Os jornalistas do Diário de S. Paulo tornaram público o repúdio à interrupção da circulação do impresso, que foi fechado por determinação da Justiça em extensão de falência promovido em processo da Editora Minuano. O caso foi noticiado pelo Portal Comunique-se e se trata de grande confusão societária envolvendo o jornal e as marcas Editora Fontana, Editora Minuano e Cereja Serviços de Mídia. A decisão de fechar o diário foi do juiz Marcelo Barbosa Sacramone, da 2ª Vara de Falências de São Paulo.
No comunicado assinado pela redação, comercial, Opec, distribuição e administrativo do diário, os profissionais questionam os desdobramentos da intervenção judicial. “Que fique claro, não se trata de defender nada errado. Se sócios ou administradores de gestões anteriores ou atuais cometeram malfeitos, que sejam cobrados e punidos por isso. Mas era necessário o fechamento de uma instituição centenária e que garantia o sustento de cerca de 70 famílias? Não seria possível tentar encontrar uma alternativa para salvar as dezenas de postos de trabalho?”, perguntam.
Quando a decisão saiu, o juiz explicou que as atividades estavam suspensas por cinco dias, período em que a administradora judicial poderia indicar um gestor para a atividade do veículo. Sendo assim, o jornal poderia continuar circulando, já que o juiz considera que a massa falida tem mais benefícios ao alienar um negócio que está na ativa do que um que esteja paralisado. Com relação a este ponto, os colaboradores questionam se a interventora, Dra. Joice Ruiz, cumpriu apenas parte da sentença. “Que se cumpra a determinação do juiz e que se coloque o jornal em circulação! Afinal, a cada dia sem circular, o Diário de S.Paulo perde leitores, audiência e consequentemente recursos para saldar salários, pendências e credores”.
A reportagem do Portal Comunique-se conversou com a Dr. Joice Ruiz, que explicou a situação. “Não é uma tarefa simples nomear um gestor. Essa pessoa vai assumir todas as responsabilidades do negócio e, por ora, não existe nenhuma pessoa física ou jurídica interessada. Todas as contatadas estão avaliando tanto pelo estado do jornal quanto pela responsabilidade que será atribuída”. A doutora conta que existe avaliação rigorosa e mútua, de modo que ela também está avaliando se os candidatos estão aptos a cuidar do negócio. Ela não revela os nomes das pessoas e empresas interessadas, mas afirma que segue na busca.
Ainda na carta, os jornalistas afirmam que a Justiça poderia ter feito uma apuração mais cuidadosa e eficiente, levando em conta os relatos dos funcionários que diariamente estavam trabalhando exclusivamente para o impresso. “O trabalho seguia seu ritmo normal e, melhor, os atrasos de salários, que chegaram a quase 3 meses em anos anteriores, estavam sendo reduzidos e muito perto de ficarem em dia. Não teria sido mais correto a Justiça ter ouvido o testemunho de alguns funcionários da empresa que vinham dando expediente diariamente? Na prática, nenhuma das dezenas de pessoas que subscrevem esse comunicado foram procuradas ou ouvidas”.
A história do Diário de S. Paulo vai além do fechamento da sede da empresa. Com a decisão, o poder Judiciário não permite retirar objetos do prédio. Assim, os equipamentos pessoais do fotojornalista Nelson Coelho ficaram retidos, impossibilitando-o de exercer seu trabalho de forma autônoma. “Isso sim [é] uma verdadeira vergonha por parte da Justiça”, escrevem os funcionários.
Proprietário do Diário de S. Paulo, Luiz Cesar Romera Garcia declarou que está decepcionado com a decisão da Justiça em estender o pedido de falência da Editora Minuano para o Diário de S. Paulo. “Respeito a decisão do Judiciário, mas não concordo pois nunca desvie nenhum centavo, fazendo de tudo para o bem do jornal. Ao longo dos últimos meses fizemos de tudo para mostrar à Justiça a boa fé. Mostramos que a nova administração não tinha nenhum tipo de relação com as empresas causadoras da falência. Todos os atuais funcionários e prestadores de serviço atuavam somente para o Diário SP. Após meses de extrema dificuldade, vínhamos conseguindo colocar a empresa em ordem”, relata. O executivo afirma que tenta solucionar juridicamente a situação e aguarda que a sentença do juiz seja cumprida pela interventora judicial em sua totalidade, ou seja, que o Diário de S. Paulo volte a circular.
Na condição de proprietário do Diário de S.Paulo, gostaria de deixar registrado minha profunda tristeza e decepção com a recente decisão da Justiça de estender o pedido de falência da Editora Minuano para o Diário de São Paulo, que acabou tendo a sua sede lacrada na última terça-feira, 23/1, e está temporariamente fechado.
Respeito a decisão do Judiciário, mas não concordo pois nunca desvie nenhum centavo, fazendo de tudo para o bem do jornal.
Ao longo dos últimos meses fizemos de tudo para mostrar à Justiça a boa fé. Mostramos que a nova administração não tinha nenhum tipo de relação com as empresas causadoras da falência. Todos os atuais funcionários e prestadores de serviço atuavam somente para o Diário SP. Após meses de extrema dificuldade, vínhamos conseguindo colocar a empresa em ordem. Com a compreensão e dedicação de nossos funcionários e colaboradores, estávamos colocando os salários em dia. Basta a Justiça ouvir qualquer um deles para saber a realidade dos fatos. Não foi o que aconteceu. O resultado disso foi uma medida precipitada e equivocada, que na prática está acabando com uma instituição centenária e deixando cerca de 70 famílias desempregadas.
