Ninguém escapa dele. Todos os dados são computados, estocados e colocados à disposição de quem quiser fazer negócios. Vai da prestação de serviços á vendas dos mais variados produtos. Uma simples busca em um site de vendas via internet se torna uma informação importante para ele. Não quer saber se o responsável pelo e-mail cadastrado quer ou não comprar. O Big Data não perdoa. Um consulta sobre venenos para acabar com uma infestação de ratos, ou uma passagem aérea para Talin, na Estônia, ou Colombo no Sri Lanka, valem dinheiro. O internauta não consegue mais se livrar de ofertas ainda que tenha liquidado com a rataiada e tenha desistido de conhecer a agradável capital estoniana.
O Big Data estoca os desejos e tenta, pela insistência, que pode provocar uma rejeição, convencer o internauta que ele deve continuar a guerra contra os roedores e viajar pelo preço mais convidativo. A política geral dos sites é pedir o cadastro, ainda que jurem por todos os bits e bytes a não divulgar. Não divulgam, mas usam em causa própria. Alguns malandros escondem o link para descadastramento no final da publicidade, em letras miúdas associadas ao link da liberação. Ainda assim ao clicar o internauta-alvo é jogado em uma página de publicidade da empresa que envia as propostas comerciais. Uma boa parte dela independe de ter o cadastro autorizado, enviam e enchem as caixas com toda espécie de produtos e serviços. O Big Data também pode estar a serviço dos desonestos.
Os computadores e seus assemelhados, tablets, smartphones e outros gadgets se tornaram a porta de entrada para novos negócios onde reina absoluto: o Big Data. Ao entrar em um site de notícias lá estão os anúncios dos produtos que já procuramos, ou compramos no passado. O raticida e a passagem de avião. As tecnologias atuais se comunicam entre si através da internet das coisas e assim sabem onde cada um está, se tem fome, se precisa de combustível para o carro e pergunta qual a avaliação que faz do produto ou serviço que comprou.
Ao deixar o posto de combustível, e pagar com o cartão de crédito, nova informação vai ser armazenada. Calcula-se quantos quilômetro o carro rodou e é capaz de avaliar quando o tanque está vazio para oferecer o posto mais próximo, que obviamente paga por isso. Todo movimento na rede é bem-vindo uma vez que ou cria ou acrescenta novas informações na base de dados. Já há uma disputa acirrada sobre quem vai se apropriar dessas informações: o site de buscas, o cartão de crédito, ou um carro que tenha computador a bordo?
Aparentemente os mais atingidos pela inteligência artificial são os trabalhadores da indústria em geral. Afinal nesta fase da quarta etapa da revolução industrial a característica principal é a máquina que controla e programa máquina. Os empregos estão seriamente ameaçados. Contudo graças ao Big Data, advogados, médicos e engenheiros correm o mesmo risco. Com o volume de dados acumulados uma parte do serviço prestado por esses profissionais pode ser respondido pela inteligência artificial, e segundo alguns, com eficiência maior. Uma pesquisa no arquivo do Supremo Tribunal Federal com análise de casos semelhantes, a leitura de exames médicos computadorizados ou a modificação de uma máquina a partir de dados que circulam de cima para baixo e vice versa.
Não se sabe se outras atividades seriam criadas para compensar o enfraquecimento ou desaparecimento de milhares de empregos. Será um consolo saber que os encanadores, enquanto tal, não são ameaçados pelo Big Data? Os mais otimistas afirmam que essa nova configuração da economia associada a tecnologia digital criaria milhares de novas oportunidades na área de serviços. Nesses primeiros passos do advento do Big Data e a fase inicial da quarta etapa da revolução industrial tudo parece ir bem, como alguém que pula do vigésimo andar de um prédio e ao passar pelo décimo terceiro diz que até ali está tudo bem. Enquanto isso, somos convidados a ver um determinado filme, ir a um determinado restaurante, comprar um determinado tênis, para uma viagem a Talin onde não há ratos a serem combatidos.