A Favela Holding, entidade com mais de 20 empresas de empreendedorismo cujo braço social é a Central Única das Favelas (CUFA), apresentou hoje (29) o projeto “Digital Favela”. Uma plataforma que pretende ajudar os micro influenciadores comunitários (MICs) das favelas brasileiras.
O diretor executivo da Favela Holding, fundador da CUFA e do Data Favela, Celso Athayde, explicou à Agência Brasil que os empresários já começaram a ficar preocupados diante da perspectiva de uma nova recessão, com queda do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano.
“Quando voltar a economia, um percentual muito grande de favelados vai continuar sem trabalho. Então, ou a gente consegue alternativas para essas pessoas ou elas vão continuar sem recursos.”
Celso Athayde explica que a nova plataforma digital terá a vantagem de falar diretamente com o público consumidor das favelas brasileiras.
“Quando a gente pensa em um grande artista que vai anunciar coisas para a favela, as favelas, necessariamente, não vão consumir porque aquele artista não fala para a favela com autoridade. É a mesma coisa que ocorre na televisão. Nem todo mundo se identifica com o que é transmitido”, esclareceu Celso Athayde.
Ele deu um exemplo prático. Se um empresário quiser vender panela de pressão nas favelas, descobrir que existem duas mil mulheres moradoras nas favelas, cada uma com dois mil seguidores dentro das favelas, ele vai ver que essas mulheres têm a autoridade de quem fala aquilo que pensa, aquilo que usa.
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Athayde observou que ao apresentar a credibilidade das influenciadoras das favelas para grandes empresas, essas, por sua vez, não precisarão pagar um influenciador que tenha dois milhões de seguidores, mas procurar vários micro influenciadores que, no final, vão corresponder aos mesmos dois milhões. Com a diferença de serem dois milhões de pessoas impactando aquele território e com a credibilidade de quem fala para pouca gente, para amigos próximos e para parentes.
“Aí, em vez delas (influenciadoras) receberem R$ 200 mil, como recebem os grandes influenciadores, vão receber R$ 70 a R$ 80. Vai depender de quantas empresas elas têm.”
A plataforma foi montada em parceria com a agência de publicidade Peppery. O funcionamento se dá em três etapas. A primeira foi a organização da empresa, formalização, concepção e montagem do ‘site’; a segunda envolve a captura de micro influenciadores e seu treinamento. A terceira etapa, que terá início no final de julho, promoverá o encontro entre os micro influenciadores e as empresas. O grande foco são as marcas interessadas em ampliar a comunicação com um público não representado e estimado em quase 14 milhões de brasileiros e com uma estimativa de consumo de R$ 120 bilhões por ano, segundo pesquisa dos institutos Data Favela e Locomotiva .
As primeiras marcas a aderir ao projeto foram a PicPay, Facebook e Uber. O aplicativo de ‘carteira digital’ PicPay deve contratar influenciadores do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. O Facebook pretende fomentar seu programa de empreendedorismo, focado em apoiar o pequeno negócio local que, agora mais do que nunca, precisa de suporte para enfrentar a crise do coronavírus. O Uber, por sua vez, também prevê ações para o segundo semestre. Deverão ser recrutados para essas ações moradores no Morro do Alemão e Rocinha, no Rio de Janeiro; Paraisópolis e Heliópolis, em São Paulo; e Sol Nascente, no Distrito Federal, por exemplo.
Serão cadastradas pessoas em todo o país, de modo a facilitar a identificação e contratação dos micro influenciadores para participarem das ações que forem planejadas pelas empresas. Athayde reforçou que a ideia é transformar esses micro influenciadores em profissionais que, mesmo sem muitos seguidores, vão ter renda para ajudá-los nesse momento de pandemia.
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