No momento, seguimos tentando uma solução jurídica para o Diário não morrer. E também seguimos aguardando ansiosamente que a própria sentença do juiz seja cumprida pela interventora judicial em sua totalidade, ou seja, que o Diário de SP volte a circular.
Atenciosamente,
Luiz Cesar Romera Garcia
Nós, funcionários e colaboradores do Diário de S.Paulo, vimos por meio desta tornar público nosso absoluto repúdio com a interrupção da circulação do jornal por conta da extensão da decretação da falência da Editora Minuano e também questionar os desdobramentos da intervenção judicial.
Que fique claro, não se trata de defender nada errado. Se sócios ou administradores de gestões anteriores ou atuais cometeram malfeitos, que sejam cobrados e punidos por isso. Mas era necessário o fechamento de uma instituição centenária e que garantia o sustento de cerca de 70 famílias? Não seria possível tentar encontrar uma alternativa para salvar as dezenas de postos de trabalho?
De acordo com a própria sentença do Exmo. Juiz Marcelo Barbosa Sacramone, foi determinada a retomada da circulação do Diário de S.Paulo após cinco dias de prazo. Isso não ocorreu e não tem prazo para acontecer. Ou seja, a interventora, Dra. Joice Ruiz (Satiro e Ruiz Advogados), cumpriu apenas parte da sentença. E o restante?! Que se cumpra a determinação do juiz e que se coloque o jornal em circulação! Afinal, a cada dia sem circular, o Diário de S.Paulo perde leitores, audiência e consequentemente recursos para saldar salários, pendências e credores.
Uma apuração mais cuidadosa e eficiente por parte da Justiça e/ou de seus representantes comprovaria que todos os funcionários e colaboradores que vinham trabalhando na empresa o faziam única e exclusivamente para o Diário de S.Paulo. Portanto, não havia funcionários trabalhando para nenhuma outra empresa citada na sentença. O trabalho seguia seu ritmo normal e, melhor, os atrasos de salários, que chegaram a quase 3 meses em anos anteriores, estavam sendo reduzidos e muito perto de ficarem em dia.
Não teria sido mais correto a Justiça ter ouvido o testemunho de alguns funcionários da empresa que vinham dando expediente diariamente? Na prática, NENHUMA das dezenas de pessoas que subscrevem esse comunicado foram procuradas ou ouvidas.
Do modo como está sendo feito, nem os credores serão contemplados como deveriam. Afinal, com um patrimônio sucateado, o maior ativo do Diário de S.Paulo é a marca e o jornal circulando, coisa que não está acontecendo.
Por fim, se a intenção era proteger os funcionários, como disse a interventora, isso não aconteceu nem dá sinais de que vai acontecer. Pelo contrário. Basta constatar que até os equipamentos pessoais do fotógrafo Nelson Coelho ficaram retidos na sede do jornal, impossibilitando-o de sequer exercer seu trabalho de forma autônoma. Isso sim uma verdadeira vergonha por parte da Justiça.
Enfim, são muitas dúvidas a serem respondidas pela Justiça e pela interventora judicial. Por enquanto, a única certeza é a falta de trabalho para cerca de 70 pessoas e a completa frustração por saber que um caminho mais eficaz, inteligente e correto, que seria mais benéfico para credores e funcionários, ainda não foi tomado.
Assinado: funcionários e colaboradores do Diário de S.Paulo
Guilherme Gomes Pinto
Ulisses de Oliveira da Silva
Plínio Rocha
Marta Teixeira
João Pontes Simões Gomes
Ana Canhedo
Priscila Freitas
Barbara Saryne Moraes Vieira
Giovanni E. Alves de Oliveira
Ana Paula Firmino Santos
Jair Viana
Paulo Sebastião Rodrigues
Jonas Dorival
Ronaldo Alves Barreto
Nelson Gonçalves Coelho
Daniel Tadeu Ivanaskas
Karina de Sá Costa
Marcela Cristine Lima
Valdelice Rodrigues
Raquel Gomes de Lima
Vera Lúcia de Souza
Ana Vitória Ribeiro Da Silva Giamarusti
Andrea Nicotra
Joel Fernandes
Rogério Lapoian
Gilberto Gomes
Valter Sobrinho
Roberto Proença
Mirella Mariana Mariano Lúcio
Ary Roberto Rocha Pimentel
ADMINISTRATIVO
Walquiria dos Santos Silva
Leonardo Cardozo Mariano
Júlio Gomes da Rocha
Karla R. Santos A. Lima
Viviane Aparecida da Silva
Juliana Laranjeira do Nascimento
Melchisedec Silva Reis
Alex Rodrigues Pereira
Cid de Souza Sampaio
Luis Augusto Coelho
Samuel dos Passos Fernandes
Naiter Cláudia de Freitas
Tays Rosa dos Santos
Lucas Ferreira da Silva Santos
William Pereira de Lima
Wilton Vilela de Oliveira
Maurílio Macedo Fonseca
Washington Cezar Ushiama
João Claudenisio Costa Maia
Flávio Santiago de Souza
Carlos Eduardo Fernandes
Sergio Aparecido Dias
Antonio Carlos Santos Caires
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