“É o programa do Marcão”. Para quem está em uma das 318 cidades do interior paulista que compõem a área de cobertura da TV TEM identifica, de bate-pronto, que estamos falando do ‘Revista de Sábado’. No ar desde 2004, a atração é apresentada por Marcos Paiva há mais de três anos. Atual comandante do produto semanal, o jornalista não nega suas raízes. Pelo contrário. Ele faz questão de registrar: é um contador de “causos”, tendo orgulho em desbravar a região para quem assiste à emissora afiliada à Rede Globo.
Aos 42 anos, Marcos Paiva, o Marcão, tem a carreira na imprensa atrelada ao interior de São Paulo. A única experiência fora da região foi em um canal no Mato Grosso do Sul. Ele é natural de Votuporanga, município no noroeste do paulista e que, atualmente, tem mais de 90 mil habitantes. A ligação com a cidade – e com a região como um todo – também está marcada pelo meio acadêmico. O hoje apresentador que explora o jeito caipira de ser na televisão se formou em jornalismo no Centro Universitário de Votuporanga (Unifev).
Demonstrando talento para o telejornalismo e assuntos mais leves desde os tempos de estudante, Marcão chegou a ter dupla função na atração esportiva produzida pela TV universitária: apresentador e cinegrafista. Atividade de grande valor para conseguir entrar no mercado. Antes de começar a se destacar à frente das câmeras de emissoras espalhadas pelo interior paulista, ele atuou como repórter cinematográfico durante quatro anos. Depois de ganhar acesso ao microfone e demonstrar o seu jeitão de contador de “causos” para o público, ele foi contratado pela TV TEM, veículo gerido pela família Hawilla, em 2004.
Adepto ao jornalismo mais descontraído e humanizado, o apresentador do ‘Revista de Sábado’, principal produto do núcleo de produção (entretenimento) da TV TEM, trabalhou por anos na área noticiosa da emissora. Com seu jeito irreverente e carismático, conseguiu se destacar. Integrando a equipe jornalística do canal em Bauru, venceu por quatro vezes consecutivas o prêmio de melhor repórter de ao vivo da rede afiliada à Globo – e que também conta com bases em Sorocaba, Itapetininga e São José do Rio Preto.
O sucesso e reconhecimento dentro da empresa de comunicação teve consequência meio natural. Assim, Marcos Paiva se transformava cada vez mais no Marcão, o repórter e apresentador da área de entretimento responsável por contar “causos” envolvendo as cidades e as pessoas da região caipira. O primeiro trabalho nesse formato foi na reportagem do ‘De Ponta a Ponta’. Inicialmente exibida nas noites de domingo, a atração posteriormente ocupou a faixa vespertina dominical e atualmente está fora da grade.
Do ‘De Ponta a Ponta’, Marcão assumiu a responsabilidade de integrar o time de frente do ‘Revista de Sábado’, programa que durante 10 anos havia sido apresentado por Ricardo Fela, que desde 2014 atua como editor do ‘Fantástico’. No primeiro momento, dividiu o microfone com Naty Graciano, que deixou o trabalho para ser uma das repórteres do ‘CQC’. Depois, foi a vez de formar dupla com Crisla Ikeda, jornalista que apresenta o ‘Reclame’, no MultiShow e que venceu a categoria ‘Comunicação – Publicidade e Propaganda’ do Prêmio Comunique-se 2017.
Sozinho na atração da TV TEM há mais de um ano, Marcos Paiva é um dos grandes responsáveis por levar o prestígio do ‘Revista de Sábado’ para além dos limites das cidades que recebem o sinal da emissora. Além de ter conquistado mais tempo na programação, quando o ‘De Ponta a Ponta’ foi extinto, “o programa do Marcão” acaba de ser reconhecido pela própria Rede Globo. Dentre todas as produções das afiliadas da empresa, o ‘Revista’ conquistou na última semana o prêmio de “melhor programa regional de linha”, superando atrações de todo o país.
