O blogueiro Eduardo Guimarães prestou novo depoimento na segunda-feira, 3, à Polícia Federal na capital paulista, desta vez em processo movido contra ele pelo juiz federal Sérgio Moro por injúria e ameaça. A oitiva desta vez não tem relação com o processo em que o jornalista foi conduzido coercitivamente, há duas semanas, para depor sob a acusação de obstrução da Justiça por vazamento de informação da Operação Lava Jato.
Para a defesa do blogueiro, ao processar Eduardo Guimarães, Moro confirma que está sob suspeição para julgar o jornalista, ou seja, impossibilitado de analisar o caso com imparcialidade.
“Os casos não guardam relação entre si. A única relação que interessa aqui é demonstrar que as mesmas pessoas figuram como julgador e julgado [em um processo] e, no outro caso, figuram como vítima e supostamente criminoso. É isso que não podemos admitir no Estado de Direito”, disse o advogado Fernando Hideo, defensor de Eduardo Guimarães.
A denúncia de Moro refere-se a um texto publicado por Guimarães em sua conta no Twitter. De acordo com o blogueiro, a frase usada no processo foi tirada do contexto, sem levar em conta as postagens subsequentes. “Os delírios de um psicopata investido de poder discricionário como Sérgio Moro vão custar seu emprego, sua vida”, diz o texto citado na denúncia. Segundo o jornalista, a expressão “seu emprego, sua vida” refere-se ao interlocutor, o leitor dos tuítes, e não ao juiz, o que, segundo ele, fica claro com a leitura do post anterior, que dava início ao raciocínio: “Cada brasileiro que entusiasma ao ver a derrocada petista não sabe que essa politicagem vai lhe custar caro”, dizia a frase anterior.
“O Twitter tem uma limitação de caracteres, então, se você tem um texto mais longo, tem que fracionar”, disse Hideo. “Foi tirado do contexto de uma forma muito triste”, acrescentou Guimarães.
Segundo o advogado do jornalista, o inquérito será relatado por um delegado federal e enviado ao Ministério Público Federal, que poderá dar prosseguimento, ou arquivar a ação. “Vamos tomar medidas cabíveis para pedir o desindiciamento”, disse Hideo. O processo tramita na 14ª Vara Federal em Curitiba.
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