Categories: Comunicação

Imprensa francesa destaca crise nos presídios brasileiros

As rebeliões violentas nos presídios brasileiros continuaram em destaque na imprensa na segunda-feira, 9. O jornal Le Figaro informou, em título, que quase cem presos foram mortos no Brasil “e as autoridades nem se comovem”.

O jornal relata que “a mídia brasileira tem exibido imagens de uma violência indescritível: um banho de sangue, com corpos carbonizados, decapitados, esquartejados e corações arrancados”. Para o jornal, o governo foi alertado e não fez nada para impedir novos massacres.

As mortes nas prisões do norte do país são fruto da guerra de gangues pelo controle nacional do narcotráfico, protagonizada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), de São Paulo, e aliados locais do CV (Comando Vermelho), criado no Rio de Janeiro, explica o Le Figaro. O jornal lembra que a carnificina acontece na Amazônia, uma região de fronteira com o Peru, a Colômbia, a Venezuela e a Guiana. O Brasil é apontado como “uma etapa na rota dos países produtores de cocaína para a Europa”.

O jornal chama de “desastrosa” a gestão da crise pelas autoridades. “Os presídios brasileiros se tornaram uma fonte de recrutamento fácil para os narcotraficantes, que oferecem proteção e serviços aos detentos expostos às carências do Estado”, cita o jornal. “Desde outubro, os governadores locais pediram ajuda federal com urgência e alertaram a respeito dos riscos de implosão. Mas a resposta negativa do ministro da Justiça, com um mês de atraso, foi o primeiro erro do governo na gestão desastrosa dessa crise”, observa o Le Figaro.

Temer demorou a reagir
O diário critica abertamente o presidente Michel Temer, dizendo que ele “só rompeu o silêncio para falar dos massacres depois que o papa Francisco fez orações para os presos. E acrescenta: “no sábado, Temer foi até a casa da presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, para se redimir”. O texto elogia a rapidez com que Cármen Lúcia reagiu à crise, visitando juízes da região logo após a rebelião de Manaus, mas nota com ironia que ela precisou recordar que eles também são responsáveis pela superlotação nas prisões.

Para encerrar, Le Figaro cita a série de declarações absurdas de autoridades, inclusive as que levaram à demissão do secretário da Juventude, Bruno Júlio, filiado do PMDB, que afirmou que “tinha era que matar mais” e “fazer uma chacina por semana” nas penitenciárias.

Compartilhe
WhatsappWhatsappFacebookFacebookGmailGmailTelegramTelegramLinkedinLinkedinTwitterTwitterPinterestPinterest
0
0
AddThis Website Tools
Abraji

Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Criada em 2002 por um grupo de jornalistas brasileiros interessados em trocar experiências, informações e dicas sobre reportagem, principalmente sobre reportagens investigativas. É mantida pelos próprios jornalistas e não tem fins lucrativos.

Recent Posts

Experiência técnica desafia avanço da automação offshoreExperiência técnica desafia avanço da automação offshore

Experiência técnica desafia avanço da automação offshore

Com a crescente demanda por energia limpa, especialistas alertam para a escassez de profissionais experientes…

16 horas ago
Estudo do Ipea revela crescimento lento do terceiro setorEstudo do Ipea revela crescimento lento do terceiro setor

Estudo do Ipea revela crescimento lento do terceiro setor

Aumento de apenas 2% no número de OSCs em 2024 é considerado tímido por especialistas…

16 horas ago

GestãoClick, Matera e Uqbar são novas parceiras da ABCD

Por meio do acordo, empresas passam a oferecer condições especiais para as fintechs que fazem…

16 horas ago

Treeal recebe aval do Banco Central para operar com IP e IPT

Com as duas licenças, a Treeal entra para um seleto grupo de fintechs aptas a…

16 horas ago

Observatório Softex apresenta roadmap de IA no REIAD 2025

Ao contrário de outros países, a articulação sistêmica entre governo, pesquisa e mercado diretamente no…

16 horas ago

Sustentabilidade na previdência cresce com boa governança

Abrapp concede novos Selos de Autorregulação para cinco entidades do setor de Previdência. Reconhecimento é…

16 horas ago