Opinião

Jornalismo da Globo convive com demissão, reintegração e afastamento

Departamento da emissora passa por semana de reveses. Depois de ser afastado, Mauro Naves acaba demitido. Dispensada em meio à luta contra a Síndrome de Burnout, Izabella Camargo tem decisão judicial favorável. Marcos Uchôa, por sua vez, pede para se afastar do jornalismo da Globo. Márcio Canuto e Phelipe Siani também são baixas para a empresa

O jornalismo da Globo tem rendido pautas para outros veículos de comunicação. O motivo não está relacionado a algum furo de reportagem ou ação promovida pelo departamento. O setor enfrenta acontecimentos que podem ser considerados negativos. Na segunda, 8, o canal oficializou a saída de Mauro Naves. Depois, encarou a decisão judicial que ordena a reintegração de Izabella Camargo ao quadro de colaboradores. Para encerrar a semana, Marcos Uchôa solicita afastamento das reportagens por um semestre, enquanto Márcio Canuto e Phelipe Siani se desligam em definitivo do grupo.

Mauro Naves tinha mais de 30 anos de TV Globo (Imagem: reprodução/Globo)

Caso Mauro Naves

Afastado de suas funções dentro do núcleo de jornalismo esportivo do Grupo Globo desde às vésperas do início da Copa América, Mauro Naves deixou o time de contratados da empresa em definitivo. O fim da parceria do repórter com a emissora, que perdurou por 31 anos, foi oficialmente informado pela equipe de comunicação do canal por meio de nota divulgada à imprensa. “O Grupo Globo e o jornalista Mauro Naves decidiram encerrar consensualmente o contrato de prestação de serviços que mantinham. O Grupo Globo reconhece a imensa contribuição de Mauro Naves ao jornalismo esportivo e a ele agradece os 31 anos de dedicação e colaboração”. Apesar da afirmação da sucinta nota, para profissionais — e colegas do repórter — a saída teve status de demissão.

Demissão que ocorre após Mauro Naves ficar mais de um mês afastado. Na edição de 5 de junho do ‘Jornal Nacional’, a emissora avisou que o profissional seguiria por tempo indeterminado fora da cobertura esportiva do canal. O jornalista, inclusive, já estava acompanhando a preparação da seleção brasileira que disputaria a Copa América. A alegação da Globo na ocasião foi falar que o seu então contratado agiu de modo que contrariou “expectativa da empresa sobre a conduta de seus jornalistas”. A Globo não informou de modo direto, mas a expectativa que não foi atendida foi ter passado o contato do pai de Neymar ao advogado que atendia a mulher que denunciou o atleta por estupro.

Izabella Camargo: Globo deve recontratá-la, ordena Justiça (Imagem: arquivo pessoal/Instagram)

Caso Izabella Camargo

Em novembro do ano passado, Izabella Camargo foi demitida da TV Globo. A decisão da emissora havia sido tomada logo após a jornalista, que atuava no madrugador ‘Hora 1’, voltar de licença médica. A comunicadora tinha ficado por semanas sem desempenhar suas atividades profissionais, uma vez que foi diagnosticada com Síndrome de Burnout, que é acarretada por excesso de trabalho. Na ocasião, ela chegou a dar entrevista ao site Notícias da TV e disse que havia sido “punida por ter ficado doente”. Fora da televisão, a jornalista chegou a integrar a equipe de comunicação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, que é comandado pelo astronauta Marcos Pontes.

A trajetória de Izabella Camargo na Globo não poderia ser interrompida durante tratamento da Síndrome de Burnout. Ao menos foi esse o entendimento do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-SP). O órgão do poder Judiciário ordenou no início do mês que a jornalista fosse reintegrada ao trabalho. Ordem que não chegou a ser plenamente acatada pela emissora, conforme disse a profissional em contato com o UOL. Ela afirma que foi recebida na calçada, em frente à sede da emissora em São Paulo. “Foi oficialmente o dia da minha reintegração, porém a emissora ainda não deu nenhuma posição”, comentou Izabella. Até o momento, o canal não comentou o caso.

Marcos Uchôa ficará um semestre fora da Globo, onde é contratado desde 1987 (Imagem: divulgação/Globo)

Caso Marcos Uchôa

Com 32 anos de casa, Marcos Uchôa ficará afastado da TV Globo ao decorrer dos próximos meses. Responsável por cobrir as mais diversas pautas no exterior, de conflitos armados a Jogos Olímpicos, o experiente repórter pediu um período de descanso. Solicitação prontamente acatada pela emissora, que não deu maiores detalhes da situação. “O repórter Marcos Uchôa pediu uma licença não remunerada de seis meses e voltará em janeiro de 2020”, resumiu o veículo, conforme destacado pelo UOL. Momentaneamente fora do ar, o jornalista deverá descansar ao lado da família. Aos 61, anos, ele conta com quatro troféus no Prêmio Comunique-se, fruto de quando era correspondente internacional.

Formado em jornalismo pela Facha, Marcos Uchôa falou um pouco de sua carreira em entrevista ao canal da faculdade no YouTube. O conteúdo é de setembro de 2016:

Pedidos de desligamento

Enquanto Marcos Uchôa pede afastamento, dois repórteres decidem encerrar de vez seus ciclos na TV Globo. Na noite de sexta-feira, 12, Márcio Canuto avisou à coluna de Flávio Ricco, no UOL, que decidiu deixar a emissora e se aposentar. Conhecido por ser o “Fiscal do Povo” nos telejornais locais de São Paulo, ele encerra trajetória de 21 anos no canal. E Márcio Canuto, de 73 anos, não foi o único repórter da Globo paulista a optar por não trabalhar mais para a família Marinho. No mesmo dia, reportagem do UOL informou que Phelipe Siani pediu demissão. Ele tinha oito anos de parceria com o veículo. Cotado para reforçar a CNN Brasil, conforme destacado pelo Notícias da TV, o profissional de 35 anos passa a dedicar integralmente — ao menos por ora — à Albuquerque Content. Trata-se de agência de conteúdo multimídia fruto da parceria dele com o também jornalista Rafael Batista.

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Atualização em 13/7/2019, às 10h34. Conteúdo alterado para acréscimos de informações sobre as saídas de Márcio Canuto e Phelipe Siani.

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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