Fim de 2006. Estruturando-se para iniciar os trabalhos como canal de televisão oferecido em antenas parabólicas, o que viria a ocorrer no início do ano seguinte, a equipe do Esporte Interativo promoveu testes para encontrar talentos da crônica esportiva. Ao acompanhar um colega para o teste de narrador, um advogado chamou a atenção pelo estilo como comentarista. Três reuniões depois e pronto… contratado! Assim, meio que por acaso, Felipe Rolim teve a sua primeira experiência na TV.
Formado em Direito, ele, que trabalhava como advogado, já tinha experiência na crônica esportiva. Desde 2004, atuava como comentarista da rádio Transamérica do Rio de Janeiro. Antes, só havia comentado de “forma amadora” o Fluminense na Série C do Brasileirão de 1999. No Esporte Interativo, a possibilidade de analisar jogos de campeonatos europeus de futebol fez com que aceitasse a proposta. 13 anos depois de entrar na TV por acaso, Felipe Rolim se destaca no meio, com diversas missões ativas enquanto comentarista.
Mesmo ainda colaborando com a Turner (controladora do Esporte Interativo), ele segue com outras atividades no âmbito da crônica esportiva. Além de ter sido contratado pelo DAZN há duas semanas, o advogado vem comentando jogos do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e participa de transmissões da Youth Legue, competição acompanhada pelo serviço de streaming LiveFC. E os trabalhos não param por aí. Isso porque Felipe Rolim também é diretor da Associação dos Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro (Acerj).
Sobre o início da carreira, a contratação pelo DAZN e os outros trabalhos que exerce na crônica esportiva brasileira, Felipe Rolim conversa de forma exclusiva com a reportagem do Portal Comunique-se.
Você entrou para a crônica esportiva da TV por meio de um teste para o Esporte Interativo, mas o teste era para um colega seu ser analisado enquanto narrador. Como foi o bastidor dessa história? O que te fez aceitar a proposta? E o seu amigo? Ele desistiu da carreira de narrador?
Comecei na Rádio Transamérica, já como comentarista, no returno do Brasileirão de 2004. Só havia comentado anteriormente, de forma amadora, em 1999, cobrindo o Fluminense na Série C. No final de 2006, o Esporte Interativo estava fazendo testes com locutores de rádio para o canal no Rio de Janeiro. O Marcelo Barros, que trabalhou comigo em um escritório de advocacia e foi quem me levou para a Transamérica, foi chamado para o teste e me levou como seu comentarista. O teste consistia em narrar um Arsenal X Chelsea que havia acontecido na semana anterior.
Alguns dias depois do teste, o Diego Vieira (na época era estagiário do Esporte Interativo e hoje tem função executiva na Turner) me ligou e disse que haviam gostado da minha participação e que, mesmo o teste não tendo sido para comentarista, que gostariam de me entrevistar. O papo foi com o Vitor Sérgio Rodrigues, com um dos diretores do canal e com o André Henning (este, via webcam). Trabalhar em televisão e poder comentar campeonatos europeus me fez aceitar a proposta. Marcelo Barros também participou dos primeiros dias do EI e continua sua carreira de narrador.
Graduado em Direito e com trabalhos como advogado. Em quais pontos a formação acadêmica fora do âmbito da comunicação social o ajuda no meio da crônica esportiva?
Nem sei se ajuda ou atrapalha. Não vim dos bancos de comunicação social e não sou boleiro. Fiz Direito e joguei vôlei (risos). Mas desde sempre consumi muito futebol. E não paro de fazer cursos e de me atualizar na teoria e na prática. Graduei-me em gestão de departamento técnico na Universidade do Futebol, sou analista de desempenho pela THE360 e, desde o início do ano, treino no Centro de Treinamento de Alto Rendimento (CETRAF), dirigido pelo Jairo Porto, ex-preparador físico da Seleção Feminina de Futebol. Vivencio – ralando junto – a preparação física de jovens que pretendem fazer testes em clubes e jogadores que complementam seu preparo. Eu ganho experiência nas conversas e sinto na pele a parte física do atleta. Essa atualização constante, sim, me ajuda no meio da imprensa esportiva.
