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Mulheres são maioria na produção intelectual e no ativismo

As mulheres aparecem cada vez com mais destaque em pesquisas que analisam a produção intelectual no Brasil. Elas são a maioria nas universidades brasileiras, as que mais leem e as que mais produzem artigos científicos. De acordo com pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada), as mulheres também ocupam 59% do mercado de trabalho e a tendência é de que o percentual siga crescendo pelos próximos anos.

O estudo Brasil em 2035: tendências e incertezas para a área social” aponta que um dos motivos é o aumento da participação feminina nos cursos de nível superior. Além disso, outras mudanças sociais, como a queda da taxa de fecundidade e transformações nos arranjos familiares, ajudam a explicar a crescente presença das mulheres no mercado de trabalho.

São elas que também estão à frente da maioria dos domicílios brasileiros. Segundo o Ipea, as mulheres sustentam 45% dos lares no Brasil, ocupando o papel de provedora da casa e responsável financeira pelos filhos.

Essa configuração se repete no ativismo, realidade que ficou evidente durante a pandemia. Iniciativas sociais lideradas por mulheres foram rápidas, criativas e eficientes na hora de reagir aos desafios impostos pelo período. Os dados foram revelados pela pesquisa “Ativismo e Pandemia no Brasil”, realizada pelo ELAS+ Doar para Transformar. O estudo também demonstra que 73% das organizações pesquisadas são lideradas por mulheres negras e 44% são mulheres LBTs.

Desafios

O fato de serem protagonistas nos cursos de graduação, na gestão das casas e de projetos sociais não quer dizer que as mulheres estejam à frente quando o assunto é salário ou acesso a recursos. Levantamento do IBGE mostrou que a diferença de remuneração entre homens e mulheres chegou a 22% no fim de 2022. A disparidade também é uma realidade na filantropia.

A diretora-geral do ELAS+, Amalia Fischer, lembra que projetos sociais liderados por mulheres sempre esbarram em diversos obstáculos. Idealizadora do primeiro fundo brasileiro dedicado exclusivamente às causas das mulheres e de pessoas trans, ela diz que o cenário ainda é instável. “As iniciativas dos movimentos de mulheres precisam ter mais segurança e estabilidade na execução dos projetos, por isso é tão importante garantir recursos. A mobilização das organizações é constante, e poucas vezes elas têm acesso ao apoio necessário para poder se dedicar em tempo integral, por exemplo, e assim aumentar a ocupação dos espaços políticos e de decisão’’, avalia.

Mulheres em Movimento

Para discutir esses e outros assuntos referentes aos ativismos, o ELAS+ realiza todos os anos o Diálogo Mulheres em Movimento, um evento que reúne mulheres e pessoas trans de todas as regiões do país. São iniciativas que atuam por justiça social, justiça ambiental, democracia, equidade de gênero, equidade racial, direito à vida e direito à felicidade. Fundos, organizações parceiras e financiadores também são convidados para ver de perto o trabalho de transformação social que o movimento de mulheres está realizando, e como os recursos doados são fundamentais para o seguimento dos projetos.

O encontro deste ano durou quatro dias e aconteceu no Rio de Janeiro, com cerca de 300 ativistas. Temas como mudança climática, defesa da democracia, economia do cuidado, luta antirracista, justiça econômica e ativismo LGBTQIAPN+ estiveram no centro do debate. A discussão serve para direcionar os próximos passos em prol dos direitos das mulheres e para construir uma narrativa unificada de mobilização. “O Diálogo permite que a sociedade escute quem está nos territórios e conhece como ninguém as demandas de suas comunidades: as iniciativas sociais. Além de ser uma oportunidade de criação de novas redes e de fortalecimento dos movimentos de mulheres”, explica a fundadora do ELAS+.

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