São Paulo – SP 18/5/2021 – Foi um desafio imenso, trabalhava 12 horas por dia! Cada passo foi dado com muita cautela e sabedoria. Thalita Felisardo.
Como será o mercado de trabalho pós-pandemia? Há algum tempo especialistas disseram que as relações de trabalho sofreriam transformações em um futuro próximo. Entretanto, a quarentena acelerou esse processo e trouxe uma nova realidade para profissionais de múltiplas áreas.
Quadros de funcionários reduzidos sem alterações nas demandas
A pandemia do novo coronavírus modificou drasticamente os padrões de consumo do mercado brasileiro, e isso impactou negativamente na operação da maior parte das empresas do país. A situação causou uma inevitável redução do quadro de funcionários das empresas afetadas. Com quadros reduzidos, normalmente não é possível readequar a diversidade das atividades realizadas na mesma proporção, o que faz com que seja exigido muito mais dos profissionais mantidos na empresa.
Uma matéria publicada no G1 em outubro de 2020 mostra que o desemprego aumentou aproximadamente 33% em todo o território nacional no mesmo ano, concluindo que cada profissional mantido no quadro assumiu a metade das tarefas dos colegas demitidos no período. Neste momento, as empresas optam por manter os profissionais que apresentam maior aptidão para realizar múltiplas atividades, que devido à redução se tornam mais atrativos do que profissionais especialistas em uma determinada área.
Transformações na empresa Baú da Eletrônica
Um caso crítico deste cenário ocorreu na empresa Baú da Eletrônica, em São Paulo, onde houve departamentos reduzidos de quatro, cinco funcionários para apenas um, sem alterações nas demandas.
“Somos uma empresa de médio porte, porém com demandas bastante complexas. Na ocasião nos vimos em um cenário onde foi preciso reduzir nosso quadro em 50%, onde a maior parte dos nossos departamentos eram compostos por apenas uma ou duas pessoas. O maior departamento que tínhamos no período era o Marketing, que contava com 5 colaboradores, onde os cortes significavam uma economia muito maior que cortes em áreas operacionais. Esta redução foi possível somente pois a gestora do departamento, Thalita Felisardo, é uma profissional que possui habilidades suficientes para manter todas as atividades do departamento sendo executadas de forma satisfatória enquanto não conseguíamos repor o quadro”, conta Lucas Gusmão, sócio do Baú da Eletrônica.
A empresa necessitava de mercadorias importadas que se tornaram impossíveis de serem obtidas, devido às restrições de importação durante o período principal da pandemia, além de ter o mercado educacional, um dos mais afetados neste período, como principal público. Aproximadamente um ano após esta redução a empresa já conseguiu recontratar duas pessoas para este departamento, que hoje conta com três colaboradores. Mas esta redução foi vital para atravessar a fase mais grave da crise.
“Eu fui a profissional designada a manter o departamento de Marketing operante durante este período. Foi um período de muito aprendizado e muito trabalho! Já há alguns anos eu estava focada na gestão do Marketing, e ter que arregaçar as mangas para produzir conteúdo, gerir redes sociais, criar peças e ainda ter criatividade para desenvolver as campanhas foi um desafio imenso, trabalhava 12 horas por dia! Por isso, rompi com as nossas soluções de Marketing Digital e tive que absorver as demandas de toda a minha equipe, priorizando ações que trariam um retorno garantido. Cada passo foi dado com muita cautela e sabedoria, pois a retomada do faturamento dependia da efetividade das ações de Marketing”, disse Thalita Lucateli Felisardo, gestora de Marketing.
Necessidades adaptativas para os profissionais ativos
No período anterior à pandemia, o Brasil estava em um cenário de economia acelerada, com as empresas em expansão tornando-se um atrativo para profissionais especialistas em sua área de atuação, porém, agora, perante este ambiente de incertezas, se faz necessário que os profissionais foquem mais em versatilidade a fim de manterem seus currículos atrativos ao novo mercado de trabalho.
Para os especialistas, a pandemia provou que a transformação digital, pela qual o mercado já vinha passando, é essencial. Os profissionais precisaram desenvolver habilidades de adaptação tecnológica, em um curto espaço de tempo, para manterem suas posições de trabalho. Mais do que para manter suas posições de trabalho, precisaram de habilidades para cobrir as tarefas que eram atribuídas a outros colegas da mesma empresa, que já não estavam mais em seus cargos. E, talvez, essa seja uma das principais transformações trazidas pela pandemia: a necessidade de se adequar em diversas vertentes da Era Digital.
Um estudo recente da Universidade de Oxford demonstrou que cerca de 45% dos empregos poderão ser eliminados até 2030. Novos cargos devem surgir para suprir a demanda do mercado, especialmente em funções ligadas à Tecnologia. Essa transformação já foi percebida durante a quarentena, como no caso dos trabalhadores que exerciam funções mais operacionais em escritórios e tiveram suas atividades interrompidas com o fechamento desses locais.
Num futuro próximo, poderá existir uma oferta mais baixa de oportunidades, mas o caminho para conseguir uma colocação no mercado de trabalho continua sendo o mesmo: qualificação e disposição. A demanda por profissionais freelancers também deve aumentar, e quem realmente tiver a intenção de fazer a diferença dentro de uma empresa deve ser uma pessoa disposta a se reinventar.
Provavelmente, no mercado de trabalho pós-pandemia, não haverá espaço para aqueles que não buscarem mais conhecimentos, cursos, especializações e atualizações. Essa será uma realidade Mundial.
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