“O jornalismo cada vez mais valoriza profissionais que saibam produzir e vender seu conteúdo em redes sociais e blogues. Então um jornalista também precisa ser, acima de tudo, um influenciador digital”, avalia Erik Farina, repórter do jornal gaúcho Zero Hora
Apaixonado pela escrita e pela leitura, Erik Farina é jornalista formado pela Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Famecos/PUC-RS) desde 2005. Decidido que o jornalismo era o caminho mais natural a ser seguido, Farina ingressou na Famecos em 1999. “Procurei a faculdade de comunicação com a melhor reputação na região Sul”, relata. Ele cita que sempre gostou de ler e escrever e, graças a isso, produziu um livro de ficção quando estava na escola. “Jamais foi aceito por alguma editora. Mas gostei do exercício da leitura”, brinca.
Iniciar na faculdade sempre representa uma mudança de vida. Nesse sentido, o jornalista conta que a mistura de estilos e “tipos” da Famecos era muito agradável e que isso proporcionava um bate-papo primoroso. “Tinha o pessoal mais arrumado, os punks, a galera do reggae, os que traziam um ar sempre revolucionário. Mas em comum, todos muito cabeça-aberta e bem humorados”. A todo momento pertencendo a “turma do pátio” nos intervalo das aulas, Farina revela que as disciplinas práticas eram as que ele mais apreciava e estavam concentradas na reta final do currículo. Por causa disso, muitos professores de rádio marcaram o famequiano durante o curso, dentre eles, Sérgio Stock e João Brito. Eles apresentavam, segundo o comunicador, as histórias das rádios de Porto Alegre e encantavam a turma com os causos.
Determinado a trabalhar em revistas e fazer grandes reportagens com amplas discussões, Farina ressalva que não pensava especificadamente em lidar com Economia, área com qual trabalha atualmente. Começou com o jornalismo ao estagiar na Rádio-Escuta da prefeitura de Porto Alegre, trabalho que foi fundamental para trazer agilidade à escrita, já que a função exigia transcrever o que ouviam rapidamente. Ainda na rádio, teve a oportunidade de cobrir o Fórum Social Mundial, aprimorando a sua capacidade de reportar e saber dosar temas polêmicos nas matérias. Após isso, transferiu-se para a Revista Amanhã. Ele diz que ao começar no veículo, aproximou-se de jornalistas de redação muito talentosos e isso o ajudou a aprimorar o texto jornalístico, além de abrir portas para o mundo da profissão. Depois da Amanhã, foi para o Jornal do Comércio, em 2006, e, em 2011, ingressou na Zero Hora, onde está até hoje, sempre atuando na área de economia.
Atual repórter focado em matérias de finanças pessoais e serviços, Farina explica que as vantagens de trabalhar em um grande veículo de comunicação são as condições oferecidas para o profissional realizar um bom trabalho. “Tem bons editores, bons fotógrafos, equipamento de primeira linha, ilustradores e diagramadores talentosos. Além da solidez para resistir melhor ao atual momento de crise da profissão.” As responsabilidades, de acordo com o jornalista, estão associadas a expressar as opiniões em público e nas redes sociais. “Se você critica alguém ou alguma figura pública no Facebook ou no Twitter, sempre será acusado de estar defendendo um interesse obscuro da empresa para a qual trabalha. A pessoa não consegue se dissociar do profissional. E muitas vezes você pode ser cobrado pelo seu empregador por isso”, conta.
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Responsável pela série Encare a Crise, da qual também inspira uma ilustração com o seu perfil, ele acha que a faculdade se tornou mais prática e atenta à realidade do mercado e não tanto aos debates de teorias clássicas do jornalismo ou pesquisas acadêmicas. “Creio que os alunos que estão saindo hoje da faculdade estão muito mais preparados para o mercado do que eu quando saí”.
Várias matérias marcaram a vida de Farina. Entretanto, uma recente ganha destaque. Foi uma saída a campo para entrevistar profissionais das áreas que foram ridicularizadas por alguns alunos de escolas particulares de Porto Alegre e da região metropolitana, como explica. “Trouxe o senso de justiça e democracia que a imprensa tem obrigação de defender. Essas matérias também são uma válvula de escape para o jornalista protestar contra as injustiças e futilidades da sociedade”. O caso ocorrido em 2015 ganhou repercussão nacional apenas em 2017. Alunos do terceiro ano de uma escola particular da capital se fantasiaram de algumas profissões para o dia temático “se nada der certo”. O colégio, ainda em 2015, divulgou uma retratação sobre a polêmica e proibiu a brincadeira para os anos seguintes.
Farina denomina a Famecos como um local de confiança e afirma que a formatura foi um momento de um alívio para quem se formou além do tempo-padrão e estava com vontade para mergulhar de cabeça na profissão. “Meu lar acadêmico, onde sei que encontrarei meus bons e velhos professores e onde poderei buscar, em algum momento, um mestrado ou doutorado”. Para os atuais alunos de jornalismo, ele aconselha que todos sejam empreendedores, visto que, conforme explica, existe uma tendência de instabilidade nas redações que não deve arrefecer tão cedo. “O caminho é ser muito bom em uma área e se aproximar das redações para contribuir com seu conteúdo, se tornando um elo importante entre um veículo e seus leitores. Além disso, o jornalismo cada vez mais valoriza profissionais que saibam produzir e vender seu conteúdo em redes sociais e blogues. Então um jornalista também precisa ser, acima de tudo, um influenciador digital”, conclui.
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Por Victor Eduardo Siviero Alves. Integrante do projeto ‘Correspondente Universitário’ do Portal Comunique-se e estudante de jornalismo na Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Famecos/PUC-RS).
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