Com mais de 5,9 milhões de seguidores no Facebook, a Folha de S. Paulo anuncia: não irá mais utilizar a rede social. Entenda o que levou o veículo a tomar essa decisão
“Folha deixa de publicar conteúdo no Facebook”. Com essa chamada, o veículo de comunicação paulistano usou a própria plataforma para divulgar que está abandonando a rede social. A decisão de ignorar o espaço foi tornada pública na manhã desta quinta-feira, 8. A nova estratégia foi criticada por leitores e jornalistas e, ironicamente, a postagem sobre o assunto apresentou engajamento maior do que as últimas interações na fan page mantida pelo título. Em seu site, o jornal explica que a principal razão é a alteração no algoritmo no ambiente controlado por Mark Zuckerberg.
Culpa do algoritmo
Em nota com tom de editorial, a marca do Grupo Folha, que mantém o UOL (veículo que segue no Facebook), não poupa críticas ao modelo adotado pela rede social nos últimos tempos. O texto, que não é assinado por nenhum jornalista, começa falando do que seriam as “desvantagens em utilizar” a plataforma como estratégia para ter o conteúdo devidamente entregue aos leitores. O veículo deixa claro que se sente prejudicado com o fato de o ambiente “diminuir a visibilidade do jornalismo profissional”. No mês passado, o Facebook informou que priorizaria ainda mais os materiais divulgados diretamente por perfis, não pelas páginas – inclusive as mantidas por veículos da mídia tradicional.
Preocupação com fake news?
De saída do Facebook, a Folha aproveitou o comunicado para abordar a questão que afeta a imprensa e o público em geral, as fake news. O veículo reforça que a proliferação das chamadas notícias falsas tem aumentado dentro da plataforma. “Reforça a tendência do usuário a consumir cada vez mais conteúdo com o qual tem afinidade, favorecendo a criação de bolhas de opiniões e convicções”. Demonstrando preocupação agora, fevereiro de 2018, com a disseminação de fake news, a Folha de S. Paulo não explica como deixar de veicular conteúdo informativo na plataforma ajudará nessa questão.
Engajamento já vinha caindo
Apesar das críticas as mudanças de regras impostas pelo Facebook e da divulgação de fake news por meio da plataforma, o fato é que o engajamento da Folha já vinha caindo. O próprio jornal aborda parte disso em seu comunicado. A marca, porém, fala apenas da diminuição de interações obtidas pelas “10 maiores páginas de jornais brasileiros no Facebook”. O veículo não cita quais os títulos que compõem a lista e nem detalha os níveis dessas quedas. Por enquanto, independentemente de constar no ranking mencionado, nenhum outro player nacional demonstrou interesse em romper relações com a maior rede social em usuários no país.
Na fan page da Folha, que seguirá no ar (mas sem ser atualizada), qualquer leitor pode analisar o engajamento de cada postagem. O link para reportagem sobre queda de viaduto divulgada na tarde de segunda-feira, 7, registra até agora 145 reações, 22 compartilhamentos e 25 comentários. Ou seja, um máximo de 192 pessoas interagiram com o conteúdo – o que representa míseros 0,003 dos 5.949.744 seguidores da página. A título meramente comparativo, o link para matéria sobre reabertura de um viaduto em São Paulo, em janeiro de 2017, contou com mais de 9 mil reações, 737 compartilhamentos e 588 comentários.
Jornalistas criticam decisão
Pelo próprio Facebook, jornalistas criticaram a decisão do jornal. Confira algumas postagens sobre o assunto:
https://www.facebook.com/palmerio.doria/posts/10211665537379949
https://www.facebook.com/pedro.zambardadearaujo/posts/10215972810256302
https://www.facebook.com/pedro.zambardadearaujo/posts/10215971284018147