Niterói, RJ 25/5/2020 –
Este ano, o mês da enfermagem é histórico. O evento anual, que visa homenagear os profissionais da enfermagem e reconhecer seu trabalho árduo teve suas celebrações tradicionais interceptadas pela pandemia do novo coronavírus. No entanto, apesar da ausência dos festejos habituais, a importância do papel da enfermagem na sociedade está mais evidente do que nunca.
Erica Paiva, enfermeira do Complexo Hospitalar de Niterói, explica por que a data é emblemática: “Neste ano, comemoramos os 200 anos de nascimento de Florence Nightingale, que ficou conhecida como ‘a mãe da enfermagem’. Por causa da pandemia da Covid-19, é a primeira vez, em meus 18 anos de casa, que não podemos confraternizar no hospital. No entanto, a dedicação total dos colegas e o valor simbólico da semana, neste momento, nos dão ainda mais força e coragem para enfrentarmos juntos o cenário atual. É como uma catarse.”.
O comprometimento da enfermeira com a profissão trouxe reações inesperadas. Erica foi diagnosticada com o novo coronavírus no dia 20 de abril. “Circulo muito pelo hospital. Sou bem engajada e não consigo só observar as coisas acontecerem; quero estar na linha de frente sempre. Por isso, infelizmente, acabei me infectando.”
A enfermeira conta que a descoberta do diagnóstico foi preocupante para a família, mas mostrou seu lado mais forte. “Todos ficaram apreensivos. Minha mãe ficou muito angustiada por estar no grupo de risco. O isolamento foi muito difícil para mim. Mas percebi que era minha missão e que passaria bem por isso. Precisava fazer meu melhor para não colocar pessoas amadas em risco”, comenta.
Por viver com o marido e a filha de 6 anos, Erica ressalta que a parte mais dura foi se afastar da família. “Assim que tive os primeiros sintomas, antes mesmo de fazer o teste, pedi que minha mãe ficasse temporariamente com minha filha. Dentro de casa, ficava mais tempo isolada e utilizava máscara quando precisava sair do quarto. Separamos nossos objetos de uso pessoal e reforçamos a higienização e o arejamento da casa”, explica.
Apesar das medidas cautelosas, o marido de Erica acabou sendo infectado pouco tempo depois: “No caso dele, foi um pouco mais grave. Como tive sintomas brandos, não precisei recorrer ao hospital. Ele, por outro lado, apresentou falta de ar e precisou passar dois dias no CTI. Hoje já está recuperado e fazendo fisioterapia respiratória.”.
Mesmo diante das dificuldades, a enfermeira comenta que os 14 dias de afastamento a motivaram para voltar à atividade com força total. “Já retornei à ação. Está no meu sangue. O cansaço é grande, mas ver a situação dos nossos colegas da enfermagem nos motiva muito e nos faz perceber que precisamos estar no lugar deles. Sempre fui muito empática, mas a pandemia trouxe uma nova perspectiva de empatia e solidariedade. Se eles não podem, eu preciso poder por eles”, comenta Erica.
“Esta Semana da Enfermagem deixou clara a importância do papel do enfermeiro e do técnico em enfermagem. O trabalho em conjunto com o médico é essencial – a enfermagem executa todas as suas orientações durante 24 horas. Prestamos cuidado à saúde, alimentamos os internos, damos banho, acolhemos, damos afeto, fazemos curativos. Somos profissionais fundamentais para que o paciente saia do CTI de volta para suas famílias”, finaliza Erica.
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