Há uma intoxicação de imagens na humanidade, diz Bob Wolfenson

Bob Wolfenson começou cedo na carreira e aos 16 anos já trabalhava nos estúdios da Editora Abril. Fotógrafo de talento raro, ficou famoso com os cliques de nus e de moda, tendo à frente de suas lentes as maiores celebridades do país. Hoje ele se define como um fotógrafo que transita por todas as áreas. “Gosto da ideia de estar em trânsito. Eu não seria nenhum desses fotógrafos se eu não fosse todos esses outros. Quando estou sendo aquele, preciso que todos os outros existam em mim”. O fotógrafo é o entrevistado do programa ‘Conversa com Roseann Kennedy’, de segunda-feira, 6. A entrevista vai ao ar às 21h30, na TV Brasil.

Ao falar dos rótulos dados à fotografia publicitária e artística, Bob analisa. “O fotógrafo publicitário não paga o preço de ser um artista. Porque o artista paga um preço de ter pouco dinheiro, de ter uma alma menos contaminada […] Mas eu me sinto muito independente. Faço o que quero. Tenho o meu público, tenho a minha audiência, gente que compra foto minha. Então não é uma coisa que me contamine muito”.

Ao comentar o acesso ao mundo cada vez mais visual, Bob faz um alerta para a banalização. “Há uma intoxicação tão grande de imagens como nunca teve na história da humanidade, que você vê as imagens sem atenção. Você fica cego de tanto ver”.

O paulistano que cresceu no bairro Bom Retiro deixa claro seu amor por São Paulo e se mostra um autêntico cosmopolita, apesar de ter uma casa no campo. “Sou eminentemente urbano, gosto da urbe, da cidade, das ruas, das pessoas, de poder comer fora. Quando tiro férias eu vou para cidade grande. Não gosto de lugar exótico. Gosto é de prédio, de cultura, de troca, de possibilidade de ver coisas”.

Bob Wolfenson durante conversa com a jornalista Roseann Kennedy (Imagem: Divulgação)

Urbanidade que fica bastante explícita em projetos desenvolvidos por ele como Antifachada, Encadernação Dourada e Nosoutros.

Com quase 50 anos de carreira, Bob Wolfenson já assinou editoriais das principais revistas de moda como Elle, Vogue e Marie Claire além de outras publicações como Playboy e Rolling Stone. Conhecido pelo trabalho feito com mulheres nuas, ele conta como conseguiu sair das fotos “burocráticas” para uma fotografia artística nas páginas da Playboy. E falou sobre a produção de fotos emblemáticas, das atrizes Mylla Christie, Nanda Costa, Vera Fischer  e também do inesquecível ensaio de Maitê Proença, em 1996, pelas ruas da Sicília, na Itália, para a revista.

Bob Wolfenson e Roseann Kennedy (Imagem: Divulgação)

Quando se trata de retratos, são raras as celebridades que não posaram para suas lentes. Caetano Veloso, Fernanda Torres, Darcy Ribeiro, Jô Soares, Dorival Caymmi, Ney Matogrosso são algumas das personalidades fotografadas por Bob. Nessa conversa, ele conta um pouco sobre como produziu retratos memoráveis como o do escritor João Cabral de Melo.

Currículo e nova livro de Bob Wolfenson

No currículo, Bob também inclui vários prêmios, exposições e livros publicados, como Jardim da Luz, Moda no Brasil por Brasileiros, Antifachada – Encadernação Dourada e Apreensões. Bob Wolfenson ainda encontra tempo para palestras e workshops nos quais conversa com pessoas que querem ouvir as suas histórias. Mas quando se trata de dar significados às suas obras, Bob é democrático. “A obra é aberta. Você faz uma obra e ela está sujeita a mil interpretações, mil leituras. Graças da Deus, que não é só o que está na minha intenção”.

Bob Wolfenson lança na segunda-feira, 6, um livro de retratos só com mulheres no qual mistura imagens provocativas com outras mais contidas da beleza feminina. O livro, que é o sétimo de sua carreira, resgata cliques dos 47 anos de profissão. Traz retratos de Gisele Bündchen, Sônia Braga, Tais Araújo, Luiza Brunet, Fernanda Torres, Malu Mader, Juliana Paes, Rita Lee, Alessandra Negrini e Anitta, entre outras.

“O fotógrafo publicitário não paga o preço de ser um artista”

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Agência Brasil

Agência pública de notícias criada em 1989, logo após a incorporação da Empresa Brasileira de Notícias (EBN) pela extinta Empresa Brasileira de Comunicação (Radiobras). Em 2007, com a criação da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que incorporou a Radiobras, passou a integrar o sistema público de comunicação.

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