O ano de 2016 chega ao fim marcado pelo encerramento de veículos, passaralhos e migração de impressos para a web. Levantamento realizado pela reportagem do Portal Comunique-se com base nos arquivos da plataforma e no site Volt Data Lab, aponta que mais de 500 profissionais da imprensa perderam seus empregos na onda de demissões que se deu durante os últimos 12 meses.
Veículos foram extintos ou enfrentaram problemas financeiros, realizando cortes expressivos nas equipes. Foi o caso do site Fato Online, de Brasília, que, menos de um ano após ser lançado, atrasou salários e deixou cerca de 100 profissionais desempregados. O Jornal da Paraíba, por sua vez, deixou de circular no impresso para investir somente no online, o que resultou em 91 cortes.
Em Minas Gerais, o jornal Hoje em Dia desligou cerca de 40 jornalistas (quase metade de sua redação) em fevereiro deste ano. Na época, os colaboradores foram dispensados sem comunicação prévia. Outra publicação que abriu mão de 50% de sua força de trabalho foi o Jornal de Brasília, que perdeu 15 dos 30 profissionais que atuavam no impresso.
As dispensas na capital federal atingiram, ainda, o meio online. O portal iG encerrou definitivamente suas operações na cidade em fevereiro deste ano. Com a sucursal fechada, oito pessoas ficaram desempregadas. Além disso, em junho, o site demitiu duas jornalistas envolvidas no caso de assédio sexual cometido pelo cantor Biel: a repórter Giulia Pereira (assediada) e a editora-executiva Patrícia Moraes (responsável por denunciar o caso na imprensa).
A situação também alcançou grandes redações do eixo Rio-SP, como a Folha de S. Paulo, que só neste mês de dezembro promoveu seis cortes. Em setembro, a empresa já tinha unificado as editorias de ‘Cotidiano’ e ‘Esportes’ e realizado mudanças na sucursal carioca – com enxugamento do quadro de funcionários e alteração do local do escritório –, demitindo ao menos 10 profissionais.
Em maio, ao menos nove profissionais foram demitidos dos cariocas O Dia e Meia Hora, controlados pela Empresa Jornalística Econômico S.A (Ejesa). No Correio Popular, de Campinas (SP), um grupo de profissionais realizou protesto contra atrasos salarias e não pagamentos de outros benefícios trabalhistas. Dias depois do ato, três jornalistas foram demitidos por justa causa.
Relançada em abril deste ano, a revista Playboy precisou enxugar sua redação após menos de um semestre de funcionamento, o que resultou em demissão dos únicos quatro jornalistas contratados em regime CLT. A equipe de redação seguiu com apenas dois estagiários e três PJs.
A Veja demitiu três profissionais de seu quadro de funcionários: a colunista Vera Magalhães, o redator-chefe Carlos Graieb e o comentarista de economia da ‘TVeja’, Marco Antonio Villa. A Editora Abril, empresa que controla a Veja e outros títulos, demitiu o executivo Alexandre Caldini. O Globo dispensou o colunista Rodrigo Constantino, após seis anos de trabalho.
No início deste mês, a Elemidia realizou grande corte. Em apuração do Portal Comunique-se, estima-se que um terço de toda a equipe foi demitida. Isso é, aproximadamente, 40 profissionais. A redação, por exemplo, perdeu metade dos jornalistas.
Rádio e televisão
O ano também foi de demissões no dial e na televisão. No início de dezembro, a Rádio Globo BH foi extinta, após 14 anos de história. Com isso, mais de 20 profissionais foram dispensados. Ainda no Sistema Globo de Rádio, outros 20 jornalistas das praças de São Paulo e Rio de Janeiro foram desligados durante os últimos 12 meses.
Também mantida pelo Sistema Globo de Rádio, a CBN encarou mudanças sob a gestão de Ricardo Gandour, ex-executivo do Grupo Estado que assumiu a diretoria executiva da emissora em outubro, ocupando o posto que foi de Mariza Tavares por mais de uma década. O veículo promoveu 12 dispensas nas redações de São Paulo e do Rio de Janeiro, praças que funcionam como cabeças de rede da programação.
De abril a novembro de 2016, a Jovem Pan demitiu seis profissionais. Entre os jornalistas dispensados estão nomes como Silvia Poppovic, Claudio Tognolli e veteranos de casa como José Armando Vannucci, Luis Carlos Quartarollo e Renata Perobelli. Contratado em agosto, Carlos Graieb foi desligado em outubro, enfrentando sua segunda demissão no ano
Cortes também foram realizado na Transamérica de São Paulo, que demitiu cinco profissionais em janeiro: o narrador Antônio Edson (o popular “Tonicão”) , o comentarista Juarez “China” Soares, o ex-boleiro Marcelinho Carioca e os humoristas Renato Tortorelli e Fuzil.
Na televisão, a Record demitiu 55 funcionários que trabalhavam como auxiliares de cinegrafistas do jornalismo. A RIC TV, afiliada da Record no Paraná, desligou 30 trabalhadores, sendo oito jornalistas dispensados. As demissões atingiram cinegrafistas, editores, repórteres e pauteiras nas redações de Curitiba, Londrina, Cascavel e Foz do Iguaçu.
Grande movimentação foi realizada na TV Gazeta de São Paulo. Foi encerrado o núcleo de criação da emissora, responsável pela “faixa jovem” que era exibida às 23h30. A medida demitiu cerca de 30 pessoas e culminou nas extinções de programas como ‘5 Discos’, ‘Cidade Ocupada’, ‘A Máquina’, e ‘Vem Comigo’.
Durante este ano, a Rede TV também promoveu cortes em sua equipe jornalística. Em ajuste da folha de pagamento do canal, foram dispensados três profissionais do núcleo de conteúdo: Maurício Capela, Débora Vilalba e Ênio Lucciola. Além deles, o apresentador Luciano Faccioli foi dispensado após a emissora tirar da grade o programa ‘Olha a Hora’.