Segundo uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 98% das médias e grandes indústrias adotam pelo menos uma ação sustentável em suas operações. Além disso, 63% das companhias vão ampliar os investimentos na área nos próximos dois anos e, mesmo com a pandemia, 28% delas disseram ter aumentado esse tipo de investimento nos últimos 18 meses.
Entre as razões desta movimentação do segmento está a necessidade de adaptação para atender consumidores e investidores exigentes em relação a produtos e serviços que não agridem o meio ambiente.
De acordo com Carlos Urbano, diretor de Industrial Automation da Schneider Electric no Brasil, à medida que o segmento industrial se desenvolve e se torna mais tecnológico, a sustentabilidade passa a ser um tema cada vez mais relevante. No entanto, com todas essas mudanças, que acontecem de maneira cada vez mais rápida, muitas indústrias ainda têm dúvidas ou receio de dar os primeiros passos no assunto. “Da elaboração de estratégias para cada ação até a maneira correta de designar cada investimento, diversas empresas ainda se questionam por onde começar”, diz Urbano.
1 – Compreensão do mercado e das próprias operações
Urbano explica que, para dar certo, é necessário que todo novo investimento faça sentido para os negócios, principalmente na indústria, onde ainda há ambientes a serem modernizados ou melhorados.
“Mesmo que esteja em ritmo de recuperação, já que, conforme aponta a CNI, a produção industrial tenha voltado a ficar acima da linha divisória de 50 pontos em maio, o setor ainda está muito cauteloso para novos investimentos. São muitos desafios acontecendo simultaneamente e evoluindo rapidamente, como a pandemia, o recesso econômico no geral e a falta de mão de obra especializada”, explica o executivo da Schneider Electric.
Por isso, ele aponta que um passo fundamental para dar início a uma jornada de sustentabilidade é conhecer o próprio negócio. Entender quais são os pontos fortes e fracos da operação, quais são as prioridades do mercado de atuação e qual é o nível de modernização de cada sistema. Esses processos ajudam as empresas a traçar as melhores estratégias.
2 – Caminhos para diferentes negócios
Segundo Urbano, depois de entender o próprio negócio e a evolução do mercado, outro passo fundamental é compreender que há diversos caminhos a serem trilhados conforme o tamanho, consolidação e atuação de uma empresa. “As organizações podem optar por ações sustentáveis que fazem sentido com o seu orçamento, com os seus valores e com o que é possível ser realizado”, diz.
Entre as possibilidades para a indústria estão o reaproveitamento de água, a gestão de resíduos (com o uso de materiais reciclados nas operações e o descarte correto do lixo), eficiência energética e descarbonização.
De acordo com o estudo da CNI, a maior parte das ações sustentáveis no setor é em relação ao desperdício de água e energia (91%) e à gestão de resíduos, também apontada como prioridade por 91% das companhias.
3 – Objetivos de médio e longo prazos
Outra questão levantada pelo executivo é estabelecer metas de médio e longo prazos, o que é essencial para qualquer jornada sustentável. Ele explica que, ao ter um objetivo, a execução de estratégias e ações passa a seguir uma linha coerente, indicando para o mercado aonde a empresa pretende chegar e quais serão os impactos gerados. “Além disso, tornar essa informação pública potencializa o comprometimento e a dedicação das organizações – sendo visto com bons olhos por investidores e consumidores”, pontua.
4 – Métricas e acompanhamento
Outra parte fundamental de uma jornada sustentável, de acordo com Carlos Urbano, é estabelecer métricas e, principalmente, monitorar de forma contínua e precisa cada ação desenvolvida. Isso ajuda a entender se as estratégias traçadas estão de acordo com os compromissos assumidos e se é preciso fazer alterações pelo caminho, ajustando alguns pontos, para alcançar os melhores resultados.
Além disso, para ele, as métricas são de extrema importância em conversas com investidores. Por meio delas, é possível mostrar os esforços e indicar comprometimento – tanto com o avanço do setor quanto dos negócios em si. Sendo assim, acaba sendo um fator-chave no ganho de competitividade.
“O mundo está mudando em uma velocidade que não tínhamos visto antes e, com isso, o setor industrial precisa se adaptar para atender às novas demandas. Seja na digitalização ou na sustentabilidade, o avanço do segmento representa, além de uma recuperação, uma consolidação em um mercado cada vez mais competitivo”, finaliza.
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