“A arte da comunicação é a solidez de uma eficaz ação de relações governamentais”. Portal Comunique-se publica artigo do jornalista André Guedes
Fazer lobby é comunicar. Fazer relações governamentais é comunicação. O simples ato de comunicar nem sempre atinge seu alvo. Já a comunicação, por se tratar de estratégia sequencial, ela pode não alcançar seu objetivo sempre, mas sempre atingirá seu alvo de forma coordenada.
No processo de colaboração com o poder público, o mais importante é estruturar a mensagem, embasá-la e concluir com a maior clareza possível. No processo de defesa de interesse, o diferencial é saber utilizar as ferramentas que possam atrair apoiadores, minimizar os argumentos contrários e potencializar as consequências positivas que seu interesse ocasionará à sociedade. A junção destes dois processos é o que temos de melhor para representar a completa e complexa atividade de relações governamentais.
A arte da comunicação é a solidez de uma eficaz ação de relações governamentais. E isso ocorre porque para ter sucesso na defesa de interesse diante do poder público é necessário que esta comunicação seja certeira para os diversos públicos envolvidos. E para todos, inclusive os que são contrários ao seu pleito. Por isso, a ação de lobby isolada e sem preparação tende a fracassar. Já o lobby como ferramenta estratégica das relações governamentais pode ser o elemento ausente para que seus interesses passem a ser vistos com bons olhos por parte dos tomadores de decisão.
“Quando se observa o trabalho das competentes assessorias de comunicação é perceptível que sua principal preocupação é subsidiar com clareza e estratégia seus públicos para que eles comprem suas ideias”
Nos corredores e salas dos órgãos do Executivo e nas diversas Casas Legislativas espalhadas pelo Brasil é comum presenciar cidadãos fazendo lobby puxando um agente público ou parlamentar pelo braço e apresentando uma espécie de cartilha com seus pontos de defesa. Também é normal a mesma cartilha ser entregue dentro de gabinetes com argumentos previstos para meia hora quando se tem apenas dez minutos de reunião. Depois de dias, meses e até mesmo anos, não se obtém sequer respostas destas conversas. E o motivo disso é que só comunicar não basta. É preciso fazer comunicação.
Quando se observa o trabalho das competentes assessorias de comunicação é perceptível que sua principal preocupação é subsidiar com clareza e estratégia seus públicos para que eles comprem suas ideias. Na mesma linha, as competentes assessorias de imprensa cuidam de apresentar temas com clareza aos repórteres, editores e chefes de redação para conseguir “vender suas pautas”, como se diz no jargão jornalístico. E também é desta forma que os profissionais de relações governamentais devem se pautar buscando apresentar informações de qualidade para que seu público principal, o agente público, passe a ter o seu interesse como entendimento dele.
Mas vale lembrar que para a ação ser completa e com grande possibilidade de sucesso não basta trabalhar apenas uma excelente comunicação com o poder público. Não se pode esquecer também das ações de comunicação com os demais públicos que podem ser fortes aliados na busca por apoio para tornar o pleito bem sucedido. Portanto, analisar para ter uma boa comunicação é outro ponto de extrema importância neste complexo e comunicativo mundo de se fazer relações governamentais.
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Por André Guedes. Jornalista, analista político e estrategista em relações institucionais e governamentais.