No DAZN, você chega com a missão de comentar jogos da Taça Libertadores da América de Futebol Feminino. Você, que já comenta o Brasileirão feminino pelas transmissões da CBF, acredita que a modalidade se consolidará junto ao público e aos players?
Acredito na ampliação de um público cativo que já existe. A obrigação dos times masculinos de ter ou suportar um convênio com um time feminino aumenta, de uma só tacada, a visibilidade, competitividade, rivalidade e, o mais importante, aumenta a necessidade de jogadoras atuantes e de postos de trabalho para comissões técnicas e profissionais de imprensa.
Com esses fatores, o natural é que aumente o nível do jogo praticado e que mais espaços sejam conquistados. Este ano, o Twitter passou jogos em todas as rodadas do Brasileirão Feminino e a plataforma Mycujoo disponibilizou o vídeo de praticamente todos os jogos de Séries A e B, além da TV Band, que mostrou jogos das duas séries. Muito mais espectadores consumiram o produto, embalados pela Copa do Mundo Feminina e, agora, pela Libertadores Feminina, que está sendo transmitida com exclusividade no DAZN. Os jogos têm narração da minha colega Natália Lara, primeira narradora mulher da plataforma, e eu comento.
Além do DAZN, você segue como contratado do Esporte Interativo e integra o time do LiveFC, serviço que, entre outras competições, transmite a Youth Legue (versão sub-19 da Liga dos Campeões da Europa). Ao seu ver, qual a importância do futebol de base e outros jogos “alternativos”, como amistosos de seleções, terem espaço na mídia?
Sim, sou convocado de forma pontual para comentar jogos no canal Space desde o fim da operação do Esporte Interativo como um canal de TV. De agosto de 2018 para cá, comentei amistosos, qualificatório da Eurocopa 2020 e jogos da Champions League. A Youth League foi um presente que eu trato com muito carinho. Ali, estão os jogadores que daqui a 4 ou 5 anos valerão cifras milionárias.
É importante que se transmitam campeonatos além dos chamados premium. Futebol é jogo, mas também é história e cultura. Na própria Libertadores Feminina há uma jogadora venezuelana que solicitou refúgio ao Brasil e jogou a Série A2. Isso é história! E eu sou suspeitíssimo para falar sobre esse assunto. Já comentei campeonato indiano, Eliminatórias da Concacaf, Série B Carioca, Copa Verde, Mundial Sub-17 e Brasileiro Série D, entre outros. Tudo com a mesma dedicação de uma Champions League ou de uma Final de Europa League. Respeito máximo com quem está do outro lado.
Além de comentarista esportivo, você colabora com a The360 (que organiza a Conafut e realiza cursos ligados ao futebol) e faz parte da diretoria da Associação dos Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro (Acerj). Como é ajudar na formação de profissionais e quais as atividades para auxiliar quem atua na imprensa esportiva fluminense?
A Escola The360 tem um grande portfólio de cursos e eventos. Já colaborei mediando painel no Conafut e, também, como professor em curso específico sobre tática. É muito bacana entrar em uma sala de aula e ver que a cada dia mais cresce o interesse pelo jogo em todos os seus aspectos. Minha missão ali é jogar mais lenha na fogueira. Fazer a turma sair ainda mais interessada em estudar. É disso que eu gosto. E tem de tudo nas turmas: ex-jogadores(as), jornalistas, profissionais de educação física e até advogados.
Na Acerj, estou como diretor no triênio que se encerra em 2020. Fora a rotina mais vista de uma associação de classe que é organizar, credenciar e fiscalizar, a diretoria, sob o comando do Eraldo Leite, tem se empenhado em promover cursos de extensão, manter uma biblioteca com raridades no catálogo e estender aos jornalistas que trabalham em novas mídias (YouTube, web rádios, podcasts etc.) o acesso às posições de imprensa antes restritas à mídia convencional.
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