A menopausa corresponde a uma data retrospectiva marcada pela última menstruação da mulher decorrido um ano, e que pode ocorrer dos 40 até os 60 anos de idade. Tal condição precoce ou Insuficiência Ovariana Precoce (IOP) é caracterizada por mulheres que pararam de menstruar antes dos 40 anos. Já o climatério, que antecede a menopausa, é o momento de prevenção, já que essa fase da vida da mulher pode ser conturbada se não for acompanhada por um ginecologista.
Segundo a NAMS (North American Menopause Society – em português, Sociedade Norte-Americana de Menopausa), calcula-se que, até o ano 2030, cerca de 1 bilhão e 200 milhões de mulheres estejam vivendo a menopausa. De acordo com um relatório da ONU (Organização das Nações Unidas), o planeta ultrapassou a marca de 8 bilhões de habitantes em novembro do ano passado. Já nos EUA, a SHRM (Society for Human Resource Management) revelou que 20% da força de trabalho está vivendo a menopausa.
De acordo com o Ministério da Saúde, tanto a menopausa quanto o climatério devem ser encarados como um processo natural, e não como doença. Em muitas mulheres, esse período pode provocar irregularidades menstruais, menstruações mais escassas e desreguladas, hemorragias, além de ondas de calor (fogachos), alterações no sono, libido e humor, aumento de gordura abdominal, risco cardiovascular e a atrofia (enfraquecimento ou definhamento) dos órgãos genitais.
Para o médico ginecologista Dr. Rafael Lazarotto as campanhas sobre a saúde da mulher no climatério e na menopausa são muito escassas. “Nós que cuidamos da saúde dessa mulher não fazemos educação em saúde de forma efetiva”, aponta. Ele comenta que devido a essa falta de orientação os ginecologistas deixam as pacientes com todos os desconfortos e desprazeres que são passíveis de melhora.
Isso porque, de acordo com o Dr. Lazarotto, as mulheres que ele atende na menopausa na pós-menopausa o procuram porque estão, na maioria das vezes, com uma má qualidade de vida. As respostas dadas em relação ao porquê de não procurar antes o cuidado com a menopausa são, quase sempre, a seguinte: “Meu médico disse que eu precisaria procurar somente depois que parasse de menstruar ou se eu tivesse calorões”.
A importância do equilíbrio hormonal
O artigo “Women Have Been Misled About Menopause (As mulheres foram enganadas sobre a menopausa, em português)” da jornalista Susan Dominus, publicado no The News York Times, mostrou histórias de mulheres na casa dos 50 anos que perceberam alguns sintomas da menopausa e resolveram procurar especialistas mais atualizados no assunto. No Brasil, a atriz Cláudia Raia surpreendeu todo o país ao engravidar aos 55 anos, em um vídeo publicado na página Quebrando o Tabu no TikTok.
A artista comentou que os médicos falam sobre puberdade, menstruação, gravidez, mas não falam sobre a menopausa. “A mulher acaba assimilando que ela não serve mais para nada, mudança do humor, que a mulher se sente confusa, depressiva, com ‘calorões’ que acabam com ela, que não tem mais ânimo e que briga com o marido”. Ela pediu para que as mulheres cobrem informações a respeito da menopausa de seus ginecologistas e que conversem mais umas com as outras.
De acordo com o Dr. Lazarotto, a mulher desde a vida intrauterina (na barriga da mãe) já vem perdendo folículos ovarianos, que são importantes no equilíbrio. “Isso demonstra que a cada mês que se passa mais folículos são perdidos até chegar na menopausa e onde já foi esgotada a produção hormonal ovariana o que pode resultar em experiências desagradáveis”, ressalta.
Ele questiona o porquê de não iniciar precocemente e entender as mudanças que o corpo vem expressando e procurar um equilíbrio dos hormônios. “Obviamente que nem tudo se resume à reposição hormonal, mas existem pilares importantes para que o corpo possa organizar esse equilíbrio de uma forma orquestrada”, explica o ginecologista. Segundo ele, é fundamental que exista uma prática de exercícios físicos regulares, uma alimentação saudável, gerenciar o estresse, ter uma boa qualidade de sono e higiene mental.
Um terço da vida vivendo na menopausa
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Uma pessoa nascida no Brasil em 2019 tinha expectativa de viver, em média, até os 76,6 anos. Em relação ao ano anterior, os homens passaram de 72,8 para 73,1 anos e a das mulheres foi de 79,9 para 80,1 anos. Com esse aumento, as mulheres podem passar mais de um terço da sua vida na menopausa.
O Dr. Rafael Lazarotto diz que as mulheres precisam assumir o protagonismo da escolha como querem viver. “Ou escolhe a vida mais difícil, sem hormônios, cansada, com falta de libido, com calores, ressecamento vaginal, aumento de peso, riscos de hipertensão, diabetes, osteoporose, ou opta pela via mais saudável iniciando pelos pilares de qualidade de vida e repondo os hormônios que lhe faltam”.
O Ministério da Saúde recomenda, que mesmo após a menopausa, a mulher deve manter o acompanhamento ginecológico regularmente, evitar ganhar peso, encontrar tempo para a prática diária de atividade física, controlar a pressão arterial, prevenir a osteoporose, doenças cardiovasculares e atenuar as alterações do humor. Vale ressaltar também que somente médicos especialistas, como ginecologistas, podem prescrever medicamentos e tratamentos, e que cada paciente possui a sua individualidade.
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