Alvo de requerimento feito pelo relator da CPI da Pandemia, senador Renan Calheiros (MDB-AL), a rede Jovem Pan resolveu se posicionar publicamente nesta segunda-feira, 2. Em vídeo e em texto divulgado em seu site, o veículo de comunicação lamentou o pedido de quebra de sigilo bancário. Além disso, a emissora aproveitou para definir a ação como injustificável, externar seus balanços financeiros e classificar a atitude do parlamentar como tentativa de “cercear a liberdade de imprensa no Brasil”.
O requerimento de Renan Calheiros contra a Jovem Pan movimentou entidades relacionadas à imprensa. A Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo (AESP) e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) lamentaram o ocorrido. Nesse sentido, reforçaram que a JP tem quase 80 anos de história e que, tecnicamente, a Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada no Senado deveria se atentar a supostas omissões por parte do governo federal no combate à pandemia da Covid-19 – não atacar órgãos da mídia.
Qualquer tentativa de intimidação ao trabalho da imprensa é uma afronta à liberdade de expressão
AESP
“Lembramos que a CPI tem como objetivo investigar ações e eventuais omissões do governo federal no combate à pandemia do novo coronavírus no Brasil, e qualquer tentativa de intimidação ao trabalho da imprensa é uma afronta à liberdade de expressão, direito garantido pela Constituição Brasileira”, diz trecho da nota divulgada pela AESP.
Mesmo com apoio de associações, a direção da Jovem Pan resolveu se antecipar ao avanço do pedido feito por Renan Calheiros. Assim, a emissora publicou na internet os documentos originalmente vinculados ao Diário Oficial da União. O veículo de comunicação reforçou os números alcançados em 2018, 2019 e 2020 – justamente o período mencionado pelo senador do MDB para defender a quebra de sigilo bancário. Nesse ponto, a JP indicou que tais dados são públicos, podendo ser conferidos por qualquer pessoa no portaldatransparencia.gov.br.
Leia (e assista) a íntegra do comunicado divulgado pela Jovem Pan a respeito do pedido de quebra de sigilo bancário feito pelo senador Renan Calheiros, relator da CPI da Pandemia:
Pedidos do gênero são injustificáveis. Os balanços da Jovem Pan são publicados anualmente no Diário Oficial. Para que não restem dúvidas quanto à transparência do comportamento da Jovem Pan, republicamos os balanços em nosso site (leia aqui). As verbas governamentais podem ser conferidas no site www.portaldatransparencia.gov.br.
Estranhamente, o requerimento estabelece que as investigações sejam feitas a partir de 2018. Segundo o documento que justificou a sua criação, a comissão foi instaurada com o objetivo de “apurar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia da Covid-19 no Brasil”. Como se sabe, a Organização Mundial da Saúde oficializou a existência de uma pandemia em março de 2020. A acusação de Calheiros, portanto, não se enquadra no fato determinado para a criação da CPI.
Diferentemente do que afirma Calheiros, a história da Jovem Pan comprova que, ao longo de seus 77 anos de existência, a empresa jamais disseminou fake news. Os profissionais da Jovem Pan divulgam fatos e os analisam segundo diferentes pontos de vista. O autor do pedido não especifica quais profissionais disseminaram notícias mentirosas e em quais programas isso teria ocorrido. Fica claro, portanto, que se trata de uma acusação genérica que tem por única finalidade cercear a liberdade de imprensa no Brasil.
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