Com esse histórico de trabalho, o apresentador que se dedica a contar “causos” do interior paulista para os telespectadores da TV TEM, visitando a cada semana uma ou duas cidades da região, é o entrevistado da vez do Portal Comunique-se. Em conversa com a reportagem do site, Marcão fala um pouco da sua rotina com o programa, com muitas viagens pelas estradas, e a sua concepção de telejornalismo, tendo a missão de conversar de igual para igual com o público. Além disso, ele fala da sua experiência como empreendedor (proprietário de produtora de vídeo) e expectativas para o futuro – quem sabe trabalhando diretamente para a Rede Globo.
Confira, abaixo, a íntegra da entrevista com Marcos Paiva, o Marcão do ‘Revista de Sábado’ e da TV TEM:
Na estreia da temporada de 2016, o ‘Revista de Sábado’ anunciou que visitaria as cidades com cobertura da TV TEM que até então não tinham sido pautas para o programa. A tarefa foi realizada?
Ainda faltam apenas 16 ou 15 cidades para visitarmos. Até o aniversário de 15 anos da TV TEM, que será em maio de 2018, a gente vai fazer as 318 cidades, sem nenhum tipo de falha. Fora do programa, acredito que já conheço mais de 300 cidades do interior. Afinal, mesmo em outros canais, são 22 anos de trabalho dedicados à área. E o meu conhecer não é apenas passar pela cidade, mas é parar, observar e, claro, conversar com as pessoas.
A cada sábado, é exibido o ‘Revista’ especial sobre uma ou duas cidades. Com isso, como funciona o esquema de viagens/deslocamentos da equipe, que fica baseada em Sorocaba?
Um dos nossos produtores sempre faz um levantamento de como é a cidade. As pautas chegam à nossa redação. Daí, trocamos informações, fazemos vídeos conferencias, acertamos tudo. Só depois, vou para fazer a cobertura do que foi levantado pela produção.
Em média, devido ao programa, vocês passam quanto tempo na estrada?
Como passamos por várias cidades do interior de São Paulo – e a grande parte dela não tem voos de carreira e tudo mais -, fazemos essas coberturas de carro. Viajamos muito. Pelo menos dois, três dias da semana passamos em viagem.
Quais foram os principais problemas e desafios enfrentados com o programa?
Os desafios são enfrentados todos os dias. É uma dificuldade fazer um programa diferenciado para o interior de São Paulo, um produto já consolidado e líder de audiência. Temos que estar sempre nos reinventando. Vejo que o ‘Revista de Sábado’ é isso: a gente se reinventa em cada cidade. Mas nunca nos esquecemos da essência, que é mostrar as pessoas e as curiosidades do interior. Elas precisam se ver, se identificar. Esse é o grande sucesso.
E os “causos” e histórias curiosas?
Problemas e “causos” existem em todas as cidades. Já tive um avião que quase não desceu, já atolei carro. A proposta do programa é sempre estar me desafiando e me colocando numas “frias”. As pessoas gostam de me ver enrascado, e a produção capricha nisso. Essa é a parte mais humorística e que tem dado certo. Uma história que marcou – e que o público sempre fala – foi a tal da mula que me derrubou. Parece brincadeira, mas me traumatizou. Não ando mais em mula, nem por dinheiro.
Além da apresentação, qual a sua relação com a equipe da atração? Como são definidas as pautas e as cidades a serem visitadas?
A minha relação com a equipe é a de apresentador e produtor. Gosto de ajudar a produzir, tenho muitos contatos e amigos. Sou, modestamente, um profissional muito bem relacionado no interior de São Paulo. Minha relação com a equipe é extremamente boa. Sou muito ouvido durante e isso vem dado um ótimo resultado. Não sou apenas um mero apresentador. Faço questão de me envolver demais em todas as edições da atração.
O ‘Revista de Sábado’ não está vinculado ao jornalismo da TV TEM. A atração, porém, é recheada de informações e dados históricos. Como você contribui para que o programa conte com informações relevantes?
