A pandemia da Covid-19 tem impactado negativamente a condição financeira de milhares de jornalistas brasileiros. Levantamento realizado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) mostra que a partir da edição da medida provisória que permitiu a redução salarial em todo o país, cerca de 4 mil profissionais da imprensa foram diretamente impactados. O material foi divulgado nesta semana pela entidade.
Com base em números e informações levantadas em parceria com sindicatos da categoria, a Fenaj aponta que, desde a chegada do novo coronavírus, 3.930 jornalistas brasileiros tiveram seus salários reduzidos — levando em consideração somente os que atuam com carteira assinada. Além disso, o estudo afirma que outros comunicadores sentiram a pandemia no bolso. Oitenta e um tiveram os contratos de trabalhos suspensos, enquanto 205 acabaram demitidos de seus empregos.
A própria entidade responsável pelo levantamento dá a entender, no entanto, que os números podem estar subestimados. Isso porque a pesquisa foi realizada pelo Departamento de Mobilização, Negociação Salarial e Direito Autoral da Fenaj, a partir de informações levantadas por 16 sindicatos locais de jornalistas: Sindicatos de Jornalistas do Município do Rio, do Distrito Federal, de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Ceará, Londrina (Norte do Paraná), Maranhão, Espírito Santo, Pernambuco, Minas Gerais, Sergipe, Alagoas, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraíba.
O relatório aponta, ainda, que em termos de redução o maior montante entre jornalistas foi de 25%. Nesse ponto, os responsáveis pelo levantamento indicam que esse tipo de corte (de salário e tempo de jornada de trabalho) passou a ser feito individualmente pelos trabalhadores, sem a necessidade de acordo coletivo com sindicato da categoria. No caso, foram 3.808 jornalistas que tiveram seus salários reduzidos em um quarto. Além disso, outros 122 profissionais da área sofreram redução salarial de 50% ou 70%.
Fomos submetidos às medidas que reduzem direitos durante a crise sanitária
Rafael Mesquita
Diretor do Departamento de Mobilização, Negociação Salarial e Direito Autoral da Fenaj, Rafael Mesquita lamenta a situação financeira de jornalistas brasileiros diante da pandemia da Covid-19. “Fomos incluídos entre os profissionais de atividades essenciais. Mas, diferentemente de trabalhadores da linha de frente, que em alguns casos conquistaram, merecidamente, algum tipo de adicional, nós fomos submetidos às medidas que reduzem direitos durante a crise sanitária”, comentou o sindicalista.
“Enquanto arriscamos nossas vidas na cobertura noticiosa e nas assessorias de imprensa, somos massacrados pela redução salarial, as suspensões e as demissões”, prosseguiu Mesquita. Fora a questão financeira, a Fenaj tem liderado movimento para que jornalistas sejam incluídos em grupos prioritários da vacinação contra o novo coronavírus no país. De acordo com a entidade, o Brasil ostenta o título de local em que mais comunicadores morrem em decorrência da Covid-19.
Em seu site, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) mostra como se deu a redução salarial (ou demissão) entre os jornalistas por localidade sindical. Abaixo, é possível conferir os números.
Município do Rio de Janeiro – 1.204
Estado de São Paulo – 1.137
Paraná – 349
Distrito Federal – 228
Santa Catarina – 201
Ceará – 179
Londrina (Norte do Paraná) – 146
Maranhão – 88
Espírito Santo – 100
Pernambuco – 72
Minas Gerais – 53
Sergipe – 27
Alagoas – 24
Estado de São Paulo – 17
Paraná – 25
Santa Catarina – 2
Ceará – 3
Londrina – 10
Maranhão – 4
Minas Gerais – 2
Sergipe – 14
Goiás – 2
Mato Grosso do Sul – 3
Estado de São Paulo – 3
Santa Catarina – 9
Ceará – 5
Maranhão – 14
Pernambuco – 6
Mato Grosso do Sul – 3
Estado de São Paulo – 18
Distrito Federal – 2
Santa Catarina – 1
Ceará – 9
Maranhão – 5
Minas Gerais – 9
Sergipe – 16
Alagoas – 13
Goiás – 8
Município do Rio de Janeiro – 20
Paraná – 10
Distrito Federal – 9
Santa Catarina – 15
Ceará – 28
Londrina – 4
Espírito Santo – 30
Pernambuco – 6
Minas Gerais – 44
Goiás – 20
Paraíba – 39
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