José Trajano e a Paralimpíada

Antes de encerrar a conversa com a ex-nadadora Flávia Delaroli e o jornalista Edgard Alves no “Esporte em Jogo”, uma série de bate-papos mensais que foram realizados no Sesc Vila Mariana entre março e outubro de 2016 com atletas, treinadores e outros profissionais que transitam pelo campo esportivo, o jornalista José Trajano pergunta quem inventou a palavra “Paralimpíada”, que ele se recusa a usar sem o “o” de “Olimpíada”.  Até como fazedor e vendedor de hambúrgueres, um dos bicos que faço quando não estou na área da revisão de texto, concordo com o jornalista, porque, segundo a última Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa, as palavras formadas com o prefixo “para” devem ser escritas com todas as letras, ligando-se com hífen ambos os elementos quando o radical começar com “a”, a mesma terminação do prefixo “para”, como é o caso de, por exemplo, “para-atleta”, palavra para a qual a Academia Brasileira de Letras não deixou espaço em seu “Vocabulário Ortográfica da Língua Portuguesa”, nem mesmo na versão eletrônica dele. Uma das versões acerca do assunto diz que o neologismo foi inventado pela imprensa (esportiva, pode apostar), que juntou o prefixo “para” (ao lado) de “paraplegic” à palavra “Olympic” sem, só Zeus sabe por que, a primeira letra. Quem quer que tenha inventado esta lambança não se atreveria em fazer a mesma coisa com “paraorchestra” nem sabia, ou ignorou, que em português ela iria dar o que falar, porque neste idioma o que é comum é o povo “comer” – e os gramáticos aceitarem – a vogal final do primeiro elemento, como em “hidrelétrica”, “termelétrica”, “parencéfalo” e “parodontia”, não do segundo. No Brasil, o  moderno e incoerente termo passou a ser usado a partir de 2011, quando, por questões mercadológicas, o Comitê Paralímpico Internacional determinou que todos os comitês nacionais expulsassem de campo a velha e boa forma “Paraolimpíada”.

*Edson de Oliveira. Revisor de textos há mais de 20 anos, corrigindo principalmente legendas de vídeo, transcrição de áudio e textos jornalísticos, é editor dos blogues EFMérides e Blogue da Revisão.

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Edson de Oliveira

Revisor há mais de 20 anos, corrigindo principalmente legendas de vídeo, transcrição de áudio, textos jornalísticos e acadêmicos, é editor dos blogues “Café Elétrico” e “Blogue da Revisão”.

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