O programa ‘Conversa com Roseann Kennedy’ recebeu o jornalista Matheus Leitão, que lançou, pela editora Intrínseca, o livro Em nome dos pais. A obra, que demorou dez anos para ficar pronta, reconstrói a história de seus pais, os jornalistas Míriam Leitão e Marcelo Netto, que na década de 1970 foram presos e torturados pelo regime militar.
“O que eu tento fazer é um retrato de uma época. Eu faço o retrato de 1972 e 1973. O contexto era de perseguição violentíssima contra aqueles que eram contrários ao regime, que já havia formado os seus líderes da repressão. Então, a ditadura naquele momento torturava, matava e ocultava cadáveres, isso está nos livros de história”, explica o autor.
Movido pela curiosidade de compreender o passado, Matheus realizou verdadeira peregrinação em busca de respostas. Ao colher relatos dolorosos de período nebuloso do país, o jornalista reconta a trajetória de seus pais, que na juventude participaram do movimento estudantil. Ele relata também as circunstâncias que levaram os protagonistas à prisão e tortura nos porões dos quartéis.
“É o retrato de um Brasil triste. Retrato de um Brasil que precisa ser elaborado melhor, na minha visão. O Brasil não soube elaborar esse momento. É como se a gente escondesse essa história debaixo do tapete e não quisesse falar. Mas eu acho importante falar”, argumenta.
O autor, que a princípio sentiu-se desconfortável para narrar essas memórias por causa de seu envolvimento emocional, acabou mergulhando de cabeça no projeto. Por meio de apuração rigorosa e do uso da Lei de Acesso à Informação, descobriu nomes e fatos que foram mantidos em segredo por muitos anos pelos militares. Matheus acabou ficando cara a cara com o homem que delatou os seus pais ao regime. O delator, Foedes dos Santos, que era líder do comando regional do PCdoB no Espírito Santo, demonstrou profundo arrependimento e revelou que só entregou os companheiros por não aguentar a tortura ao qual ele alega ter sido submetido.
Apesar da carga emocional que envolveu o projeto, Matheus revela que não fez o livro movido por nenhum sentimento de ódio ou vingança e explica que a obra é tentativa de estabelecer diálogo. “A minha ideia nunca foi vingança. A minha ideia foi sempre assim: Vamos dialogar? Vamos conversar? Como era? Por que aconteceu isso? Por que torturavam? E o diálogo até hoje, trinta e dois anos depois do fim oficial do regime (militar), ainda é difícil”.
Para ele, o livro Em nome dos pais também levanta questão importante, mas ainda longe de ser respondida: “É possível uma reconciliação?”. E por fim, completa: “Eu tento levantar esse questionamento de reconciliação numa segunda geração. Uma segunda geração dos filhos daquele tempo. Os filhos dos anos de chumbo, seja de um lado ou de outro. Seja dos militares ou daqueles que fizeram resistência ao regime militar. E é uma questão que fica no livro”.
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