São Paulo 18/9/2020 –
Cada pessoa possui seu próprio repertório de memórias, traços culturais, influências, linguagem e, obviamente, essas experiências diferentes, juntamente a características individuais, fazem com que cada um veja e sinta o aprendizado de forma diferente dos outros. Não existem fórmulas mágicas para alcançar o formato ideal que gere aprendizado adaptado a cada um, mas existem estudos que apontam as técnicas mais efetivas.
Uma das teorias clássicas que mais apoiam as formas que se adquire conhecimento é do psiquiatra norte-americano William Glasser. Ele elaborou uma teoria que lista as diferentes formas de aquisição e sua porcentagem de efetividade que se dá da seguinte maneira: 10% com leitura; 20% com escrita; 50% com observação e escuta; 70% com discussões e debates; 80% quando colocado em prática o aprendido; e surpreendentes 95% quando o aprendizado é ensinado a outros.
Isso explica algo que a maioria já sabe: quanto mais se ensina, mais se aprende. Por isso, as formas mais eficientes são aquelas em que o aluno trabalha sobre o conteúdo de forma ativa, colocando em prática o que aprendeu. A chave aqui é aliar a implementação de ensino híbrido com metodologias ativas, para o sucesso da estratégia de aprendizagem, mas é importante entender um pouco mais desses dois conceitos.
As metodologias ativas funcionam como uma quebra de paradigma no que diz respeito à sala de aula tradicional, podendo ser no sentido físico, com adaptações ao espaço da sala de aula, como em ações virtuais de aprendizado em que o aluno precisa se debruçar sobre o conteúdo abordado antes de ter contato com o professor, esse método é famoso pela utilização em universidades renomadas, como Harvard. O principal objetivo é que o processo de aprendizagem foque em diferentes aspectos conforme as necessidades do conteúdo, dos alunos e dos projetos.
Nessa estratégia é possível também a abordagem de outras esferas, como as habilidades interpessoais ou soft skills, que são: liderança, capacidade de diálogo, de escuta, empatia, “pensar fora da caixa”, ser capaz de trabalhar em grupo, entre outras. Também pode proporcionar situações em que os alunos serão desafiados a serem agentes ativos do aprendizado, propondo soluções para problemas ou decidindo estratégias reais como se estivessem em um ambiente profissional.
Sala de aula invertida
As metodologias ativas compõem diversas estratégias práticas que podem ser aplicadas utilizando o ensino híbrido a fim de melhores resultados tanto em aprendizagem, como em engajamento efetivo. Uma delas é a Sala de Aula Invertida.
Neste método o processo é invertido, o que significa que a parte expositiva da aula é gravada em vídeo e o aluno assiste em casa ou onde quiser. Após assistir ao conteúdo, o aluno é incentivado a pesquisar sobre o conteúdo, além de ler textos que o professor indica e pode, inclusive, responder um questionário antes da aula presencial, a fim de saber qual seu nível de conhecimento sobre o tema. Dessa forma, o momento em sala com o professor e os colegas será de desdobramentos do que foi apurado, gerando reflexão, permitindo aprofundar os assuntos, uma vez que tempo usado anteriormente em sala para introdução e explicação do conteúdo não é mais necessário. O debate é inevitavelmente muito mais profundo resultando numa troca rica entre os pares estimulando o aprendizado também de maneira colaborativa.
A metodologia da sala de aula invertida permite estimular aspectos comunicacionais como, por exemplo, a oralidade e a escrita, entre outras, ao incentivar os alunos a participarem ativamente das aulas, se preparando para os encontros, apresentando trabalhos feitos em casa ou através de debates do que foi discutido anteriormente.
Os próximos anos devem ser marcados por um crescimento do compartilhamento de conteúdos, especificamente em relação ao EAD, que pode ser chamado de: Ensino de Aproximação Digital, pois as pessoas estão cada vez mais perto umas das outras por meio da tecnologia. Mudar o que está sendo feito há tantas décadas exigirá uma mudança cultural da sociedade, não só de professores, mas principalmente dos alunos. Certamente, as metodologias ativas e, especificamente, o investimento e crescente uso da sala de aula invertida têm um grande potencial para revolucionar o futuro da educação, sendo o elo entre o digital e o presencial.
O método da sala de aula invertida é um novo conceito para muitos, mas já aplicado e validado há muitos anos e, sem dúvida, uma maneira muito eficiente de apoiar na formação de qualidade, sem fronteiras.
Por Eline Cavalcanti, Diretora de Soluções da D2L Brasil