Na tarde terça-feira, 7, a revista Claudia realizou o evento “Mulheres na Mídia”, que reuniu representantes da imprensa, da publicidade e convidadas de outros mercados. Em seu primeiro painel, a editora de atualidades da publicação, Patrícia Zaidan, recebeu as jornalistas Malu Gaspar, repórter da revista Piauí, Sheila Magalhães, editora-executiva da BandNews FM, e Thaís Oyama, redatora-chefe de Veja, para falar sobre o papel da mulher e sua representatividade no mercado de notícias.
Especialista na cobertura de economia e negócios, Malu declarou que, embora no dia a dia as mulheres disputem os furos e estejam nas páginas de opinião, elas não são educadas para pedir aumento de salário de forma enfática, como os homens costumam fazer. “Existe mesmo diferença de comportamento na hora de você se posicionar, de poder provar que você realmente cumpre suas metas, que você faz o seu trabalho com mérito e que você merece um aumento. Existe um comportamento tímido da mulher na hora de pedir uma promoção e isso é herança da nossa formação”.
As redações brasileiras são 64% formadas por mulheres, segundo a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), mas essa parcela corresponde aos salários mais baixos. Malu destaca que as mulheres são valoradas de forma inferior aos homens, mas aos poucos estão tomando lugar de destaque em determinadas áreas.
Falando em posição de destaque, o rádio foi representando pela jornalista Sheila Magalhães. Âncora na emissora desde 2006, a profissional afirma que as mulheres são minoria no microfone e, mais especificamente, a opinião também é majoritariamente e predominantemente masculina.
“Hoje, as redações de forma geral têm um número de mulheres maior do que foi no passado. Quando a gente fala do mercado de rádio, não podemos só olhar para o rádio de São Paulo e do Rio de Janeiro e de Brasília. Viajar para uma rádio em Rondônia ou Roraima é ver como os homens de fato ainda dominam o mercado”, disse a profissional.
Como os veículos estão realizando a cobertura das reivindicações femininas e do movimento feminista? A preocupação que está muito presente na rua e das redes sociais está chegando de forma efetiva às pautas desenvolvidas nas redações?
Redatora-chefe da Veja, Thaís Oyama afirmou que na redação da revista não existe nenhuma orientação especial no sentido de olhar o que as mulheres estão pedindo. “Existe essa orientação genérica que orienta o jornalismo, de ver o que é notícia e o que está acontecendo de relevante no momento. Se esse fato relevante diz respeito ás mulheres, nós vamos atrás delas. O que determina a pauta da Veja e dos veículos de hard news em geral, é a temperatura da notícia”, disse.
Sheila declarou que na redação da BandNews FM o que determina a força do noticiário, a escolha de uma pauta, não diz respeito tanto ao gênero, mas sim à relevância jornalística, a avaliação que se faz no veículo a partir de seus critérios editoriais estabelecidos, além daquilo que define o seu público.
“Na escolha da pauta, o gênero não deveria se sobrepor ao fato jornalístico, a relevância jornalística. Quer dizer, não vamos falar deste assunto porque supostamente interessa às mulheres. O tratamento do ouvinte deve ser como um público heterogêneo. Mas acho que diz muito respeito a linguagem, a forma de abordagem, ao recorte que se dá. Isso sim, no noticiário, pode ser mais bem trabalhado”, disse a editora-executiva da BandNews FM.
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