A minha formação é de jornalista, mas sempre fiz um jornalismo comportamental. Sinto-me à vontade conversando com as pessoas, dando risadas, contando histórias. Sempre tive essa tendência. Não faço um jornalismo pragmático, acadêmico. Sempre tentei fugir disso e foi aí que consegui me diferenciar e arrumar espaço. Gosto de variar as informações que me são passadas. Conto as minhas experiências no ‘Revista de Sábado’, fora as informações que chegam à produção.
Por falar da sua formação acadêmica, você já almejava trabalhar com um produto como o ‘Revista’, descontraído e voltado ao entretenimento, na época em que estava na faculdade?
Sempre gostei de trabalhar com esporte e temas mais leves. O primeiro programa que apresentei na TV Universitária era o ‘TVU Esportes’. Eu era o cinegrafista e também apresentava.
Essa experiência na universidade foi válida?
Tenho quatro anos de registro como cinegrafista, o que trouxe uma bagagem muito bacana. Logo que entrei no SBT e quando fui para a minha primeira emissora comercial, em Araçatuba, fazia muitas matérias policiais, o que foi me dando outras experiências. Depois, fui para o Campo Grande, onde realizei um jornalismo mais popular. Quando cheguei à TV TEM de Bauru, fui me adequando, encontrando meu espaço, principalmente com as reportagens ao vivo. Inclusive, acabei eleito o melhor repórter ao vivo por quatro anos consecutivos. Fiz, ainda, a melhor reportagem especial no último ano e, assim, fui me destacando.
O ‘Revista de Sábado’ está no ar há mais de 10 anos no ar e já era um produto consolidado quando você assumiu o comando. Quais foram os desafios para implementar o seu estilo e as suas ideias?
O meu maior desafio era “imprimir” as minhas características. De alguma forma, consegui fazer isso muito rápido. Em oito meses, as pessoas já me reconheciam na rua como “Marcão” e falavam que acompanhavam o “Programa do Marcão”, o “Revista do Marcão”. Sinto muito orgulhoso disso. Representa o resultado de um trabalho em equipe, com muitas viagens e muitos esforços, mas, além de tudo, muita alegria!
Você é conhecido pela desenvoltura e jeito descontraído à frente das telas. Cada vez mais, produtos do telejornalismo estão abrindo espaço para modelos informais. Como você analisa esse formato? Estaria disposto a apresentar um programa noticioso?
Tenho muita vontade de fazer projetos novos. Considero muito positivo você estar se reinventando. Por enquanto, o ‘Revista de Sábado’ está suprindo essa necessidade. No entanto, apresentar um telejornal noticioso me deixaria muito feliz – quer dizer que ainda tenho um prazo de validade um pouco maior na televisão. Encaro qualquer tipo de desafio. Existem programas com os quais eu me sinto mais atraído, como os telejornais da hora do almoço, que são mais descontraídos. Mas seguir no entretenimento é algo que também me atrai bastante.
Além da televisão, você é um empreendedor. Ao lado de sua mulher, Flavia Paiva, você dirige a MP Filmes, produtora especializada em festas de aniversários e casamentos. Como surgiu a ideia de criar a empresa?
A produtora surgiu de forma bem descompromissada. A Flavia queria comprar uma câmera profissional para fazer nossos vídeos. Então, descobrimos o mercado de casamentos, eventos sociais e corporativos. Fomos nos profissionalizando, aprimorando e estamos há sete anos na ativa. Já chegamos a fazer mais de 40 eventos sociais por ano. Temos diversos clientes satisfeitos e trabalhamos com tudo que tem de mais moderno. Hoje, atendemos no estado todo de São Paulo. Fizemos até mesmo casamento fora do país.
Como é o dia a dia de trabalho à frente da MP Filmes?
A nossa empresa é familiar e trabalhamos de forma bem tranquila. Hoje, não preciso estar todos os dias na MP Filmes, mas sempre que posso estou lá e tento sempre usar a minha experiência para ajudar.
Em vídeo de 2012, você afirma que antes de chegar à TV TEM levou muita “porta na cara”. Em algum momento, você pensou a desistir da carreira na imprensa?
