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Investimento privado para combater o racismo ainda é pequeno

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O Dia da Consciência Negra, celebrado em Novembro, joga luz a inúmeras reflexões sobre a questão racial no Brasil. Pesquisa do PoderData, divulgada este mês, revela que 81% dos entrevistados reconhecem que há preconceito contra negros no país. O levantamento aponta ainda que três a cada 10 pessoas ouvidas admitem ter preconceito contra pessoas negras.

Os números mostram que o racismo é uma realidade no Brasil e que precisa ser tratado como um problema social de responsabilidade de todos. Essa também foi a conclusão que emergiu dos debates que aconteceram durante o “Aliança Negra: Investimento Social Antirracista na Prática”, evento realizado pelo ELAS+ Doar para Transformar em parceria com a Fundação FORD.

A iniciativa faz parte do programa “Aliança Negra pelo Fim da Violência“, que apoia organizações e redes lideradas por mulheres e pessoas trans negras com experiência de atuação em projetos contra o genocídio da população negra e de combate à violência de gênero com recorte de raça. O programa contempla também iniciativas de comunicação antiviolência racial.

O encontro reuniu lideranças do movimento de mulheres negras, especialistas e investidores sociais  para discutir as possibilidades de atuação da iniciativa privada no combate ao racismo. Para a diretora-geral do ELAS+, Amalia Fischer, esse precisa ser um comprometimento não apenas no ecossistema da filantropia, mas em todos os outros setores da sociedade: “Temos que ser corresponsáveis no antirracismo. Todos temos que ser antirracistas”, destacou.

A ideia é fortalecer o investimento social privado como ferramenta na luta antirracista, por meio do apoio a iniciativas lideradas por mulheres negras que têm trajetória histórica de resistência. A coordenadora-geral da ONG Criola, Lúcia Xavier, destacou a importância desse papel. “Eu compreendo mulheres negras como sujeito político desde antes da diáspora. São mulheres que em qualquer lugar do mundo promovem mudanças, cuidam de suas comunidades, são fundamentais. Essa marca é ancestral, mas é também inovadora. São as mulheres que criam diferentes mecanismos, legislações e estratégias inovadoras para o enfrentamento do racismo”, enfatizou.

Ações práticas

Apesar da compreensão sobre a importância do tema, dados do CENSO GIFE 2020 apontam que o investimento social privado em  equidade e em diversidade ainda é pequeno: 65% das iniciativas não têm nenhuma relação com esses temas. Ainda de acordo com o levantamento do GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas), somente 9% investem diretamente em projetos de mulheres que têm equidade e diversidade como objetivo específico.

A cientista política Hakima Abbas, da Black Feminist Fund, lembra que ainda há muito espaço para a participação de investidores sociais privados na causa antirracista. “O custo de não olhar para os movimentos negros feministas vai ser dramático para todos nós. Precisamos estar juntas, muitas instituições juntas, em muitos setores, para de fato investir na equidade racial”, concluiu.

A analista de Programas do ELAS+ Doar para Transformar, Iracema Souza, ressalta que incentivar esse tipo de investimento é um dos objetivos do Aliança Negra. “Estamos criando um espaço de fortalecimento de valores fundamentais para uma postura antirracista e para a promoção da equidade racial. Essa é uma luta coletiva, que tanto envolve diferentes atores, como deve ser encaminhada a partir das reflexões dos movimentos sociais”, destacou. A diretore executive do ELAS+, K.K. Verdade, também chama atenção para a oportunidade. “É a chance dos investidores sociais, que muitas vezes não sabem como reverter o apoio em medidas práticas de combate ao racismo, se comprometerem com a causa”, finalizou.

Para saber mais sobre as organizações e redes que fazem parte do programa, basta acessar o site: https://aliancanegra.org/

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