Acidentes com elevadores noticiados nos últimos dias têm levantado a questão da segurança desses equipamentos e a responsabilidade de condomínios prediais em relação à conservação e manutenção. Porém, atitudes imprudentes, muitas vezes causadas por pressa, impaciência e desatenção, tendem a ser as principais causas de acidentes graves.
Isso, no entanto, não tira o peso e a importância das manutenções regulares, que devem ser executadas por profissionais qualificados e obedecer às normas de segurança.
Quem reforça isso é o engenheiro Sergio Castanheira, Gerente de Produção da Acro Cabos. O especialista explica que, estatisticamente, elevadores são o meio de transporte mais seguro que existe, apesar de ser também um dos que mais causa receio nas pessoas.
“É até natural e compreensível o amedrontamento que este equipamento provoca, já que usar um elevador mexe com duas fobias muito comuns: a acrofobia, que é o medo de altura; e a claustrofobia, que é o medo de lugares fechados”, explica Castanheira.
Queda improvável
Embora o imaginário popular em relação a acidentes com elevadores tenha como principal cenário o rompimento de cabos e a queda da cabine, o especialista afirma que este é o tipo de acidente mais raro que existe. Isso porque a mecânica de funcionamento e os dispositivos de segurança que existem hoje tornam improvável uma queda sem freios. Além disso, por funcionar com um sistema de contrapesos, uma falha no maquinário de tração tenderia a fazer o elevador subir em vez de cair.
A maioria dos acidentes, na verdade, estão relacionados à imprudência na utilização dos equipamentos, algumas vezes combinada com uma falha temporária. No caso das chamadas portas batentes – que precisam ser puxadas manualmente por quem vai entrar – é comum as pessoas puxarem a porta como forma de saber se a cabine está no andar ou mesmo antes do destravamento durante a abertura da porta interna. Acontece que isso tende a desgastar e, com o tempo, até mesmo quebrar essa trava, o que pode ocasionar uma queda no poço de alguém desatento.
Outros acidentes comuns causados por imprudência e desatenção estão relacionados a pessoas com membros presos na porta, tropeços quando o elevador para desnivelado do pavimento, pessoas sem treinamento tentando resgatar pessoas presas antes da chegada dos bombeiros.
Há ainda o exemplo de crianças que ficam pulando dentro do elevador e muitas vezes isso provoca a sua paralização. O motivo é que, por segurança, o assoalho foi projetado para sofrer uma leve deformação em caso de excesso de peso e quando isso acontece há o contato com um dispositivo que paralisa o elevador como forma de prevenir acidentes.
Manutenção deve ser mensal
A manutenção regular, contudo, continua sendo o principal fator de segurança para elevadores. Este é um procedimento que precisa ser feito mensalmente e que, quando bem executado, garante o funcionamento do equipamento sem qualquer risco. Para isso, é necessário que a gestão do prédio siga as instruções do técnico e faça as substituições de peças quando necessárias.
Quanto ao rompimento de cabos, o especialista esclarece que isso é extremamente raro. Primeiro, porque elevadores são suspensos por um conjunto de cabos e não por apenas um; segundo, porque a capacidade desses cabos é sempre muitas vezes superior à carga máxima de operação. Por fim, uma parte da manutenção é a inspeção regular de todo o conjunto de cabos de aço e das polias que os movimentam. É uma avaliação minuciosa de toda a extensão do material, verificando o estado de conservação, deformidades e desgastes.
“Para se ter uma ideia, o cabo de aço mais usual em elevadores comuns de até cinco pessoas tem cerca de 10 milímetros, o que dá uma resistência de mais de quatro toneladas. Elevadores utilizam, no mínimo, um conjunto de três cabos, o que dá uma capacidade muito superior a 12 toneladas, sendo que a cabine, com toda sua estrutura interna, dificilmente ultrapassa 2,5 toneladas”, ilustra o engenheiro.
Além da segurança proporcionada pelos cabos, a queda da cabine também é improvável por causa de um sistema de segurança que foi inventado em 1850 por Elisha Graves Otis e representou um marco na evolução desse equipamento. Trata-se do regulador de velocidade associado a um sistema de cunhas projetado para impedir a queda da cabine. No entanto, como o mecanismo atua para uma redução de velocidade suave, se uma eventual descida acelerada ocorrer perto do fundo do poço, pode não haver tempo para uma desaceleração total e gradual. É por isso que há um sistema de amortecimento de impacto na base do poço.
“Como nenhum sistema no mundo é 100% à prova de falhas, cabos podem se romper e freios podem falhar. No entanto, este é o cenário menos provável de todos, porque elevadores são desenhados com múltiplos recursos de segurança. O uso prudente e a atenção diante de eventuais falhas, além das manutenções regulares, são a melhor garantia de que seguirão sendo o meio de transporte mais seguro do mundo”, finaliza Castanheira.
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