Os impactos da inteligência artificial (IA) vêm sendo debatidos em diversos setores, entre eles o da educação. O cenário que se apresenta atualmente é um misto de dúvidas, busca pelo conhecimento das ferramentas e medo de ficar estagnado, sem conseguir acompanhar os avanços da tecnologia, como reforça Elídio Almeida, psicólogo formado pela UFBA (Universidade Federal da Bahia), em matéria publicada no UOL. Mas Daniel Cassol, jornalista do IFSC (Instituto Federal de Santa Catarina), acredita que a IA pode contribuir para a transformação do processo de ensino. Certas empresas já até apresentam lançamentos de recursos que prometem colaborar com o trabalho dos professores e com o aprendizado dos alunos, como é o caso do Google.
A empresa americana já iniciou a disponibilização da ferramenta “Série de Exercícios” para o Google Sala de Aula, no Brasil. De acordo com a companhia, esta é uma forma de tutoria para apoiar os professores e colaborar com o ensino dos conteúdos utilizando tarefas interativas e suporte personalizado para cada aluno. Os estados brasileiros também têm se movimentado para implementar a IA na rede pública. O governo do Piauí, por exemplo, solicitou ao Conselho Estadual de Educação a inclusão da inteligência artificial como disciplina obrigatória para os alunos do ensino médio. Outras iniciativas também vêm sendo testadas com os assistentes virtuais, por comando de voz, como uma nova ferramenta de ensino.
Para Claudia Vieira Levinsohn, mestre e especialista em educação, é o ChatGPT que, neste momento, está à frente dos holofotes e desperta inúmeras discussões. “A grande questão é: será que esse recurso ajudará estudantes em formação a se tornarem cidadãos e profissionais ampliando as formas de aprendizagem com conteúdos que podem ser fake news ou se tornarem plágio? É possível confiar em sistemas que recebem dados anônimos e que ainda oferecem risco de disseminar discursos de ódio e desinformação?”, questiona.
Janaína Spolidorio, professora e criadora de material educacional, aponta que é muito mais efetivo quando o aluno lê e escreve o conteúdo, já que assim terá mais chance de aprender e lembrar disso por muito tempo. Em contrapartida, quando ele apenas copia e cola, não consegue absorver e memorizar o que é ensinado na escola. Nesse contexto, segundo ela, fazer trabalho, entregar e receber a nota sem aprender é preocupante, assim como não ter convívio contínuo com o professor, sem a oportunidade de perguntar e ouvir uma nova explicação, vai comprometer o aprendizado.
“É fundamental olhar cada aluno individualmente, de forma a torná-lo confiante sobre suas competências e cientes de suas fraquezas, para maximizar seu sucesso em sua futura vida profissional. Cabe agora, aos educadores, repensar a forma como o aprendizado será conduzido nesse novo ambiente repleto de inteligência artificial”, observa Levinsohn.
O Ministério da Educação vem acompanhando as discussões sobre a IA, especialmente o ChatGPT, assim como a necessária mudança na formação de professores, como mostrou a matéria publicada no jornal GZH. A pasta tem participado de alguns encontros, como nas reuniões da Unesco – a agência das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura -, e da Universidade de São Paulo (USP). “São vários os desafios para implementar a tecnologia de forma assertiva e que, de fato, colabore para o desenvolvimento dos nossos alunos e futuros profissionais”, finaliza Claudia.
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