Um relatório produzido em 2022, pelo Banco Mundial, Organização Mundial da Saúde (OMS), Divisão de Estatística das Nações Unidas (UNSD), em parceria com a Agência Internacional de Energia (IEA) e a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), demonstrou que atualmente 733 milhões de pessoas ainda não têm acesso à eletricidade. No ritmo atual de eletrificação, cerca de 8% da população mundial permanecerá sem acesso à eletricidade em 2030, cerca de 670 milhões de pessoas.
A construção de linhas de transmissão em regiões menos povoadas não costuma ser economicamente viável. Dessa forma, a energia produzida em um determinado país não chega a todos, afetando os serviços essenciais que uma população precisa ter.
Para resolver esse problema, estabelecer uma produção de energia próximo ao centro de consumo ou nas residências é uma boa alternativa. Uma iniciativa pouco explorada são as instalações de microgrids, redes de distribuição de energia que contam com uma ou mais fontes de geração. Essa estrutura é capaz de gerir toda a produção de eletricidade, por intermédio de softwares sofisticados que ajudam a coordenar as fontes para evitar variações na tensão e quedas de energia.
Segundo Rafael Cesar, Consultor de Negócios de Digital Energy na Schneider Electric, o segmento vem crescendo no mundo inteiro e no Brasil não é diferente. Existem vários projetos em fase de estudos e outros já em andamento, além disso, há diversos pilotos acontecendo em parceria com concessionárias de energia e universidades.
“As microgrids são boas soluções, porque proporcionam, às comunidades vulneráveis, o restabelecimento do recurso de forma mais rápida, principalmente para áreas críticas, como hospitais e serviços essenciais. Já nos locais com pouco acesso, elas garantem sua universalização. Muitas vezes, essas áreas estão isoladas e distantes dos grandes centros e nem sempre é simples levar infraestrutura para esses locais e, quando existe, a manutenção é complicada”, afirma o executivo.
Há entraves que atrapalham as instalações desses sistemas. Entre eles, estão os desafios de levar a infraestrutura para essas áreas, devido às dificuldades de acesso e investimentos, e também pela questão da manutenção. Por exemplo, quando existe uma ocorrência, como a queda de árvore, linha de transmissão ou poste, leva-se muito tempo para identificar o problema e consequentemente deslocar a equipe e material para o reparo, fazendo com que essas comunidades fiquem muito tempo sem acesso à energia.
A implementação dessa ferramenta pode ser bastante viável, pois o acesso à tecnologia não é mais restrito e está difundido, principalmente, nas indústrias e edifícios. Entretanto, para torná-la essencial para os locais mais vulneráveis, são necessárias iniciativas governamentais em parceria com as privadas. As microgrids ajudariam a resolver os desafios, como também complementar a oferta de energia existente, diminuindo os tempos de interrupção e universalização da energia.
“Por fim, a inclusão dessas microgrids nas redes das concessionárias é de extrema importância para que exista uma modernização das redes, principalmente nas ferramentas de gestão, e para auxiliar a falta de energia nas comunidades mais vulneráveis. A inovação e a tecnologia devem estar à serviço de todos”, ressalta Rafael.
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