#EspecialDiaDasMães
Quando Rita Lee cravou que mulher tem “um sexto sentido maior que a razão”, provavelmente ela pensou na minha mãe. Quer apostar? Eu não duvido, mesmo porque sou vitima frequente do verso. Ainda na escola ela me alertava “faça jornalismo, você tem jeito, vai se dar bem, depois corre atrás do teatro que tanto gosta”. Com uma amiga ela conseguiu uma visita a uma radio AM.
Tinha dez anos quando entrei pela primeira vez num estúdio, local que seria meu habitat por muito tempo. Nos corredores discos e mais discos catalogados, um parque de diversão para mim. No ar o locutor Carlucci soltava seu vozeirão na rádio Auriverde de Bauru, que arrepio. No meio do programa entrou Franco Junior com uma folha impressa da internet. Minha nossa, o que era aquilo? Eu ainda nem tinha computador.
– Carlucci preciso entrar no ar, morreu a Ofélia apresentadora daquele programa de culinária.
Franco estava ansioso, a notícia era quente e eu adorei participar daquele momento. Os anos se passaram e o sexto sentido da mamma continuou me perseguindo. Na hora de prestar vestibular lá estava ela insistindo no jornalismo. A contragosto, e ao mesmo tempo certo de que ela sabia o que falava, segui seu conselho e me matriculei. Na faculdade lá foi ela de novo dar seu pitaco e insistir para eu buscar estágio no rádio. Teimoso eu questionava.
– Mas mãe ainda estou no primeiro mês da faculdade, não é muito cedo?
Cedo nada, mamis estava certa e eu com estagio garantido. Em um ano já tinha carteira assinada.
Rita Lee tinha ou não razão? O tempo passou, outros empregos vieram e antes de aceitar cada um deles adivinha pra quem liguei? No primeiro pedido de demissão quem foi meu oráculo? A tecnologia evoluiu e os conselhos dela agora chegam por mensagem, áudio, texto, um simples emoji e eu já entendo o que ela quer dizer.
Se a pauta preocupa ela alerta: – Filho, toma cuidado! Se tem fogo cruzado ela apavora: – Eu vi você no meio daqueles capangas, tinham que mandar um segurança junto. E se tem feriado ela já sabe, – Vai trabalhar né? Não tem problema a gente se vê outro dia, fica tranquilo.
Domingo eu não sei se vou conseguir almoçar com ela. Estou de plantão, ela já se acostumou, mas também como questionar um destino que ela mesmo traçou? Mães não são para trazer perguntas, são para trazerem as respostas. Ainda bem.
Os filhos são para o mundo, já diz o ditado, e enfrentando o mundo, superando cada desafio, cada pauta impossível, cada viajem difícil, eu me vejo mais perto dela. Inseguro? Não, sou filho e desse posto não abro mão.
Mãe, te amo! Parabéns e obrigado, sempre!!
Juliano Dip. Repórter do jornal da Band.
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