Em carta assinada pelo presidente do conselho editorial, João Roberto Marinho, o Grupo Globo anuncia regras para a atuação dos jornalistas nas redes sociais
A seção II dos princípios editorais do Grupo Globo foi atualizada. O novo item, de número 5, fala do comportamento dos jornalistas da empresa nas redes sociais. As instruções, segundo o presidente do conselho editorial, João Roberto Marinho, devem ser seguidas com rigor. “Tenho absoluta convicção de que todos nós entenderemos as razões dessas diretrizes mais detalhadas e as seguiremos”, escreveu o executivo em texto divulgado aos colaboradores no domingo, 1º de julho.
Em seu discurso escrito, Marinho fala sobre o advento das redes sociais e do quanto essas ferramentas têm um “lado sombrio”. “Podem ser usadas para manipular grupos, disseminar boatos e mentiras com fins antidemocráticos e permitir que a intimidade das pessoas seja clandestinamente conhecida”, alerta. O executivo afirma que entre o bem e o mal, o Grupo Globo é entusiasta do potencial positivo das redes.
Marinho comenta que os jornalistas, assim como todos os cidadãoes, podem fazer parte das ferramentas, seja do ponto de vista pessoal ou profissional, mas a profissão traz bônus e ônus, o que, para ele, não é necessariamente uma novidade. “As redes sociais nos impõem também algumas restrições. Diferentemente das outras pessoas, sabemos que não podemos atuar nelas desconsiderando o fato de que somos jornalistas e de que precisamos agir de tal modo que nossa isenção não seja questionada”.
A atualização na seção II conta com 13 pontos, identificados no texto por letras que vão do A ao M. Veja, abaixo, os principais pontos:
- O jornalista tem a vida pública relacionada ao veículo para o qual trabalha.Se tal atividade manchar a sua reputação de isenção manchará também a reputação do veículo. Isso não é admissível, uma vez que a isenção é o principal pilar do jornalismo;
- A perda de reputação, quando não é evidente, deve ser analisada pela direção de redação e pelo conselho editorial do Grupo Globo;
- No WhatsApp, em que há mais controle sobre o acesso ao conteúdo, o jornalista tem o direito de discutir o que bem entender com parentes e amigos de confiança;
- A atuação do jornalista nas redes sociais não pode comprometer a percepção de isenção do Grupo Globo;
- O jornalista não deve se pôr como parte do debate político e ideológico;
- O jornalista deve evitar a percepção de que faz publicidade ao citar ou se associar a nome de hotéis, marcas, empresas, restaurantes, produtos, companhias aéreas etc;
- O Grupo Globo estimula o uso das redes sociais pelos jornalistas como valioso instrumento para se aproximar de seu público, ampliá-lo, reforçar a imagem de credibilidade de que já desfrutam, divulgar os seus conteúdos, encontrar notícias, fazer fontes;
- Os jornalistas do Grupo Globo devem sempre priorizar os seus veículos na divulgação de notícias;
- O jornalista do Grupo Globo, sem exceção, não pode, por óbvio, criticar colegas de suas redações ou de redações de competidores nas redes sociais.
A empresa de comunicação comenta que existem exceções para os jornalistas que fazem parte do time de articulistas ou trabalham nas seções de opinião dos veículos, mas reforça que, de certa forma, todos devem observá-las rigorosamente. “O Grupo Globo tem a compreensão de que, muitas vezes, o jornalista pode se sentir em dúvida sobre se um texto seu nas redes sociais resvala na tomada de posição, ferindo o princípio da isenção. A única solução é consultar a chefia”, finaliza o texto.
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