Nunca pensei em desistir. Não me vejo fazendo outra coisa a não ser comunicação. É algo que gosto e que faço bem feito. No entanto, a gente pode perceber que no interior de São Paulo existem algumas dificuldades de mercado. O início é muito difícil. A formação e bagagem em jornalismo vêm com muito suor, dedicação, leitura e engajamento. Nunca pensei em desistir, até porque essa parte de desafios me fascina – como esperar em porta de delegacia, fazer campana para conseguir uma bela imagem, registrar aquele flagrante…
Você recebeu algum “não” justamente por ser natural e ter se formado no interior de São Paulo?
O fato de eu ser do interior nunca me atrapalhou. Tenho grande orgulho de dizer que sou formado por aqui. Isso me deu ótimo currículo. Ganhei experiências e consegui alcançar voos maiores. Nunca sofri preconceito. Pelo contrário. Hoje, a Rede Globo e suas afiliadas procuram justamente um repórter que represente determinada região, com seu sotaque e jeito de ser. Não me sinto em nenhum momento inferior por causa disso. Adoro meu sotaque. Faço fono a cada 10 dias na TV TEM e a única coisa que me pedem é para que eu nunca perca essa essência.
Duas apresentadoras do ‘Revista de Sábado’, Naty Graciano e Crisla Ikeda, deixaram a TV TEM e estiveram em projetos transmitidos a nível nacional. A Naty foi repórter do ‘CQC’, enquanto a Crisla é apresentadora do ‘Reclame’ (MultiShow). Isso mostra a força e a qualidade do programa?
As minhas colegas de trabalhos são excelentes profissionais e decidiram seguir seus rumos fora daqui. Mas, sem dúvida, a TV TEM é tão grande quanto essas experiências. A TV TEM possui uma força muito grande dentre todas as afiliadas da Rede Globo. Quando você fala que é um profissional do canal, você é tão valorizado quanto à rede. Tenho muito orgulhoso por ter trabalhado com as duas. Todos que trabalharam aqui tiveram a melhor escola e também a melhor vitrine – e elas só alcançaram isso porque passaram por aqui.
Você já teve propostas para deixar a TV TEM e ir para projeto desenvolvido na capital paulista ou outra praça?
Já recebi duas propostas para sair. Nas duas oportunidades, a emissora me valorizou e ofereceu algo bacana profissionalmente. Almejo chegar um dia à Globo, fazer um programa ou ser repórter em rede nacional, em alguma coisa relacionada a entretenimento. O ‘Mais Você’ é algo que me deixaria muito feliz, pois é um programa que assisto. O ‘Fantástico’ é um formato que tem a ver comigo, principalmente na parte mais humorística. Enfim, existem muitas atrações que me deixam apetecido, mas tem que estar no lugar certo e na hora certa.
O que te fez seguir no ‘Revista de Sábado’ e, consequentemente, no interior paulista?
A proposta tem que ser bacana e, por enquanto, sigo na TV TEM com o mesmo empenho de sempre. Gosto demais da casa, tenho amplo respeito com o pessoal da diretoria, eles me dão uma oportunidade muito grande de mostrar o meu trabalho, além de valorizar o funcionário. Estou muito feliz aqui. Mas, como qualquer outro profissional, a gente sempre pensa em algo maior. Veremos o que o destino me reserva daqui para frente.
Vire e mexe, alguma reportagem sua aparece em programas de rede da TV Globo, como o ‘Mais Você’. Qual a sua relação com a equipe nacional da Globo? Há possibilidade de você participar de algum projeto da emissora?
Possuo uma relação muito boa com o programa ‘Mais Você’. Neste ano, tive a oportunidade de conhecer alguns produtores e construir uma relação mais “estreita”. Fico muito feliz quando uma matéria minha vai para o ar. Até hoje, contudo, nunca surgiu um convite formal para eu ir para o programa, de participar da emissora ou a possibilidade de assumir algum projeto… deixa o destino cuidar de tudo.
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Com colaboração na produção de Victor Gomes, estagiário da Unidade de Monitoramento de Mídias (UMM) do Comunique-se.
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