Debora Ivanov, presidente da Ancine desde agosto deste ano e produtora executiva de “Bingo: O Rei das Manhãs”, filme que irá representar o Brasil no Oscar 2018, deu entrevista ao canal Imprensa Mahon falando sobre o papel da agência e dando dicas para os novos produtores.
“Organização é a base de tudo. Eu ficava decupando as leis de incentivo, estudava as oportunidades. Fazia mapas e resumos dos editais e colava tudo na parede, para não perder oportunidades. Isso é bom para você se acostumar com aquelas informações e se preparar para elas”, ensina a experiente produtora.
Ivanov diz que os produtores têm que entender a importância da Ancine no setor audiovisual…
“A gente tinha na década de 1980 a Embrafilme, que financiava e promovia o cinema nacional no Brasil e no mundo. No governo Collor ele extinguiu tudo: Ministério da Cultura, lei de incentivo e Embrafilme. Logo em seguida, em 1993, temos a Lei do Audiovisual, e estamos lutando agora para prorrogá-la. A Lei do Audiovisual foi extremamente importante para a retomada do cinema nacional, com ela foram criados incentivos fiscais que existem até hoje. Temos o artigo 1º e o artigo 1ºA, em que empresas privadas podem investir com isenção fiscal no Imposto de Renda. O artigo 39, em que canais de televisão estrangeiros podem investir. Temos também o 3º, em que distribuidoras, como a Fox, a Warner e outras podem investir na produção nacional. O artigo 3ºA, onde canais de televisão aberta também podem investir com isenção fiscal. E ainda o Funcine, que é sensacional, em que empresas privadas investem num fundo de investimento com isenção fiscal, e esse fundo investe na produção nacional. Em 2006 se cria o Fundo Setorial do Audiovisual, que vem do próprio mercado. Qualquer obra que você passe em circuito comercial, seja publicitária ou seja conteúdo, você paga uma taxa, formando um fundo. Em 2011 nós conseguimos aprovar a lei 12.485, a Lei da TV Paga, que permitiu que as teles conseguissem operar em nosso mercado, e o Fundo passou a ter uma nova contribuição das teles. Todas as leis de incentivo juntas, as seis, elas dão em torno de R$ 200 milhões/ano. Só o fundo setorial gera 700 milhões/ano. É quase R$ 1 bilhão. Nunca vivemos isso na nossa História”, afirma Debora, que sugere aos produtores que fiquem atentos, já que são seis mecanismos de incentivo fiscal, e o Fundo Setorial, que tem umas vinte linhas de financiamento completamente diferentes.
“Todos esses mecanismos não podem ser utilizados para uma obra quando a primeira janela é para ser exibida no VOD [on demand]. Hoje o que pode é você pode produzir um longa, uma serie para TV, e depois parar no VOD, mas não diretamente pro VOD. Porque este é um setor que ainda não esta regulamentado, ele ainda não tem uma contribuição, mas vai rolar uma regulamentação quanto à contribuição e quanto ao espaço para a produção independente. O que a gente quer é recurso para produzir e espaço para exibir, no Brasil e no mundo!”, afirma, empolgada, a produtora na conversa com Krishna Mahon.
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