Inovação: momento certo para investir com criatividade

Atividades relacionadas a inovação, pesquisa e desenvolvimento de produtos devem ser encaradas não só como estratégicas, mas também como um processo que deve ser sempre considerado.

Acompanhando os noticiários das mais diversas mídias, percebemos, hoje em dia, uma grande apreensão quanto ao futuro, em nossa vida profissional ou pessoal. Incertezas quanto às questões relacionadas à economia internacional e como o Brasil está se posicionando agora e como será após as eleições de 2018, aliadas às perspectivas para os próximos anos, nos leva a uma reflexão com viés pessimista.

Intuitivamente, em momentos de incertezas, de crises, nossa primeira reação é parar tudo e esperar para ver o que vai acontecer depois, dependendo do novo cenário, tomar as decisões e definições para dar continuidade às atividades.

Olhando especificamente para as áreas de inovação, pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, a leitura deve ser completamente oposta.

Para inovar, criar um produto ou linha de produtos com novos conceitos e tecnologias, leva-se muito tempo. Na área cosmética, sendo muito otimista, para inovações incrementais, no mínimo de um a dois anos para conseguirmos desenvolver todos os protótipos, realizar as avaliações de estabilidade, segurança, eficácia e registro do produto na ANVISA.

Não podemos ficar parados ou interromper o que já estamos pesquisando e desenvolvendo para “quando passar a crise” voltar a reavaliar se iniciamos ou retomamos os projetos.

Alguns de vocês podem estar pensando que para este tipo de projeto mais inovador é necessário investir altas quantias de recursos financeiros, e na crise geralmente as empresas cortam justamente esses tipos de despesas. É aí que entra a criatividade para investir em projetos.

Na minha opinião, essa criatividade tem outra palavra mágica: parceria.

Isso mesmo, parceria! Internamente na empresa, com outras áreas potencializando competências, compartilhando experiências, com fornecedores de insumos, com a academia, com empresas prestadoras de serviços, com consultores ou mentores. Enfim, qualquer forma que você visualize ser adequada à realidade da sua empresa, da sua linha de produtos e do seu mercado.

Fazer parcerias é uma atividade totalmente democrática, porque qualquer tipo e tamanho de empresa pode fazer.

Empresas gigantes globais podem visualizar uma parceria adquirindo uma outra empresa do setor ou comprando uma startup que desenvolveu uma tecnologia interessante para o seu negócio.

Empresas médias podem fazer parcerias com universidades em projetos pontuais, sem necessariamente envolver grandes investimentos financeiros. No acordo, a empresa poderá oferecer os materiais consumíveis, equipamentos e/ou colaboradores interessados em fazer uma pós-graduação. Neste modelo, a empresa poderia até fechar acordo com uma faculdade para oferecer treinamento e capacitação aos profissionais, que levariam vivências de projetos.

Empresas menores podem fazer parcerias com fornecedores de insumos-chaves visando até o próprio desenvolvimento de protótipos, testes de estabilidade, avaliações de segurança e eficácia compartilhadas, sendo positivo para ambos os lados.

Não é necessário criar uma estrutura laboratorial ou contratar vários profissionais especializados em atividades de pesquisa e desenvolvimento para se conseguir avançar nesses projetos. As parcerias podem envolver empresas de diferentes naturezas que possam suprir todas estas carências com a prestação de serviços.

Importante reconhecer que todos esses movimentos políticos, econômicos, sociais e mercadológicos são cíclicos e se hoje estamos em uma situação desfavorável ou de crise, isso irá se reverter daqui a algum tempo. Neste momento, quem não ficou parado e não deixou de conduzir seus projetos inovadores sairá na frente e usufruirá da nova fase que, certamente, será mais positiva e produtiva.

Atividades relacionadas a inovação, pesquisa e desenvolvimento de produtos devem ser encaradas não só como estratégicas, mas também como um processo que deve ser sempre considerado. Deve-se ter um portfólio de projetos a curto, médio e longo prazo sempre. Quantidade e prioridade de projetos podem e devem variar, dependendo dos cenários socioeconômicos, mas nunca podem ser deixados de lado ou negligenciados.

No futuro, cobrir este gap no lançamento de produtos será muito mais oneroso para a empresa e poderá custar, não só a participação no mercado, mas também sua competitividade e, quem sabe, sua sobrevivência.

Pensem nisso! Inovação com criatividade e parceria sempre.

*Jadir Nunes. Consultor e sócio da Dex Advisors, especializado em indústrias farmacêuticas e de cosméticos.

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