Virtual 30/9/2020 –
O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) pretende reunir mineradoras de médio porte que reúnam condições de desenvolver seus projetos minerários por meio da captação de recursos financeiros no mercado de capitais, no Brasil e em outros países, como Canadá e Austrália, onde esse sistema de funding para o setor está bem evoluído. A proposta é buscar a parceria com o Ministério de Minas e Energia (MME), entre outras organizações, para listar as médias empresas que tenham potencial de crescimento no mercado de capitais internacional.
“Várias empresas médias operam no Brasil com tendência de expansão. O IBRAM pretende ser o interlocutor desse segmento de empresas junto às bolsas de valores”, anunciou o presidente do Conselho Diretor do IBRAM, Wilson Brumer, nesta 3ª feira (29), no seminário online “Mineração: Financiamento e Acesso ao Mercado de Capitais”, organizado pelo IBRAM e pelo MME.
Mineração vai investir cerca de US$ 40 bilhões até 2024
Com mais mineradoras nas bolsas de valores, mais investimentos serão direcionados ao Brasil, lembrou. No seminário, Wilson Brumer informou que nos últimos seis meses a mineração elevou a projeção de investimentos no Brasil, passando de US$ 32,5 bilhões para quase US$ 40 bilhões para o período 2020-2024, segundo estudo elaborado pelo IBRAM.
O dirigente também disse que o IBRAM pretende conduzir um trabalho de mudança de cultura e de comportamento dos empresários que ainda tenham em mente a necessidade de manter o controle de 100% de suas empresas, o que chamou de comportamento patrimonialista. Esse esforço em prol da abertura de capital dessas empresas também deverá leva-las a “aprimorar sua performance com melhoria da governança, da atenção ao meio ambiente, ao desenvolvimento de projetos sustentáveis no conceito amplo da palavra”, disse.
Segundo ele, os empresários favoráveis à cultura patrimonialista “realizam investimentos com base, geralmente, apenas em financiamento, com a obtenção de recursos via empréstimos com juros, quando há oportunidade de abrir capital em bolsa de valores no Brasil e em outros países, que dispõem de mecanismos diversificados para esse propósito. É importante abrir espaço para ter parceiros nos projetos”, disse.
Rogério Santana, diretor da bolsa brasileira B3, elogiou a proposta do IBRAM e disse que mudança de cultura, como a mencionada pelo dirigente Wilson Brumer, “leva tempo. Quanto antes começar, melhor e é importante esse papel e a relevância e capilaridade do IBRAM nesse sentido”.
36 projetos brasileiros de mineração buscam US$ 121 milhões no Canadá
O diretor-presidente do IBRAM, Flávio Penido, lembrou no seminário que o IBRAM assinou acordo de cooperação com as bolsas de valores do Canadá (TSX e TSX Venture Exchange) para ampliar aportes financeiros de investidores daquele e de outros países, principalmente, para financiar projetos de pesquisa geológica no Brasil.
Flávio Penido ressaltou que 36 projetos brasileiros buscam US$ 121 milhões na bolsa de valores no Canadá. Ele considera importante estreitar relacionamento com outros países para abrir mais oportunidades de ofertas de capital. “Já estamos em contato também com a embaixada da Austrália para fazer algo semelhante com o mercado de capitais daquele país, um dos líderes em mineração internacional”, afirmou. Somente as duas bolsas de Toronto, a TSX e a TSX Venture Exchange, contam com 3.200 empresas listadas, informou Guillaume Légaré, Head South America da Toronto Stock Exchange.
Luis Mauricio Azevedo, Presidente da Associação Brasileira de Pesquisa Mineral (ABPM), acredita que a partir do momento em que as ações das mineradoras passam a gerar lucro aos acionistas, inclusive pessoas físicas, até mesmo a imagem do setor passa a mudar para melhor porque esse público, mesmo distante geograficamente dos empreendimentos, passa a registrar benefícios diretos proporcionados na forma de lucratividade. Ele também recomendou que o Brasil faça o mesmo que Canadá e Austrália fizeram no passado, ou seja, financiar as pequenas empresas de pesquisa mineral, as chamadas junior companies, como forma de expandir o conhecimento geológico.
Governo federal apoia expansão da mineração sustentável
A Secretária Executiva do MME, Marisete Dadald Pereira, disse que o governo federal apoia as iniciativas de expansão da atividade mineral empresarial sustentável e ambiental e socialmente responsável. O governo, informou, trabalha para diversificar a matriz mineral – o Brasil explora comercialmente 88 substâncias minerais – e aumentar o número de empresas no mercado mineração brasileiro. Para isso, o MME entende que é preciso incluir a mineração na captação de recursos financeiros via mercado de capitais.
Ela lembrou que “indicadores econômicos recentes apontam para papel de destaque que o setor mineral exerce na retomada da economia”, com reflexos nos setores siderúrgicos e construção civil – consumidores diretos de insumos minerais – bem como nos resultados de comércio exterior. Segundo o IBRAM, o saldo da balança comercial mineral no 1º semestre correspondeu a 50% do saldo comercial total do Brasil.
O Secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral (SGM/MME), Alexandre Vidigal de Oliveira, lembrou que o governo federal está empenhado em proporcionar um ambiente seguro para os investidores, como adotar políticas favoráveis à expansão sustentável do setor e pelos aspectos como o de regulação, de monitoramento e fiscalização das atividades.
“A relação investidor-captador demanda o componente da confiança, da credibilidade” para ser efetiva, declarou. Ele acrescentou que o Programa Mineração e Desenvolvimento, lançado no dia 28/9 pelo governo federal, estabelece novos rumos que vão proporcionar a construção de um modelo de mineração arrojada e moderna no Brasil.
Atenção com as práticas relacionadas a ESG
Segundo Fernando Ferreira, Estrategista-Chefe e Head do Research da XP Investimentos, as mineradoras brasileiras interessadas em atrair investidores precisam dedicar atenção privilegiada às boas práticas de ESG, ou seja, respeito ao meio ambiente, ao social e a uma governança sólida. Este é, disse, um dos filtros que os investidores utilizam para decidir onde aportar seu dinheiro, com o que concordou Ana Buchaim, diretora da B3.
Segundo Guillaume Légaré, Hea
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