Os últimos dias têm sido agitados na Jovem Pan. Ao menos três profissionais deixaram a emissora no decorrer da semana. O primeiro a sair foi o executivo Homero Salles, que havia chegado ao grupo em novembro como espécie de consultor para a implementação do canal televisivo da marca. Por razões distintas, os comentaristas Bruna Torlay e Adrilles Jorge foram demitidos.
Dos três, Salles foi o primeiro a sair, conforme registrou a reportagem do Portal Comunique-se. Experiente nos bastidores de TV, sendo por décadas diretor de programas apresentados por Gugu Liberato, ele saiu da Jovem Pan na segunda-feira, 7. De fora da emissora, o executivo alegou que, desde o início, estava acertada que a sua jornada como consultor e assessor duraria apenas três meses.
A analista política Bruna Torlay também deixou de fazer parte dos quadros de colaboradores do Grupo Jovem Pan na segunda. No mesmo dia, ela usou o perfil no Instagram para avisar que havia sido demitida. “Só tenho a agradecer a emissora”, disse a comentarista em vídeo. Na JP, Bruna integrava o time de debatedores do ‘3 em 1’, que é transmitido no rádio, na TV e na internet.
Em reportagem para o Notícias da TV, Kelly Miyashiro indicou que a dispensa da comentarista pode ter a ver com o que foi dito sobre auditores da Receita Federal. No ‘3 em 1’ de 22 de dezembro de 2021, a analista garantiu que “muitos agentes da Receita, quando a pessoa cai na malha fina, eles ficam esperando a pessoa trazer um ‘presente’ para eles fingirem que não viram aquela sonegação”.
Bruna Torlay tornou-se alvo de ação judicial. Em processo, a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco) e o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco) cobram explicações por parte da comentarista. Em seu canal no YouTube, a agora ex-Jovem Pan reforçou as acusações contra auditores.
Quem também passou a ter o status de ex-funcionário da Jovem Pan foi o ex-participante do ‘Big Brother Brasil’ — que se classifica como poeta e ensaísta — Adrilles Jorge. A saída dele ocorreu na terça-feira, 8, e se deu em razão de gesto que foi considerado como apologia ao nazismo. Pelas redes sociais, o ex-BBB negou ser nazista e afirmou que foi dispensado por causa de um “tchau deturpado”.
Diante do episódio protagonizado pelo ex-participante de reality show, o Grupo Jovem Pan se manifestou por meio de comunicado. Em nota, o conglomerado de mídia repudiou “qualquer manifestação em defesa do nazismo” e avisou: seus comentaristas são livres para expor opiniões, desde que “respeitando os limites da lei”.
Para o Ministério Público de São Paulo, Adrilles Jorge não respeitou justamente os limites da lei ecoados pela direção do Grupo Jovem Pan. O órgão abriu uma investigação contra o comentarista. De acordo com a equipe do Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Inteligência (Gecradi) do MP, o analista político fez um gesto apontado como saudação nazista, o que é crime, lembra a reportagem do G1.
Em vigor no país, a Lei 7.719/89 prevê a punição de quem “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. Conforme descrito no artigo 20º da lei, condenados por esse tipo de crime devem ser presos. “Pena: reclusão de um a três anos e multa”, afirma o texto que explica a pena a ser imposta em casos desse tipo.
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