As mulheres representam metade da população mundial e são maioria no Brasil. De acordo com os dados da PNAD Contínua, 51,1% da população brasileira é composta por elas. Diante da lógica matemática, é importante que essas profissionais tenham representação adequada em todos os setores da sociedade, incluindo o mercado de tecnologia da informação que conta com baixos índices de participação feminina.
Andrea Rivetti, presidente e fundadora da Arklok, uma das maiores empresas de outsourcing de infraestrutura de TI do Brasil, idealizou a companhia com apenas 23 anos. Com pouca idade e pouca representatividade de mulheres no setor, enfrentou diversos obstáculos para ser levada a sério entre empresários e investidores da área.
‘’No início da minha trajetória eu precisei ser acompanhada por homens em reuniões de negócios, por exemplo. Infelizmente, ter uma figura masculina ao meu lado durante as reuniões transmitia mais confiabilidade para os clientes, empresários e investidores. Com o tempo, fui conquistando meu espaço próprio, mas não foi fácil’’, explica a empresária.
Em 2020, a participação feminina no setor de TI no Brasil era de 20,3%, representando um aumento de 2,5 pontos percentuais em relação a 2018, quando era de 17,8%. A projeção da Brasscom é que a representatividade feminina continue a crescer nos próximos anos, chegando a 23% em 2025.
‘’Com certeza, o mercado evoluiu e está muito mais aberto para as mulheres. Inclusive, prioriza a participação feminina na área de tecnologia. Entretanto, a baixa participação das do público feminino nesse setor durante um longo período trouxe alguns prejuízos sociais para a área, já que muitas mulheres ainda acreditam que o mercado de tecnologia não é para elas’’, ressalta Rivetti.
Com uma mulher à frente da empresa, a Arklok cresceu priorizando a contratação feminina para cargos de alta liderança, além de estimular a participação de mulheres nos setores técnicos. Com um índice nacional de 20,3% de participação feminina na área de TI, a empresa conta com 37% dos cargos de liderança ocupados por mulheres e 34% das contratações totais femininas.
‘’Esperamos ter percentuais maiores da participação feminina na Arklok. Ainda que, a empresa conte com um recorte de contratação superior ao índice nacional, adoraríamos chegar mais perto da equiparação de gênero na participação. No entanto, para isso acontecer precisamos também que mais mulheres se interessem pelo mercado de tecnologia’’, ressalta a presidente.
De acordo com a pesquisa “Mulheres na Tecnologia”, realizada pela consultoria McKinsey, as profissionais ocupam apenas 22% dos cargos de liderança na indústria. Apesar do progresso, a participação das mulheres no mercado de TI no Brasil ainda é baixa em comparação a outros países.
‘’A trajetória da mulher no mercado de trabalho é repleta de muita resistência e luta pelo pertencimento. É gratificante ver mulheres em altos cargos, inovando e construindo seu próprio espaço na área, assim como eu fiz. No entanto, é preciso que muitas meninas e mulheres entendam que tecnologia é sim ‘coisa de mulher’. Espero que nos próximos anos mais e mais mulheres decidam ingressar nessa área’’, finaliza a presidente.