“Tem sim os brasileiros entendendo a questão indígena, que são a favor dos direitos dos indígenas aos seus territórios, que preserva”
“Onde já se viu índio usando celular, ou onde já se viu índio sendo empresário, ou usando relógio?”
André Baniwa, indígena da região do Alto Rio Negro, reproduz as perguntas que frequentemente escuta quando está fora da aldeia. Os questionamentos denotam um preconceito, que já diminuiu, mas ainda existe. Baniwa reforça que ideias erradas preconcebidas geralmente tem relação com a terra e com o modo de vida dos indígenas.
O ministro da Justiça, Osmar Serraglio, por exemplo, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, disse que “terra não enche barriga”, se referindo aos conflitos por território envolvendo índios e fazendeiros. Sobre a declaração, Baniwa ressalta:
“Tem sim os brasileiros entendendo a questão indígena, que são a favor dos direitos dos indígenas aos seus territórios, que preserva. Mas existe 20% que não gosta dos índios. Essa declaração recente do ministro mostra claramente isso, né. Esse grupo de vinte por cento de brasileiros que não gostam dos povos indígenas.”
A declaração de Serraglio suscitou manifestações contrárias de entidades indígenas e indigenistas como a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil e o Conselho Indigenista Missionário.
Por nota, o ministro se defendeu e disse que muito se fala em demarcação de terras e nada se diz de assuntos tão ou mais importantes como a sustentabilidade do mundo indígena. Também afirmou que demarcará todas as terras que atendam aos preceitos reconhecidos pelo Supremo Tribunal Federal.
Em meio à polêmica fala do ministro da Justiça, o Instituto Socioambiental divulgou a campanha “Menos preconceito, Mais índio”. Nas redes sociais a reflexão tem sido compartilhada por figuras públicas como Marina Silva, Alex Atala, Gilberto Gil e até mesmo a Secretaria Especial de Saúde Indígena, ligada ao Ministério da Saúde. No vídeo da campanha para TV, internet e cinema, um indígena questiona: “Se tudo mudou em 500 anos, porque não podemos mudar e continuar a ser índio?”
André Villas Boas, secretário-executivo do ISA, acredita que o fim do preconceito também passa por uma mudança de abordagem sobre indígenas nas escolas.
“Nosso livros didáticos de certa forma contribuíram pra uma visão estilizada, idealizada dos povos indígenas. Nesse conceito de pureza, são aqueles que estão no mato, isolados. Nunca trouxeram a questão das relações desses povos, do diálogo intercultural desses povos.”
Mais sobre a campanha pode ser visto no site socioambiental.org e também nas redes sociais com a hashtag #MenosPreconceitoMaisÍndio.
Reportagem: Maíra Heinen
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