São Paulo – SP 26/5/2021 –
Maio é o mês de conscientização mundial das doenças inflamatórias intestinais (DII). O mês foi escolhido para alertar a população sobre a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn, as duas mais prevalentes2 que compõem esse grupo de enfermidades. Em tempos de Covid-19 e com o surgimento de várias dúvidas quanto à necessidade de cuidados especiais relacionados às doenças crônicas, fica ainda mais evidente a importância de ampliar o conhecimento sobre as condições.
Causadas por uma possível desordem do sistema imunológico2, essas condições fazem as células de defesa do organismo agredirem os órgãos que compõem o trato gastrointestinal, especialmente os intestinos grosso e delgado1. “As DIIs ocorrem, geralmente, entre os 15 e os 30 anos, mas podem afetar pessoas de qualquer idade. Quando feito o diagnóstico, 15% delas estão acima dos 60 anos. Ou seja, o paciente pode passar mais da metade da vida sem o tratamento correto”, relata o Dr. Rogério Parra, médico responsável pelo ambulatório de DII do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP-USP).
A doença de Crohn, esclarece o especialista, pode ocorrer em qualquer parte do trato gastrointestinal, tanto no intestino grosso quanto no delgado2. A inflamação pode ocasionar estenoses, que são estreitamentos do intestino, e também fístulas, que são comunicações entre o intestino e outro órgão ou outra região do intestino. A dor abdominal e a diarreia são os principais sintomas2. Já a retocolite ulcerativa ocorre somente no intestino grosso2. A inflamação acontece na primeira camada intestinal, denominada mucosa. Quando o intestino grosso absorve água, na vigência de inflamação, aparecem os sintomas, sendo os mais comuns a diarreia e o sangramento nas fezes1. Os pacientes também podem apresentar manifestações extraintestinais, tais como lesões de pele, nas articulações e olhos.
Sobre a interação das DIIs e o coronavírus, o especialista esclarece que os pacientes com DII não têm mais risco de contrair coronavírus e desenvolver a COVID-19, a não ser que façam parte de grupos de risco, como idosos, com comorbidades ou que estejam em uso de corticoides em altas doses ou por muito tempo. Pacientes com esses perfis têm mais riscos de complicações, por isso a importância de alertar também essa população sobre os cuidados preventivos contra a COVID-19.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é baseado no conjunto de sinais e sintomas relatados pelos pacientes, por exames laboratoriais, de imagem e endoscópicos com biópsias3. Uma vez que os sintomas da retocolite ulcerativa e da doença de Crohn são semelhantes àqueles que ocorrem em outras enfermidades, é necessário descartar outras condições que justifiquem tais alterações, o que pode acarretar mais tempo para fechar o diagnóstico. “Por isso, o médico deve realizar uma análise cuidadosa sobre a saúde do paciente, principalmente em relação à alimentação, aos hábitos e aos antecedentes familiares. E, por fim, os exames auxiliam na identificação da DII e conduzem ao tratamento mais adequado a cada doença3” reforça o médico.
Até o momento, as DIIs não têm cura3, mas existem, de acordo com o especialista, tratamentos que permitem minimizar os sintomas e, inclusive, possibilitam um controle de longo prazo e melhor qualidade de vida. O tratamento adequado, informa, depende dos sintomas, da localização, da gravidade, da extensão da doença, da resposta aos medicamentos já utilizados, do número e da gravidade dos episódios mais agudos e do tempo de remissão. Em vista disso, as recomendações devem ser individualizadas, conforme o quadro clínico de cada paciente.
Os medicamentos imunobiológicos estão disponíveis para os pacientes de doença de Crohn desde 2010 no mercado público e 2012 no mercado privado. A partir da atualização dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Ministério da Saúde, em abril de 2020, e do Rol de Procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em abril de 20214,5, pacientes com retocolite ulcerativa também têm acesso aos medicamentos imunobiológicos tanto no Sistema Único de Saúde (SUS), como na rede privada6,, respectivamente.
Referências
Website: https://www.takeda.com/pt-br/
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