A imprensa brasileira teve e tem um papel fundamental no conjunto das instituições democráticas do País. Essa é a conclusão de especialistas e deputados em evento realizado na Câmara dos Deputados na quarta-feira passada, 16, para o lançamento do livro “A Imprensa no Processo de Independência do Brasil: Hipólito José da Costa, o Correio Braziliense e as Cortes de Lisboa de 1821”. O livro faz parte das comemorações do bicentenário da Independência (1822-2022).
A jornalista Helena Chagas, que foi ministra da Secretaria de Comunicação Social no governo Dilma Rousseff, disse que imagina como um historiador do futuro tratará da atuação da imprensa no atual momento. “O que ele dirá da imprensa que, de certa forma, contribuiu e muito, durante um certo período, para que a atividade política fosse quase que criminalizada? Para formar na opinião pública uma reação tão negativa aos políticos e à forma de fazer política? Eu acho que nós, como imprensa, temos responsabilidade sobre isso”, disse. “Ao mesmo tempo, um pouco depois, nós vemos aí a imprensa reagindo de maneira firme a qualquer ameaça às instituições democráticas do País”, completou Helena Chagas.
O deputado Gustavo Fruet (PDT-PR) ressaltou que, mesmo com ambiguidades, a imprensa é vital para o processo democrático. “O que se vive no Brasil hoje não é divergência de opinião, é guerra de facção. Deveria ter outra denominação. E a imprensa, nos momentos críticos, tem a grandeza – acho que esse é o saldo positivo apesar das ambiguidades – de estabelecer e dar clareza e luz a esse processo”.
Como explicou o autor, o consultor legislativo José Theodoro Menck, o livro lançado relata a trajetória de Hipólito José da Costa, fundador do Correio Braziliense, que lutou pela emancipação política do País: “Ele, ao mesmo tempo que é apoiado pelo rei – Dom João comprou várias assinaturas e viabilizou o jornal –, ele era perseguido pelos ministros, que eram criticados. Era uma coisa meio esquizofrênica, mas é uma forma curiosa que aconteceu no início do Brasil, no início da nossa imprensa”, observou.
Este é o sexto livro da série relacionada à Independência, que pode ser baixada gratuitamente na página da Livraria da Câmara.
O deputado Enrico Misasi (PV-SP), coordenador da comissão especial do Bicentenário, anunciou que, em março, o acervo de exposições sobre a data realizadas na Câmara desde 2017 ficará disponível para outras instituições que queiram divulgá-lo pelo País.
O objetivo, explica Misasi, “é que cada instituição possa fazer suas adaptações para ampliar esse conhecimento levando a todos os rincões do Brasil um modelo de exposição, um pouco mais resumido, mas que conte a história da independência”. Em junho, será feito um grande seminário sobre o tema.
*Texto originalmente publicado no site da Agência Câmara.
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