Com tudo mudando o tempo todo numa velocidade similar a de corrida de Fórmula 1, o profissional de jornalismo precisa se reinventar a cada manhã! Se há uma característica que jornalista precisa ter para abraçar a profissão é ser dinâmico!
Trago ainda na mente a imagem de uma das minhas professoras dos tempos da faculdade, que dizia: “precisamos ler tudo, até bula de remédio”.
Claro que ela não se referia a ler tudo o que já foi escrito no planeta, mas, ela se referia à amplitude de visão que a leitura nos proporciona, independentemente do tema ou assunto. A ideia era que fossemos curiosos e levados a questionamentos e às perguntas interessantes, tentando extrair o máximo do entrevistado, por exemplo.
Expandir os horizontes mentais, diminuir nossos preconceitos e nos aproximar do humano, exige que estejamos perceptivos para o exercício do ofício, buscando sempre entender o fato e levar a informação mais apurada, real e bem contextualizada ao receptor.
Nem preciso dizer o quanto isso tem sido difícil nos anos recentes. A avalanche de informações, desinformações, fake news, um caldeirão de porcaria que as redes sociais também carregam, e o deadline sempre apertado por conta da apuração e de um time profissional cada vez menor nas empresas de comunicação, impactam completamente na qualidade da nossa produção.
Trago esse assunto porque me sinto incomodada com algumas questões e, apesar de jogar do lado dos jornalistas, entendo que a balança da justiça coloca também o outro lado da questão, que vai além de algumas pontuações ou observações quanto aos nossos contratantes, mas, em muitos casos, recai sob nós mesmos devido à nossa falta de percepção empresarial e dinamismo pessoal, porque ficamos inertes vendo o circo pegar fogo.
Eu explico melhor! A maior parte das empresas de comunicação, independentemente do meio, está em crise financeira e esse problema não é de hoje. Foram acostumadas aos tempos das vacas gordas (verbas publicitárias milionárias e recursos públicos) e agora estão definhando! Algumas apostaram demais na tal da tecnologia e se esqueceram de investir no capital humano, maior patrimônio empresarial. Outras, mantêm péssima e atrasada gestão familiar; outras, se perderam no meio do caminho e demoraram a perceber que a comunicação migrou pro digital.
Para gente que conhece os bastidores dos veículos não é fácil testemunhar o desespero dos colegas que não recebem salários em dia, não têm os depósitos do FGTS, perderam todos os benefícios e, alguns, até fazem vaquinha para levar a garrafa térmica, pó de café e açúcar ao trabalho.
Bem, essa é a realidade nada glamourosa da profissão! Como jornalistas, temos o dever de estender nossos olhos e perceber o lado empresarial envolvido. Não há como ser um excelente redator, apresentador e etc, desempenhar seu ofício com competência e ficar desconectado ao que acontece na sua empresa!
Isso significa também que não estamos promovendo mudanças nas nossas carreiras. E se percebemos que não está bom é preciso partir para a ação. Ninguém é obrigado a permanecer atuando num local que não lhe satisfaz mais! Mas, é preciso abrir frentes para que possamos exercer a nossa profissão em outras bandas.
A comunicação em massa não está mais concentrada nas tevês abertas, rádios, jornais ou revistas. Está na selva virtual, um mundo paralelo mais real do esta dimensão. Provavelmente, os profissionais mais jovens consigam acompanhar melhor essa transformação digital, porém – na esmagadora maioria das vezes – esses jovens saem dos bancos universitários sem domínio da língua portuguesa, desconhecem técnicas básicas para produção de um texto informativo e não fazem uma boa interpretação de texto ou construção narrativa.
Muito diferente dos colegas da velha guarda que tiveram uma boa base técnica e filosófica, já trilharam bons quilômetros na estrada da vida e, portanto, têm experiência e sabedoria bacana. E até a nossa educação em casa foi bem diferente: era rígida e a gente tinha que se dedicar aos estudos sem muito mimimi.
Por outro lado, percebo uma resistência em mudar e que se traduz em acomodação! Muitas vezes, se o colega é bom apresentador, não se aventura a escrever e se escreve bem, não se dispõe a ser assessor de imprensa, se é assessor de imprensa não quer ser apresentador e por aí vai. Gente, cadê o dinamismo?
O seu emprego não vai durar a vida toda e o que você está fazendo para aumentar a sua empregabilidade? Está estudando, fazendo algum curso, observando o mercado de trabalho para dar um direcionamento na sua carreira? Está se arriscando mais, tentando outros caminhos dentro da profissão? Usando novos recursos e marketing digital, por exemplo? Se aproximando das empresas para desenvolver um trabalho de Comunicação Corporativa ou ampliar o seu mercado de atuação?
Enfim, você está fazendo as perguntas certas a si mesmo?
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Por Cristina Monte.
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