Com 807 transações, fusões e aquisições registraram recorde no Brasil no primeiro semestre de 2022, de acordo com a PwC Brasil, que divulgou esses números por meio do Valor Econômico. A empresa de consultoria revela que a tendência é esse cenário se repetir no decorrer deste ano, já que no mesmo período de 2021 foram 706 negócios fechados, em um ano em que houve recorde de 1.659 operações.
Mesmo com o momento de alta das operações de M&A – sigla para Mergers and Acquisitions, que significa Fusões e Aquisições (F&A) em português -, é comum que muitos empreendedores possuam a crença de que o processo de M&A seja realidade somente para as empresas que faturam milhões de reais ou que esse tipo de transação funciona apenas para as grandes companhias que buscam comprar organizações menores.
Mas para Gabriel Scavone Barreirinhas, CFO do Grupo Toro, a realidade é que o movimento de fusão ou aquisição deve fazer parte do dia a dia do empresário como uma forma de estratégia para a melhoria do fluxo operacional. Isso porque, segundo o CFO, M&A, em grande parte, vem relacionada com as estratégias de mercado, o ganho de eficiência e recursos, oportunidades de comprar uma empresa a um valor inferior e a necessidade de obter sinergia. Além disso, pequenas e médias empresas podem utilizar o M&A como forma de recurso para alavancar o seu negócio, iniciando uma nova consolidação de mercados e atraindo novidades que possam fazer a diferença no futuro.
Scavone destaca que quando o M&A acontece, é o auge do negócio. “Ter alguém interessado e com capacidade de adquirir a empresa, é a resposta que a organização deu certo. Realizar a venda não é sinônimo de fracasso, é ter prosperado e se destacado no meio empresarial”, enfatiza.
Ainda em ambiente nacional, Rynã Folchini, CEO do Grupo Toro, alega que o mercado de M&A por enquanto é pequeno, se comparado com grandes economias. “Por outro lado, as empresas nacionais estão começando a entender cada vez mais esse processo e a buscar por essa solução. O mercado está cada vez mais competitivo, e procurar no M&A uma oportunidade de crescimento está sendo um diferencial dentro dele”, ressalta. Não à toa no Brasil, “apesar de estar vivendo alguma instabilidade política e econômica, há algum tempo os números de M&A não param de crescer”, diz Leonardo Dell’Oso, sócio da PwC Brasil.
No âmbito global, apesar de um ritmo de arrefecimento de fusões e aquisições no primeiro semestre, 2022 pode estar a caminho de atingir US$ 4,7 trilhões em valor de negócios até o fim do ano. Embora isso represente um declínio de 20% sobre o recorde de US$ 5,9 trilhões de 2021, ainda representaria o segundo melhor ano para negociações já registrado. Essas estão entre as conclusões do relatório de M&A do primeiro semestre deste ano, publicado pela Bain & Company.
Segundo a análise da empresa de consultoria de gestão, a volatilidade continua presente, com as altas nas taxas de juros de todo o mundo, inflação global e problemas na cadeia de suprimentos acirrados pela guerra na Ucrânia e outras tensões geopolíticas. No entanto, reforça que é possível identificar grandes oportunidades para fusões e aquisições, já que empresas no mundo todo seguem apresentando fluxos de caixa e balanços robustos.
Um sinal da volatilidade inédita deste ano pode ser notado na oscilação de valor das empresas. Em 2021 foram alcançadas avaliações recordes de negócios, nos primeiros meses de 2022 esses números caíram, mas voltaram a subir fortemente no segundo quadrimestre.
Diante de tanta turbulência, é comum que negociadores corporativos se tornem mais conservadores. Porém, uma pesquisa realizada pela própria Bain & Company com 3.900 empresas indicou que as maiores mudanças competitivas do mercado ocorrem durante períodos como esse. Companhias que superam as recessões aumentam em 14% seus lucros nos 13 anos após uma desaceleração, revela a empresa de consultoria de gestão.
“Por isso, as companhias que desejam crescer nesse ambiente devem começar agora a revisar suas políticas de M&A, incluindo esse novo cenário para que os executivos tenham uma visão clara de todos os resultados em potencial. Estes são tempos turbulentos, mas também são tempos em que muitos setores serão moldados para os próximos anos”, finaliza.
Diante desse contexto, Rynã Folchini afirma que as grandes corporações do mercado realizam com frequência operações de M&A para cada vez mais se consolidarem em seus setores. “E não importa o momento em que a economia se encontra, sempre há uma oportunidade em realizar uma operação como essa”, conclui o CEO do Grupo Toro.