mais incentiva o evento literário. No ano passado, ele esteve em Ribeirão Preto, foi o escritor homenageado pela Feira do Livro e o protagonista do projeto Recortando Palavras, se encontrando com mais de 1 mil de estudantes e o público em geral, nas atividades realizadas. “Eu considero essa live uma parte da 20ª Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto, que foi adiada, postergada como dizem os intelectuais, por motivos que não são nossos”, disse. Durante o bate-papo mediado pela pedagoga Laura Abbad, Loyola declarou que a sua relação com a feira e com Ribeirão é muito estreita. “É uma relação de amor, de paixão e de entrega”.

O autor que, iniciou o bate-papo lendo frases emblemáticas de Clarice Lispector, refletiu sobre o estranhamento de que as pessoas têm consigo mesmas durante a vida. Ele destacou a frase da autora “amar os outros como única salvação individual” que para ele se ajusta tão bem ao momento atual. Também contou como tem sido a rotina durante a pandemia dentro de sua casa ao lado de sua esposa. Segundo ele, apesar de se sentir preso, tem tido a mesma disciplina que sempre tem ao escrever, o que lhe ajuda a enfrentar os dias. Atualmente, ele está conseguindo redigir sua coluna quinzenal e outras crônicas e chegou até a produzir, já na quarentena, uma biografia encomendada sobre um psicoterapeuta de 83 anos e de referência em São Paulo.

Loyola também dividiu com os internautas que, mesmo neste contexto de pandemia, classificada por ele como ‘pandemoníaca’ no Brasil, tem projetos para seguir trabalhando. O primeiro pode ser um livro que já tem até título provisório: “Lentamente o caracol sobe o muro”. “Tenho a ideia de falar destes tempos de pandemia. Poderá ser um romance ou noveleta, que se passará num país vazio, porque as pessoas se acostumaram tanto a ficar dentro de casa, que não quiseram mais sair. São projetos”, anunciou.

Sobre o distanciamento social, ele disse que combate o momento difícil se agarrando ao seu trabalho e expressou que não entende porque as pessoas ficam tão desesperadas. “As pessoas fazem drama, não precisa de drogas para não ficar neurótico.  É melhor enfrentar e viver ou morrer. É uma decisão, pois o coronavírus é uma roleta chinesa e ele mata”, avaliou.  Para o autor, nesta quarentena é preciso fazer uma escolha individual que trafega entre a vida ou a morte. “Neste momento, a gente tem que saber se quer continuar vivo [ o brasileiro, a humanidade ] ou então se entregar. Eu não quero me entregar. A vida é a única coisa boa que eu tenho. A única coisa importante que nós temos. Viva a vida e não saia de casa”, finalizou.

Como acessar a agenda cultural

A 40tena Cultural está sendo divulgada semanalmente nas redes sociais da Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto. Para participar, basta acessar os endereços online da instituição.

Instagram (@fundacaolivrorp)
Facebook (facebook.com/FundacaodoLivroeLeituraRP)
LinkedIn (fundacaolivrorp),
Twitter (@FundacaoLivroRP)
YouTube (FeiraDoLivroRibeirao)
Site www.fundacaodolivroeleiturarp.com

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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