Após passar a fase de guri, com aquele sonho de ser jogador de futebol, o jornalismo chegou na vida de Amauri Knevitz Jr. e se tornou a opção mais interessante naquele momento. O jornalista diz que sempre teve mais aptidão com as letras do que com os números e, assim, optou pelo curso de comunicação que mais lhe chamou a atenção. Amante da leitura e sempre curioso, se encantava facilmente com os inúmeros repórteres que apareciam na televisão falando dos lugares mais diversos do mundo. Por isso, quando era criança ganhou um mapa-múndi, onde é possível identificar as capitais de cada país. “Decorei todas as capitais, população, moeda e, assim, aprendi a ler. Se não fosse caso de internação psicológica, era faculdade de jornalismo mesmo”.
Chegou a época de prestar vestibular. E, na família de Amauri, a informação mais relevante era de que a Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS era uma das melhores do país na área da comunicação. Entretanto, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) era uma interessante opção, principalmente pelo fato de ser uma universidade gratuita. No fim, optou pela PUCRS. “Ao sair da escola, prestei vestibular para as duas, passei só na PUCRS e minha mãe não se decepcionou – ela queria que eu fosse para a Famecos mesmo”, explica.
Knevitz entrou na Famecos ainda muito jovem, com apenas 16 anos de idade, no primeiro semestre de 2002. Ainda assim, logo conseguiu identificar as peculiaridades famequianas. Segundo o jornalista, o prédio 7 sempre contou com um clima fantástico. Uma mistura de trabalho com professores inspiradores e uma pequena dose de zoeira com colegas, como Lucas Uebel, marcaram a sua trajetória dentro e fora da Universidade. “Fomos parceiros desde o trote até a colação de grau. Uebel – hoje fotógrafo do Grêmio – permaneceu meu colega durante todo o curso, desde o primeiro dia, inclusive atrasamos um semestre e nos formamos juntos”, conta.
Na vida acadêmica, nem tudo foi um mar de rosas. No entanto, o jornalista afirma que teve um número considerável de professores e disciplinas incríveis, das quais considera a de Redação Jornalística, com o professor Marques Leonam, uma das melhores que vivenciou. “Além do humor sensacional, ele tinha um jeito incrível de avacalhar completamente o texto da gente, mas realmente ensinando como melhorar. Aquilo era demais”, enfatiza.
Um mês antes de se formar, foi efetivado como redator/repórter da plataforma clicRBS. Durante cinco anos, o comunicador ficou na empresa participando de vários projetos de jornalismo on-line: clicNotícias, zerohora.com e também o clicEsportes. Com o lançamento da zerohora.com – hoje GaúchaZH –, em setembro de 2007, Knevitz passou a trabalhar com esportes pela primeira vez. Antes disso, preferia apenas assistir e torcer. Já em agosto de 2010, ele foi convidado por Márcio Gomes, um dos editores da RBS, para fazer parte do novo projeto on-line do Correio do Povo como editor. No Correio do Povo, ficou como editor do site de 2010 a 2013. Não bastasse isso, um ano depois, pouco antes da Copa e de volta à Porto Alegre, após uma viagem à Europa, foi convidado pela editoria de Esportes do Correio do Povo para retornar à casa da Caldas Júnior, em nova função, e esta lá até hoje como editor da página de esportes.
Os aprendizados da faculdade são sempre utilizados, especialmente aqueles como os do professor Leonam: escrever é cortar palavras. “Lembro dele contando que um aluno escreveu em um texto ‘lar, doce residência’, tamanho era o pavor de repetir palavras que ele colocava em nós. Isso me ajuda até hoje”, enfatiza. O Área de Saque, blog onde escrevia sobre tenistas e onde criou um guia de quadras públicas na capital, foi o projeto próprio em que mais gostou de trabalhar.
Segundo ele, a cobertura da Copa do Mundo em Porto Alegre, a preparação para os Jogos Olímpicos e algumas histórias de pessoas especiais tornaram o seu caminho como jornalista ainda mais especial. Entre as trajetórias que mais lhe marcaram, estão a da amazona Débora Saut, que sofre de microcefalia e conseguiu disputar o The Best Jump, campeonato de hipismo porto-alegrense, e do professor de boxe de Osório, chamado Anildo Pereira, que tira dinheiro do bolso para ensinar jovens carentes na academia dele. “Uma das coisas mais gratificantes é quando consigo dar visibilidade a pessoas que, de outra forma, talvez nunca tivessem sua capacidade reconhecida”, explica.
A Famecos, além de ser uma faculdade de comunicação, representa o início de tudo para muitos estudantes. Não foi diferente para Knevitz. Um estudante de 16 anos, que recém havia se formado no ensino médio, acabou acertando na sua escolha. A Universidade foi o encontro com o mundo da comunicação e suas milhões de possibilidades. Até a chegada da formatura, a faculdade passa a ser como uma segunda casa e sair desse “ninho” pode deixar saudades. Para o editor, o convívio diário com colegas e também com os professores inspiradores é o que mais lhe faz falta durante os dias de hoje. “Um lugar onde aprendi demais e, em grande parte, fora da sala de aula. Pessoalmente tenho muito carinho e lembranças maravilhosas – com exceção das aulas de filosofia no sábado de manhã”, brinca.
Para os estudantes, o jornalista destaca que aproveitar tudo que a experiência na Universidade pode trazer é um dos conselhos mais importantes, porque o tempo acaba passando rápido e, às vezes, não é aproveitado como deveria. “Façam isso sem esquecer de tentar colocar um pé no mercado de trabalho ainda durante o curso. Está cada vez mais difícil aqui fora, mas mantemos a esperança”.
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