Só existiu uma loja em Osasco, cidade onde morei por mais de 35 anos, à altura das que eu frequentava em São Paulo quando estava à procura de alguma coisa de rock alternativo: a Pulsar. Para quem ia para a capital, a loja ficava antes da ponte na avenida dos Autonomistas que corta o córrego Bussocaba. Foi nesta loja, cujo endereço consegui colocar na rota de distribuidores do “Contracorrente”, jornal punk de Brusque, em Santa Catarina, de que eu era colaborador, que comprei “Lonely Is an Eyesore”, coletânea que a gravadora independente inglesa 4AD lançou em 1987, quando completou sete anos de existência.
A compilação, cujo título saiu de “Fish”, do Throwing Muses, primeira banda estadunidense contratada pela 4AD, reunia tanto nomes que eu já conhecia, como Cocteau Twins, Dead Can Dance e This Mortal Coil, projeto este de Ivo Watts-Russell, um dos fundadores do cultuado selo indie inglês, quanto nomes dos quais até então nunca havia ouvido falar, como Colourbox, Clan of Xymox, The Wolfgang Press, Throwing Muses e Dif Juz, uns mostrando sons suaves, sombrios, tribais; outros, alegres, dançantes
Só assistindo a novidades como aquela quando ia a alguma sessão de vídeo nas lojinhas de discos importados que havia no centro (de São Paulo), onde o máximo que eu podia comprar eram umas gravações caseiras feitas em fitinhas cassete, fiquei maravilhado quando um programa que passava toda noite na TV Gazeta exibiu o clipe de “Hot Doggie” (Colourbox), “Acid, Bitter & Sad” (This Mortal Coil), “Cut the Tree”(The Wolfgang Press), “Fish” (Throwing Muses), “Frontier” (Dead Can Dance), “Crushed” (Cocteau Twins), “No Motion” (Dif Juz), “Muscoviet Mosquito” (Clan of Xymox) e “The Protagonist” (Dead Can Dance), sem imaginar que um dia iria conhecer o responsável pela chegada da coletânea ao Brasil, o inglês Lawrence Brennan (foto), dono da Stiletto, selo que, em acordo com a Gravadora Eldorado, lançou o trabalho de algumas das bandas de rock alternativo mais curtidas na segunda metade dos anos 80, como Nick Cave, Bauhaus, Joy Division, Durutti Column, Fall, Felt e A Certain Ratio.
Em um telefonema para a redação da revista “Bizz”, acabei descobrindo que o Thomas (Pappon) com o qual eu falava fazia parte não só do Fellini, um dos grupos que eu e minha turma mais curtíamos, mas também do “staff” da Stiletto, gravadora cujo dono viria a morrer, de câncer, em 1997.
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Por Edson de Oliveira. Revisor há mais de 20 anos, corrigindo principalmente legendas de vídeo, transcrição de áudio, textos jornalísticos e acadêmicos, é editor dos blogues “EFMérides” e “Blogue da Revisão”.
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