“A boa notícia: o índice de desemprego no país caiu de 11,8% para 11,6%. A queda é minúscula, o índice ainda é monstruoso…”. Portal Comunique-se publica mais um artigo do jornalista Carlos Brickmann
Numa escorregada memorável, o então chanceler Rubens Ricúpero disse na TV, certo de que estava fora do ar, que o Governo mostrava o que era bom e escondia o que era ruim. O presidente Bolsonaro faz justinho o oposto: quando aparece notícia boa, arruma uma briga boba que a esconde. Vamos aqui inverter o processo: dar primeiro a boa notícia e aí contar como Bolsonaro a abafou. O motivo não conto, nem sei, e acho que nem ele sabe.
Mais – Carlos Brickmann:
- Louvado seja quem salva vidas
- Bolsonarismo colorido
- AA guerra sem vencedores
- Palavras ao vento
- Quem paga a vida mansa
A boa notícia: o índice de desemprego no país caiu de 11,8% para 11,6%. A queda é minúscula, o índice ainda é monstruoso, o desemprego continua atingindo 12,4 milhões de pessoas. Mas a melhora, embora pequena, mostra queda no desemprego, e pode sinalizar uma tendência (ainda mais com o aumento da produção de papelão, que indica maior consumo de embalagens).
Bolsonaro preferiu povoar o noticiário com uma atitude autoritária e de legalidade discutível: na licitação de assinatura de jornais para o governo, a Folha de S.Paulo foi excluída. Ninguém é obrigado a ler a Folha, nem o presidente, mas o governo não pode ser privado das informações de um dos principais jornais do país.
“Ninguém é obrigado a ler a Folha, nem o presidente, mas o governo não pode ser privado das informações de um dos principais jornais do país”. (Carlos Brickmann)
Por quê? Primeiro, Bolsonaro disse que não podia inteirar-se de tudo o que fazia cada um de seus 22 ministérios. Então decidiu assumir, e disse: “Eu quero pedir à Folha que se retrate de todos os males e calúnias que fez contra a minha pessoa”. Sem problemas: para isso existe a Justiça. Se processar a Folha e ganhar, poderá obrigá-la a retratar-se de tudo.
Briga longa
Bolsonaro tem criticado pesadamente duas empresas de comunicação, às quais atribui má vontade e má fé ao dar notícias sobre ele (desde a campanha) e seu Governo: a Folha e o Grupo Globo. Mas, na licitação sobre assinaturas, só a Folha foi atingida: O Globo está entre os jornais a ser assinados. O problema é que Bolsonaro é presidente, mas não é o Governo. Por isso pode ter de enfrentar a reação da Folha nos tribunais – não pelo valor que deixa de receber, pequeno diante do seu porte, mas por uma questão de princípio.
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Por Carlos Brickmann. Jornalista. Editor do site Chumbo Gordo. Texto reproduzido em diversos jornais brasileiros.