Saibam diferenciar a escolha da Folha de S. Paulo de parar de divulgar seu conteúdo no Facebook com a questão de disponibilizar ou não seu conteúdo online.
Parece-me bem mais uma represália ao fato da rede social passar a priorizar conteúdo de perfis e não de páginas para exibição no feed dos usuários.
Apesar de não concordar, entendo a escolha. O que a Folha ganha em estar no Facebook, se nem ajudar a divulgar seu conteúdo a rede social vai mais como antes?
Só que a partir deste tema, a discussão virou e passou a ser de muitos comentários sobre como os impressos erraram em escolher publicar seu conteúdo na internet e como deveriam ter ficado presos ao papel.
Com jornais caros e pouca distribuição de internet no Brasil, há de se lembrar como o acesso à informação era mais difícil e ler notícias era algo incomum para a maioria da população, que tinha como opção apenas assisti-la no principal telejornal do país.
O grande número de fake news e de pessoas que nelas acreditam só escancara como o nosso problema está bem mais embaixo, na falta poder que temos de entender e contextualizar o que nos é trazido pelos veículos de comunicação.
É bloqueando o acesso à informação que vamos corrigir este problema? Não acho.
Não concordo com o tipo de estudo feito pela Folha para justificar sua escolha. Houve mesmo uma grande diminuição do tráfego gerado pelo Facebook no último ano. Mas não são as interações em conteúdos considerados pela Folha como fake que mostram que estes produtos estão ou não sendo mais distribuídos. Os seguidores das páginas usadas como exemplo pela Folha, como aquelas que defendem a Operação Lava-Jato etc., são totalmente engajados nestas causas e tendem a curtir, comentar e compartilhar mais, o que faz que o alcance destes posts seja maior. É o agenda setting na sua mais pura forma. Mas isso não significa que o Facebook influencie nesta distribuição. Concordo, porém, que ainda é falho o sistema de se categorizar o que é confiável do que é falso na rede social de Mark Zuckerberg.
Entendo que o Facebook quer personalizar ainda mais a experiência do usuário: vídeos para quem procura vídeos, conteúdo dos amigos para quem procura, e notícias também. Mas acho que as últimas mudanças foram realmente repentinas e muito incisivas, atrapalhando estratégias de veículos que tinham na plataforma uma dos principais divulgadores de conteúdo.
A escolha feita pela Folha de S. Paulo é um marco e as interpretações que estão sendo feitas sobre ela só mostram como, realmente, não se sabe contextualizar e pensa-se no passado no Brasil.
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Por Felipe Virgili. Editor-chefe do portal e de mídias sociais da Rede TV. Artigo originalmente publicada na página do jornalista no Medium.
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