O Grupo Abril demitiu mais de 100 funcionários na quarta-feira, 13. O corte é realizado um mês após o publicitário Walter Longo deixar a presidência da empresa, ocupada agora por Arnaldo Figueiredo Tibyriçá. O novo CEO informou, em nota, que os desligamentos são os primeiros passos para reorganização do grupo.
Em apuração, a reportagem do Portal Comunique-se constatou que os números de demitidos giram em torno de 130 a 170 funcionários. Dos dispensados, 14 são jornalistas, segundo divulga o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP). A empresa não confirma ao certo a quantidade de baixas, nem quais áreas foram afetadas com os cortes. Em nota, o presidente da Abril menciona o “desligamento de alguns colaboradores”.
Ainda de acordo com o sindicato, o Grupo Abril pretende parcelar as verbas rescisórias que devem ser pagas aos demitidos. Após o desligamento do funcionário, a empresa tem até 10 dias para pagar as verbas rescisórias que incluem:
Caso o pagamento não seja feito, a partir do 11ª dia, a multa é de um salário, conforme previsto no artigo 477 da CLT. Segundo o presidente do SJSP, Paulo Zocchi, o Grupo Abril propôs parcelar as verbas rescisórias em 10 vezes mensais, sem correções.
Em assembleia com representantes do sindicato e da empresa, foi feita contraproposta. O intuito era o de reduzir as parcelas de pagamento das verbas. Além disso, o encontro previa a discussão para acrescentar correção de valores por mês e fazer título executivo.
“A empresa não quis negociar, assim não foi feito acordo com nosso sindicato. Estamos orientando os demitidos que não assinem nenhum tipo de documento em concordância com parcelamento em 10 vezes de verbas rescisórias. Mas que nos procurem, para que seja aberta ação judicial, exigindo o pagamento das verbas”, declarou Zocchi.
O presidente do sindicato informou, ainda, que a entidade condena as demissões. O parcelamento das verbas rescisórias também provocam indignação por parte da entidade. Além disso, ele vê “o ato de fazer o trabalhador demitido continuar financiando a empresa”. “As demissões atacam a capacidade da empresa de fazer jornalismo, e uma empresa que perde a capacidade de fazer jornalismo está cavando sua própria sepultura”.
Em contato com a reportagem do Portal Comunique-se, o Grupo Abril não deu muitas informações. A empresa não falou sobre o número exato de demitidos, suas áreas atingidas e o parcelamento das verbas rescisórias. Foi declarado, porém, que nenhum título da empresa será descontinuado, além da revista Estilo. A publicação – conforme anunciado em novembro deste ano – deixará de circular em janeiro de 2018.
Por meio de nota, o presidente da empresa, Arnaldo Figueiredo Tibyriçá, comentou as movimentações internas no quadro de colaboradores. “Ontem demos os primeiros passos de uma reorganização da Abril, que, infelizmente, envolveu o desligamento de alguns colaboradores. No entanto, esse movimento viabilizou um redesenho de estrutura e processos. Nosso objetivo com isso é lidar com um legado estrutural dos tempos em que tínhamos um portfólio de negócios mais diversificado e, ao mesmo tempo, ajustar a estrutura para alavancar nossos negócios atuais. É um movimento voltado para a eficiência e rentabilidade por meio da redução e simplificação da nossa estrutura”, disse o executivo.
Na declaração enviada por meio da assessoria, Tibyriçá nega que o Grupo Abril esteja caminhando para um pedido de recuperação judicial. A declaração segue o caminho contrário do que veículos como o Brasil 247 noticiaram na quinta-feira, 14.
“Quanto aos boatos de que estaríamos num processo de recuperação judicial, garanto que isso não faz parte da minha missão porque a superação de nossos desafios não requer medidas desse tipo. E, profissionalmente, apesar da minha formação jurídica, eu não tenho nenhum interesse em participar de um cenário desses. Aceitei o desafio de ser presidente da Abril para gerar valor e lidar com desafios de negócios. Alimentar boatos equivocados como esse indica apenas um desconhecimento sobre nossos negócios”, declarou.
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