São Paulo 31/7/2020 –
A Mold Brasil Ferramentaria e Usinagem está investindo num plano de expansão R$ 128 milhões até agosto de 2022, aproveitando a previsão de crescimento da indústria automotiva e de outros mercados promissores da metalurgia no País. Por meio de seu novo programa vai gerar entre 150 e 200 empregos para trabalhadores de ‘chão de fábrica’/ferramentaria, escritório e engenharia. O objetivo da empresa é se tornar top of market, ou líder do mercado brasileiro, diante do cenário em que a ferramentaria vem sofrendo profundamente com a crise econômica.
Para o desenvolvimento do projeto foi adquirido um galpão de 9 mil m² de área construída em Guarulhos (região metropolitana de São Paulo), para se somar a atual planta industrial de 5,5 mil m² na mesma cidade. O plano prevê investimentos de R$ 105 milhões em maquinário, tais como pontes rolantes para movimentação de carga de até 50 toneladas, além de portais CNC de até 10 metros de comprimentos para a usinagem de moldes, que se destinam à produção de peças automotivas e outras necessidades de compradores. A aquisição desse maquinário pesado está sendo negociada com gigante taiwanesa Hartford Machine.
O aporte prevê ainda a compra de uma prensa para try-out de duas mil toneladas, ou seja, para execução de teste prático de ferramental. O equipamento facilitará o ajuste final da ferramenta para verificação se a peça está em conformidade com as especificações. Apenas em máquinas de grande porte os recursos envolverão R$ 64 milhões.
Liderança
Segundo o presidente do Conselho de Administração da Mold Brasil, Diego Gonsales dos Reis, como sua indústria está monetizada e investindo num momento favorável ficará numa posição excepcional frente à concorrência para o domínio da maior parte do mercado. “Nos próximos anos a indústria automotiva continuará fabricando e negociando carros normalmente e seus fornecedores com mais reserva de caixa e capacidade operacional vão se destacar diante dos demais”, analisa ele.
Reis calcula que mais de 90% do segmento brasileiro de ferramentaria está passando por sérias dificuldades financeiras, o que já acontecia no período pré-pandemia e se agravou profundamente com recente paralisação da indústria. Como é previsão do chairman da Mold Brasil, o mercado de projetos deve crescer nos próximos três anos. O potencial desse negócio, em seus estudos, foi estimado entre R$ 6 bilhões e R$ 7 bilhões.
Cenário complexo
Vários concorrentes hoje não apresentam condições para receber projetos nas fábricas, tampouco esperar mais que um ano para eles serem viabilizados. “Uma montadora geralmente vai pagar somente três meses depois de um projeto ficar pronto”, explica Reis. “Além disso, uma ferramentaria tem que estar bem alinhada aos bancos e suas linhas de crédito”.
Existem alternativas de apoio que serão aproveitadas pela sua empresa. Uma delas é um programa de benefícios fiscais criado ainda no governo Lula, pelo qual obriga a indústria brasileira produzir 90% dos componentes dos carros nacionais. Essa exigência legal dará tranquilidade e bloqueará qualquer incursão estrangeira no fornecimento de peças de reposição.
Atestando o potencial de mercado, Reis cita uma empresa indiana que deve investir no ano que vem na ampliação de sua filial no Rio de Janeiro para carros de maior valor agregado. Menciona também o último lançamento feito neste ano de uma pick-up com capacidade de até 720 quilos de uma indústria de origem italiana e a possibilidade de ela pôr no mercado também mais quatro veículos em 2021. Outra indústria de porte, de origem alemã, de acordo com ele, deve levar às lojas dois novos modelos de veículos, além de um caminhão.
“As montadoras têm poder de fogo. Vejo com bons olhos os próximos três anos para quem estiver totalmente estruturado”, observa. “Afora as montadoras de carros e caminhões, há boas perspectivas também na produção de linha branca, componentes para usinas eólicas e até para a indústria nuclear”, prossegue ele. Reis admite que há até um gigante mundial da área de energia e transporte, que só não atua mais profundamente no País, porque a infraestrutura nacional não dispõe ainda de uma ferramentaria pesada que a satisfaça.
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