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Filme que brilhou no Oscar levanta discussão sobre obesidade

A comovente história de Charlie, um professor que pesa mais de 270 quilos e tenta se reaproximar da filha, com quem não convive há anos, está no centro do enredo de “A Baleia”, filme escrito e dirigido por Darren Aronofsky e estrelado pelo veterano Brendan Fraser. O longa, que rendeu o Oscar de melhor ator para seu protagonista, foi aclamado por muitos críticos, mas também gerou polêmica. Afinal, como abordar um assunto tão delicado quanto a obesidade?

A melhor maneira, de acordo com especialistas, é encarar o tema com objetividade e sem preconceitos, ouvindo o que a ciência tem a dizer sobre o assunto. As dúvidas, no entanto, são muitas — e informações incorretas não param de circular. Para esclarecer vários desses pontos controversos, médicos e outros profissionais da saúde contam, a seguir, como suas especialidades têm entendido e tratado a obesidade. 

Obesidade e genética: o que se sabe sobre o assunto?

De acordo com o geneticista Dr. Caio Bruzaca, a obesidade é um problema multifatorial, que na maioria dos casos está relacionado principalmente ao estilo de vida. “Tem um pouco de  genética envolvida, mas muito de meio ambiente, comportamento e condição socioeconômica”, afirma. No entanto, ele explica que, em algumas situações, o DNA pode ter uma influência maior sobre o ganho de peso, em especial quando há a presença de alguma síndrome genética. Além disso, existem casos de obesidade não sindrômica que estão relacionadas a um gene específico, como o gene MC4R, associado ao aparecimento da compulsão alimentar. 

Distúrbios da mente podem levar ao ganho de peso

A psicanalista Drª. Denise Santos explica que o ato de comer está intimamente ligado a sensações prazerosas, desde as primeiras fases do desenvolvimento infantil até a fase adulta. No entanto, essa relação pode se tornar problemática quando a busca por esse prazer se torna excessiva. “O que é excesso se torna desprazer”, afirma. É nesse contexto que pode surgir a compulsão alimentar, que leva algumas pessoas a negligenciar a vida e as relações interpessoais. Como em uma dependência química, a pessoa em compulsão direciona sua energia para o comportamento que lhe traz conforto: no caso, comer em excesso. Essa atitude, de acordo com a Drª. Denise, pode ser até mortal quando a pessoa nega a necessidade de ajuda e se isola do mundo externo.

Doenças crônicas também estão relacionadas à obesidade

Problemas crônicos como hipertensão arterial, diabetes tipo 2, colesterol alto e esteatose hepática (gordura no fígado) têm relação direta com o excesso de peso, como explica o cardiologista Dr. Leandro Franco. “O excesso de peso é uma sobrecarga. Todo o trabalho do organismo fica prejudicado, pois os órgãos precisam dar conta de um serviço muito maior”, diz ele. Nesse contexto, hormônios também podem ficar desregulados, eventualmente causando ainda mais problemas. De acordo com o Dr. Leandro, o emagrecimento é suficiente para solucionar vários desses transtornos. No entanto, a perda de peso precisa ser gradual, com prática de exercícios e dieta balanceada, já que um emagrecimento muito rápido pode não se sustentar a longo prazo. 

Estratégias de emagrecimento: quais são as alternativas eficazes? 

O nutrólogo Dr. Ícaro Pereira explica que o emagrecimento pode ser visto como uma “equação matemática com diversas variáveis”, sendo necessário gastar mais calorias do que se consome para obter os resultados desejados. Isso inclui um equilíbrio entre dieta e atividade física. “A pessoa que quer emagrecer parando de comer ou exagerando no exercício físico dificilmente consegue”, destaca o especialista. Além disso, fatores como estresse, qualidade do sono, alterações hormonais, carências nutricionais e intensidade do exercício também afetam o processo. Em alguns casos, o tratamento clínico pode ser necessário. Segundo o Dr. Ícaro, já existem várias medicações que ajudam a emagrecer, mas cada paciente deve procurar orientação médica para receber um plano terapêutico individualizado. 

Comer com consciência: como adequar o cardápio?

Um dos pilares do emagrecimento, como relembra a nutricionista Drª. Viviane Mello, é  consumir menos calorias do que se gasta com as atividades diárias e exercícios físicos. Na hora de montar um prato, também é importante garantir uma boa dose de vitaminas e minerais. “Devemos comer pelo menos três frutas diariamente, além de legumes e verduras no almoço e no jantar para manter o equilíbrio adequado de fibras, que ajudam na saciedade”, destaca. A especialista pontua, ainda, que a ingestão de água é extremamente importante para equilibrar a ansiedade e reduzir a fome, contribuindo para um emagrecimento saudável. 

Saindo do sedentarismo: qual é o segredo para conquistar um bom condicionamento físico?

O médico do esporte Dr. Lucas Caseri explica que ter um bom condicionamento físico significa ter desenvolvido algumas aptidões físicas como força muscular, flexibilidade e boa capacidade cardiorrespiratória. O especialista diz que, para melhorar esses aspectos, é recomendado desenvolver uma atividade aeróbia de 3 a 4 vezes por semana, uma atividade de força de 2 a 3 vezes por semana e uma atividade que trabalhe a amplitude de movimento e flexibilidade de 2 a 3 vezes por semana. O Dr. Lucas lembra, ainda, que a estética pode ser um objetivo dos treinamentos, mas o foco principal deve ser a saúde. “Um corpo muito bem condicionado não necessariamente é musculoso e definido”, destaca. 

Obesidade infantil: quais são os prejuízos para os pequenos?

Em crianças, a obesidade também pode favorecer o aparecimento de doenças como diabetes e hipertensão precocemente. A pediatra Drª. Paula Sellan conta que o problema também pode trazer prejuízos na socialização, já que crianças obesas muitas vezes têm dificuldades em praticar atividade física e sofrem bullying na escola. A médica enfatiza que o ambiente em que as crianças vivem, inclusive durante a gestação, é o fator principal associado ao sobrepeso infantil. “Se os pais se alimentam de fast food e são sedentários, a criança vai ser exatamente dessa forma. Porém, o contrário também é verdadeiro. Caso os pais façam atividade física com frequência e se alimentam adequadamente, a criança também será muito mais saudável”, afirma.

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