Desde de 2020 o Brasil tem direcionado ações para a expansão da malha marítima, como forma de aumentar a atuação dessa malha dentro do próprio Brasil e para exportação, como explica a matéria do Jornal da USP. Segundo dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), pela portal da Agência Gov, o segmento movimentou 290,1 milhões de toneladas, ligeira expansão de 1,6% em 2023, e apresentou crescimento de 11,44% agora em fevereiro, esse crescimento foi puxado principalmente por cargas conteinerizadas, com destaques também para os crescimentos de granéis sólidos e líquidos. A movimentação de contêineres atingiu 11,2 milhões de toneladas, um aumento de 29,19% em comparação com o mesmo período do ano passado, representando 1 milhão TEUs, com crescimento de 24,5% em fevereiro de 2024. Desse total, 7,7 milhões de toneladas foram movimentadas em longo curso e 3,4 milhões por cabotagem.
O Brasil é um país que possui cerca de 8 mil km de costa, nos últimos anos, a Cabotagem cresceu em um ritmo acelerado no Brasil. Segundo um estudo de 2018 do Instituto Ilos, para cada 1 contêiner atualmente na cabotagem, existem outros 4,8 que seriam captáveis pelo modal aquaviário no país. O Instituto afirma, ainda, que 21% das grandes indústrias brasileiras, aquelas que movimentam maior volume de cargas, têm a intenção de trocar de modal: sair do rodoviário e optar pela cabotagem nos próximos anos. Segundo dados do mesmo instituto, de 2022, o Brasil conta com 63% da produção sendo escoada pelas rodovias, 19% da produção passando pelas ferrovias nacionais, enquanto o transporte aquaviário movimenta apenas 13% das cargas. Em termos de comparação, na China, 44% da produção é escoada pelo modal aquaviário. Ou seja, existe muito espaço ainda a ser ocupado pela cabotagem, dados da Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem.
Segundo matéria da Intermodal Digital, a secretária especial para o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) da Casa Civil da Presidência da República, Amanda Seabra, esteve no evento e revelou os planos do Governo Federal para alcançar esse objetivo, que incluem dezesseis leilões e dois projetos pioneiros envolvendo portos importantes para o PIB brasileiro. Segundo ela, o PPI proporciona constante contato do Estado com o mercado, alinhando as expectativas do investidor e do país com o escoamento da produção, além de melhorar as entregas.
Em uma operação logística que integra armazenagem, rodovia, ferrovia e porto, a expectativa é repetir a movimentação de açúcar e de fertilizantes registrada em 2023. O mesmo tende a acontecer na siderurgia, apesar do momento difícil do setor. Já no agronegócio, o fenômeno climático El Niño impactou a produtividade em algumas regiões e acendeu o sinal de alerta em relação à quebra de safra.
Segundo dados da ABIFE- Associação Brasileira da Indústria Ferroviária, a projeção para o setor de transporte multimodal via cabotagem neste ano é de alta entre 6% e 12% no volume de cargas movimentadas, depois de um crescimento tímido registrado no quatro trimestre de 2023. Vai depender, entretanto, do clima, destino de cerca de 40% do escoamento por esse modal.
Para o Diretor da Complex Multimodal que atua na logística marítima de armazenamento e containers, Valerio Barbosa, o setor de transporte marinho no Brasil está em constante crescimento e o incentivo ao consumo das famílias, especialmente de itens considerados importantes para o transporte multimodal, como alimentos, produtos de limpeza e higiene e bens de consumo duráveis, pode impulsionar o volume de carga movimentada. Para ele, “programas de incentivo ao crescimento do governo para empresas, como o BR do Mar, mesmo que ainda não liberado, demonstram o objetivo na evolução desse modal para suprir a demanda nacional e a capacidade disponível para futuras ampliações de frota ou novas rotas, além disso, programas como o Desenrola Brasil, do governo Federal, que tem como objetivo recuperar as condições de créditos de quem tem dívidas negativadas, são fundamentais para a retomada do fluxo de mercadorias, além disso, é importante a retomada da economia para o investimento da iniciativa privada e pública, além de investidores estrangeiros nas multimodais brasileira.”
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